Por Marcos Ferreira
No coração da noite segue uma tristeza
Com passos muito lentos e desmotivados,
Enquanto novamente a solidão retesa
A corda no pescoço dos abandonados.
Porém, no meu silêncio, com a luz acesa,
Eu vejo a roda-viva dos sonhos alados
Girando e espatifando toda natureza
De santos e demônios por todos os lados.
Também eu sei da vida azul dos vaga-lumes
Com suas lanterninhas, loucos de ciúmes
Da Lua sonolenta, que nunca se importa.
E tarde, na penumbra, junto à minha cama,
Reparo que um fantasma de mulher me chama
Ao reino vaporoso de uma deusa morta.
Marcos Ferreira é escritor
*Soneto originalmente publicado no livro “A hora azul do silêncio” do próprio autor.