Poucas são as pessoas (pouquíssimas!) que demonstrarão qualquer concordância com o meu modo de ver esse tipo de coisa. É claro que eu sou um sujeito fora do comum. Quando digo fora do comum estou querendo dizer especificamente que sou alguém incompatível com determinados furdunços sociais, que não me enquadro por completo na vida em rebanho, que não sigo a manada às cegas.
Tenho consciência, porém, de que existem vários pontos positivos no que diz respeito a uma porção de festejos. Alguns têm tradição e datas consolidadas, compõem o calendário brasileiro. Outros, denominados como fora de época, eu classifico entre os piores. No fim das contas, todos são eventos que promovem o desbunde da classe baluda e também daquela gente que se julga remediada, mas que se estrepa no cartão de crédito para marcar presença na folia, não ficar de fora da festa. Não importa que depois tenha que lidar com a ressaca, sobretudo, financeira.
Um exemplo desse meu desinteresse se reflete em algo que virá em pouco tempo. Grande número de indivíduos espera ansioso por isso. Não é o Natal nem o ano-novo. Sim, ele está vindo. É imparável. Mesmo durante o mais sombrio e devastador momento da pandemia, muitos miolos moles torciam para que o monstro apoteótico fosse realizado. Eu não nego que temi que isso pudesse acontecer.
O Natal e o ano-novo virão antes, não resta dúvida, todavia já é possível escutarmos e vermos os primeiros sinais da bulha que chegará atropelando tudo. É uma pândega, paixão nacional que, ao menos em sua época, supera o futebol. Brevemente o marketing (essa máquina de adestrar humanos) entrará com força total para fazer a cabeça dos brincantes.
É verdade que certos propagandistas exibirão aquele alerta fugacíssimo: beba com moderação. Mas tal “conselho”, falado ou mostrado em letras minúsculas abaixo dos informes, possui a duração de um piscar de olhos.
Ao fim e ao cabo, portanto, a tribuzana vai amontoar bêbado sobre bêbado. Alguns visitarão hospitais e até necrotérios. Mas isso é bobagem, faz parte do legítimo direito das pessoas de se esbaldarem e morrerem de alegria.
Marcos Ferreira é escritor