Desde há muito (em sua quase totalidade) que os jornais morreram, bateram a caçoleta, deram o último suspiro. As revistas, também. Ao menos os veículos impressos. Aqui e ali, no entanto, um ou outro estrebucha, persevera, nega-se a jogar a toalha, fechar as portas. Algo louvável, contudo embalde. A debacle não faz acordo, não parcela dívidas, não perdoa as rescisões trabalhistas que não foram honradas.
Então a mídia física arqueja, vai caindo uma após a outra como moscas de tinta e celulose. O rolo compressor dos sites, portais e blogues é duro, imparável. Mas isso é notícia velha, com cheiro de mofo e naftalina. Não é possível corrigir, reeditar o tempo.
O mundo sabe bem que a era do papel, em se tratando de informação, perdeu o seu reinado, chegou ao fim. Exatamente. Um buraco negro se abriu sob os pés das redações e tragou todo um universo de história e progresso. O que outrora era solidez, futuro, de repente se transformou em velharias.
O império ruiu, acabou-se, foi engolido pela modernidade e tecnologia. Até o livro físico está ameaçado. Livrarias emblemáticas, importantes, tradicionais, estão falindo em toda parte.
Ao longo da corrente “internética” foi arrastada a fina e simpática categoria dos colunistas sociais. Sim, o glamour também sucumbiu entre as engrenagens das rotativas. Hoje, para o bem ou para o mal, cada indivíduo é dono de sua própria coluna e expositor de caras e bocas, ideias e babados.
Perdemos (quase por inteiro) a elegância, a finesse desses informantes das boas-novas, divulgadores do sucesso e pujança alheios. Já ninguém procura fulano ou beltrano para se informar da vida luxuosa, endinheirada e chique dos colunáveis. Porque todos os assuntos, rostinhos e sorrisos se transferiram para as vitrines das redes. Fato definitivo, irreversível.
Sou mais um que se adaptou. Pulei de ponta-cabeça nas águas da blogosfera. Saí de uma barulhenta máquina de escrever para um notebook que ora está com quinze aninhos, caducando, com velocidade e jeitão de jabuti. Possuo minhas contas no Facebook e Instagram e me considero um elemento em sintonia com os tempos modernos, embora ainda saudoso dos jornais e revistas que a gente buscava nas bancas. Águas passadas. Agora espero somente pelo link desta crônica.
Marcos Ferreira é escritor