segunda-feira - 20/07/2020 - 18:53h
Boletim

RN tem 1.585 óbitos por Covid-19, mas apenas 4 em 24h

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (SESAP) divulga o mais recente boletim sobre a Covid-19 no RN. São 4 óbitos confirmados do total de 1.585, nas últimas 24 horas.Veja boxe acima com resumo.

Em termos de óbitos, Natal chegou a 666 e Mossoró soma 164. Parnamirim tem 115.

Areia Branca segue com a maior média por 100 mil habitantes, com 47 vítimas fatais. Mas numericamente, São Gonçalo do Amarante chegeou a 58. Também destaque negativo para Assu, com 36, além de Macaíba com 34 e Ceará-Mirim com 31.

Leitos

A sub-coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Alessandra Lucchesi, apresentou a atualização dos dados da Covid-19. Nesta segunda-feira a taxa geral de ocupação de leitos é de 88%. Estavam internados em leitos críticos 282 pacientes e havia 280 em leitos clínicos.

A regulação tinha 6 pacientes para leitos críticos, 7 para leitos clínicos e 20 aguardando transporte sanitário.

Na região Oeste a ocupação de leitos é de 83,3 %, na Metropolitana de Natal de 93%, no Mato Grande de 25%, Pau dos Ferros chega a 60% e no Seridó, 86%.

Os casos confirmados são 43.957, suspeitos 55.704, descartados 68.806, óbitos confirmados 1.585 (4 nas últimas 24 horas) e há 205 óbitos em investigação.

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Categoria(s): Saúde
segunda-feira - 20/07/2020 - 18:20h
Aos Vivos!

Soraya Vieira é nossa convidada especial hoje, às 21h

No projeto Carlos Santos – AOS VIVOS!, que apresentamos às segundas-feiras, às 21h, hoje (dia 20) recebemos a educadora e colunista Soraya Vieira, em nosso endereço no Instagram – www.instagram.com/blogcarlossantos

Acesse e participe.

Até lá!

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segunda-feira - 20/07/2020 - 17:28h
'Pandemia'

Prefeito apela à compreensão após vídeos com praias lotadas

Imagens de praias lotadas, aglomerações humanas e pessoas sem uso de equipamentos de proteção individual contra a Covid-19, em Natal, nesse último fim de semana, levam prefeito Álvaro Dias (PSDB) a apelar.

Em vídeo, ele pondera que não há como ter resultado satisfatório contra o novo vírus, sem apoio e compreensão da sociedade.

Veja abaixo, um dos vídeos sobre fim de semana em Ponta Negra:

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segunda-feira - 20/07/2020 - 16:00h
Governismo

Grupo não chega a consenso para ter sua chapa à prefeitura

Desistência de projeto de reeleição do prefeito assuense Gustavo Soares coloca seu grupo em impasse

A saída da disputa sucessória municipal em Assu de quem era visto como favorito, o próprio prefeito Gustavo Soares (PL), causa um redemoinho no grupo governista, até o momento. Não há consenso à sua substituição.

Fabiele, Luiz Eduardo e Sandra estão no páreo para escolha que não tem qualquer definição ainda (Fotos: Web e Jean Lopes)

Na oposição, também não existe calmaria. Há atenção redobrada para se tirar proveito dessa tensão adversária.

Quando anunciou que sairia da vida partidária para priorizar sua carreira como médico, logo que escapou da Covid-19, Gustavo deixou para trás um sério problema pro seu sistema político. A estimativa do deputado estadual e seu irmão, George Soares (PL), era de que em 15 dias no máximo (veja AQUI) tudo estaria reordenado, com definição do cabeça de chapa.

De lá para cá o cenário é bem diferente. Estica-se a corda e ela pode se esgarçar além do esperado, criando fracionamento no governismo, que está nitidamente dividido e subdividido. Diz-se que do próximo dia 25 não passa. Nascerá o nome a prefeito.

Na disputa está, por exemplo, Luiz Eduardo Soares (PL), o “Lula”, filho do ex-prefeito Lourinaldo Soares, e primo do atual prefeito Gustavo Soares e do deputado George Soares.

A vereadora Fabielle Bezerra (PL), embora eleita em 2016 como a mais votada pelo grupo do então prefeito Ivan Junior (hoje no Republicanos), passou à base de sustentação do atual prefeito, onde está até hoje. A vereadora tem a simpatia do líder do Governo na Câmara Municipal, Wedson Nazareno (PL), e de outros parlamentares. Assistente social, ela avança com movimentação diferenciada nas redes sociais.

Muitas dúvidas e o eco dos “Soares-raiz”

A vice-prefeita Sandra Alves (MDB) parecia praticamente fora do jogo. Assumiu interinamente a prefeitura no período de instabilidade na saúde de Gustavo Soares, e aí retomou fôlego. Voltou ao tabuleiro.

Núcleo solta "Volta, doutor": Gustavo e George (Foto: Web)

Presidente do MDB local, marido de Sandra, Élder Alves e outros próceres partidários têm balão de ensaio com a chapa pronta: Sandra Alves-Luiz Eduardo. Ou seja, os Soares – que recuperaram a prefeitura das mãos do ex-aliado Ivan Júnior – ficariam com o posto de vice.

Em meio a tantas dúvidas e interesses que se conflitam no governismo, há ainda uma corrente de pensamento que sonha com uma reversão na postura adotada pelo prefeito Gustavo Soares. Apela para o retorno de quem não quer voltar.

Impossível, não. Porém, pouco provável que o prefeito reveja o que tomou como algo irremovível em meio à doença que quase ceifa sua vida. O lema “volta, doutor” não decolou, mas é entoado pelo núcleo fechado do esquema que está no poder, conhecido como os “Soares-raiz”.

* Depois postaremos matéria especial falando de bastidores da oposição.

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segunda-feira - 20/07/2020 - 15:04h
Eleições 2020

Ex-vereador com atuação na saúde é pré-candidato a prefeito

Raimundo já lançou seu nome (Reprodução: redes sociais)

A sucessão municipal em Macau terá mais um nome à disputa.

Raimundo Nonato da Silva, o “Raimundo da Casa de Saúde”, 68, é pré-candidato a prefeito pela legenda do Republicanos, entrando como concorrente no campo da oposição.

Servidor da Saúde do RN, Raimundo já foi vereador no município por quatro mandatos, o último entre 2001 e 2004.

Ex-secretário municipal adjunto e também titular da Saúde, além de outros cargos no setor, Raimundo da Casa de Saúde também foi superintendente da Fundação Antônio Ferraz, responsável pelo hospital do mesmo nome no município.

A disputa municipal tem o nome certo do atual prefeito Túlio Lemos (PSD). Faz-se burburinho com possibilidade do ex-prefeito José Antônio Menezes Souza também aparecer no páreo.

O empresário Gilmar Cruz (DC) já andou declarando em redes sociais que vai à luta também.

O PSB tem o jovem Lenilson Ramos também sinalizando que vai ser candidato a prefeito.

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segunda-feira - 20/07/2020 - 13:10h
Hoje

Morre em Natal o mossoroense Ricardo Pinto

Faleceu à madrugada de hoje em Natal, aos 65 anos, Ricardo Pinto.

Ricardo: 65 anos (Foto: Web)

Era o filho primogênito do casal empresário Hugo Pinto (já falecido)-dona Terezinha Pinto.

Tinha câncer no pâncreas.

Sepultamento no Morada da Paz (Emaús-Parnamirim) ocorreu no fim da manhã dessa segunda-feira (20), às 11h, após missa de corpo presente.

Nossa solidariedade à esposa, filhos, irmãos, mãe e demais familiares e amigos.

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segunda-feira - 20/07/2020 - 09:36h
Mercado Público

Testagem mostra que 33% de examinados têm novo vírus

A Prefeitura Municipal de Baraúna, a 32 quilômetros de Mossoró, fez testagem rápida no Mercado Público nesse domingo (19), para identificar incidência da pandemia no local e município.

O resultado diz muito da expansão da Covid-19.

Das 100 pessoas testadas, 33 (33%) apresentaram carga viral.

Município até ontem computava 331 casos confirmados e 11 óbitos.

As pessoas identificadas com a doença receberam um kit de medicamentos, orientações e EPI’s. Além disso, passaram a ter monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde

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segunda-feira - 20/07/2020 - 08:20h
Veja

Tibau desafia Covid-19 com festa

Com paredões de som, muita gente aglomerada, manguaça e sem qualquer proteção (como uso de máscaras), dezenas de pessoas fizeram festa na cidade-praia de Tibau (42km de Mossoró e 337 de Natal) nesse fim de semana.

Tiraram o atrasado das restrições impostas para prevenção à Covid-19.

Ninguém se preocupa com eventual falta de leitos de UTI, desemprego crescente, possibilidade de contaminar parentes em casa e no trabalho (quem trabalha, claro).

Vale mesmo viver como se não houvesse o amanhã.

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domingo - 19/07/2020 - 23:56h

Pensando bem…

“O fato de muitos políticos de carreira serem mentirosos descarados e compulsivos não é apenas uma característica inerente à classe política; é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos demagogos podem satisfazê-las.”

Thomas Sowell

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domingo - 19/07/2020 - 23:54h
O "General"

Expedicionário da 2ª Guerra Mundial morre com Covid-19

Alcindo e os filhos em agosto de 2019 (Foto: de família)

Faleceu nesse domingo (19), no Hospital Rio Grande em Natal, o ex-combatente Alcindo Arnaldo da Silva, 94. Estava há cerca de 15 dias internado, mas não resistiu às consequências provocadas pela Covid-19.

O “general”, como era carinhosamente chamado pelos familiares e amigos mais próximos, completou 94 anos justamente ontem (sábado, 18).

Era natural de Jucuturu e esteve participando ativamente da Segunda Guerra Mundial na Europa, como voluntário da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Era o último dos 16 filhos de sua raiz familiar

Nota do Blog – Nossa solidariedade a seus familiares, entre eles os filhos Aldemar, Alcimar, Fátima e Geruza de Almeida.

Que o general tenha o merecido descanso depois de tantas batalhas.

Amém!

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  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
domingo - 19/07/2020 - 23:32h
'Pandemia'

Em Ponta Negra, multidão ignora a Covid-19

Na praia de Ponta Negra em Natal, cartão postal do turismo potiguar, o domingão – 19 de julho de 2020 – foi assim.

Tudo indica que a pandemia da Covid-19 já foi resolvida.

Pelo menos em Ponta Negra, a cura chegou antes.

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Categoria(s): Gerais / Saúde
domingo - 19/07/2020 - 22:50h
BR-304

Empresário morre em acidente em Complexo Viário

Nunes: morte no local (Foto: Web)

Do Blog Fim da Linha

Dois ciclistas foram atropelados à tarde desse domingo (19) na BR-304, no trecho conhecido como Complexo Viário da Abolição, em Mossoró, próximo à base da Petrobras.

O acidente teria ocorrido por volta de 15h.

Houve uma vitima fatal, identificada como Laís Nunes, empresário e um dos donos do Supermercado São Luiz, localizado no Planalto 13 de Maio.

Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que isolou o local do acidente, Lais pedalava sua bicicleta em companhia de uma mulher, sentido Bom Jesus-Sumaré, quando ambos foram atropelados por um carro que seguia no mesmo sentido.

Atendimento

Os dois foram pegos por trás, sendo que Lais não resistiu a gravidade dos ferimentos e morreu na hora. Já a mulher que pedalava com ele, recebeu atendimento do SAMU foi encaminhada ao Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM).

Até o momento não há informações oficiais sobre as causas do acidente. As informações preliminares da PRF são de que as vítimas teriam sido atropeladas no acostamento da rodovia.

O veículo atropelador, um Fiat Argo de cor branca, com placas QWX 7787 Mossoró, ficou no local e com a frente bastante avariada, enquanto que o motorista que trabalha como Uber, saiu do local e se apresentou na Delegacia de Plantão da Polícia Civil. Responderá a inquérito em liberdade.

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  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
domingo - 19/07/2020 - 21:40h
Luto

Seridó perde Ciduca Barros e Aparecida para a Covid-19

Faleceu à madrugada desse domingo (19) em Caicó o bancário aposentado do Banco do Brasil e escritor Francisco de Assis Barros, o “Ciduca Barros”. Dois dias antes, tinha sido a sua mulher, Aparecida Barros, com a mesma doença.

Aparecida e Ciduca: perdas (Foto: Facebook)

O casal deixa muitos amigos e familiares em prantos, gente além dos limites dessa região seridoense.

Moravam em Natal e foram internados há cerca de duas semanas, com sintomas desse novo vírus.

Mas não resistiram à moléstia.

“Era um casal muito querido, gente boa demais. Meus amigos”, define o radialista Pituleira em conversa com o Blog Carlos Santos.

Que descansem em paz.

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Categoria(s): Gerais
domingo - 19/07/2020 - 20:10h
Domingo, 19

Após “dias difíceis” com Covid-19, padre Flávio volta

Padre Flávio: gratidão (reprodução BSV)

Do Blog Saulo Vale

Vigário-geral da Diocese de Santa Luzia de Mossoró, o padre Flávio Augusto Forte Melo voltou neste domingo (19) a participar da tradicional Missa Pela Saúde, após ser curado da Covid-19.

A missa, transmitida online, foi presidida pelo bispo diocesano Dom Mariano Manzana.

“Alguns dias foram muito difíceis. Os sintomas [do coronavírus] vão se agravando e a gente vai sentindo as dificuldades. Agradeço a Deus a minha cura e a todos que rezaram por mim”, afirmou.

Padre Flávio passou 21 dias em isolamento, sob acompanhamento do médico infectologista Fabiano Maximino. Não foi hospitalizado, mas teve sintomas como dor de cabeça, febre, tosse, fadiga, falta de olfato e paladar, além de náuseas.

“O isolamento faz com que a gente se sinta muito só e abandonado por todos, mas eu tinha a certeza que tinha muita gente rezando por mim e que Deus estava à frente. Peço que todos mantenham as precauções, como lavar sempre as mãos e usar máscaras”, destacou.O pároco se solidarizou ainda com vítimas da pandemia.

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Categoria(s): Gerais
  • San Valle Rodape GIF
domingo - 19/07/2020 - 15:44h
Proposta

Centrais do Cidadão devem facilitar ‘Passe Livre’

Sandro: Passe Livre (Foto: arquivo)

Com o objetivo de facilitar o acesso às carteiras do “Passe Livre”, o deputado Sandro Pimentel (Psol) protocolou requerimento solicitando ao Departamento de Estradas e Rodagem – DER, que providencie a confecção das carteiras do “Passe Livre” nas Centrais do Cidadão.

“O Passe Livre foi criado para garantir às pessoas de baixa renda e com deficiência a gratuidade no transporte público interestadual, logo, limitar essas pessoas a confecção de suas carteiras credenciais apenas na sede do DER, as obriga a se deslocar de suas residências, muitas vezes sem ter condições financeiras para isso”, justifica o parlamentar.

Para Sandro, é essencial que essa confecção seja feita em todas as Centrais do Cidadão, para evitar o deslocamento dessas pessoas, tornando mais prático e cômodo para os que utilizam o programa.

Com informações da Assembleia Legislativa do RN

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Categoria(s): Política
domingo - 19/07/2020 - 11:38h

As cidades têm capacidade de oferecer algo a todos

Por Zildenice Guedes

Qual a importância de espaços públicos para as cidades? O que podemos entender como espaços públicos? Os espaços públicos podem se configurar como representativos do tipo de vida que há na cidade? São essas e muitas outras perguntas que norteiam e embasam a discussão que proponho através desse artigo.

A leitura que trago da cidade é o lugar do encontro, como já falei nos artigos anteriores. A expressão de vida nas cidades é identificada através das suas ruas e dos seus bairros. Esses são a maior expressão do tecido social que compõem o espaço urbano. Este artigo tem como referência a obra Morte e vida nas grandes cidades, da autora Jane Jacobs (2011).

A compreensão que temos dos espaços públicos são as ruas, as praças, os parques, as igrejas, as bibliotecas, mercados, feiras, museus, e muitos outros. Os espaços públicos urbanos numa visão de interesse público constituem elementos de desenho urbano decisivos para a produção da cidade na medida em que é nestes espaços que se manifesta a vida e animação urbana e onde se processa grande parte da socialização dos seus utilizadores.

Uma vez que reconhecemos o potencial dos espaços públicos para a dinamização da vida urbana, é importante ressaltar que falamos de espaços verdes, bibliotecas, museus, teatros, espaços desportivos, áreas para lazer e estímulo a atividades recreativas como pintura e diversas expressões de arte.

E por que precisamos de uma cidade com espaços públicos vivos e eficientes para a população? Quando a cidade dispõe de equipamentos urbanos as crianças são favorecidas com locais para brincar, aprender e interagir. Os idosos que são fundamentais para a formação dos jovens e crianças se sentem também acolhidos e importantes para esses espaços e esses momentos. E esses locais precisam ser perto das suas casas, não faz sentido disponibilizar opções de lazer e sociabilidade para as pessoas em regiões ou bairros distantes de seus locais de moradia e pertencimento. Em todo momento, o que a autora quer nos dizer é que há uma vida pulsante na cidade que é composta pelas pessoas, são os laços humanos que vitalizam as estruturas físicas.

E esses espaços públicos precisam ser propostos em uma lógica inversa. Não são eles que conferem vida e representação aos bairros e a cidade, é o contrário, são as pessoas que dotam essas áreas de vida pulsante. Trata-se assim de pensar na cidade em sua combinação de usos e não usos separados, como afirma Jacobs:

A principal responsabilidade do urbanismo e do planejamento urbano é desenvolver – na medida em que a política e a ação pública o permitam – cidades que sejam um lugar conveniente para que essa grande variedade de planos, ideias e oportunidades extra-oficiais floresça, juntamente com o florescimento dos empreendimentos públicos. (JACOBS, 2011, p.166).

O planejamento e acesso a espaços públicos pode ainda ser considerado um indicador dos valores democráticos que há nessa sociedade. Ou seja, quanto mais diversificados, vivos, expressivos forem os esses locais, mais representativos da sua população eles serão. Ou seja, as pessoas estarão nas ruas quando essas forem mais seguras, e essas serão mais seguras com as pessoas presentes, é uma via de mão dupla.

MUITOS DOS PROBLEMAS que são identificados nas cidades, e que percebemos que é uma tendência em outros países do mundo, inclusive no Brasil, está relacionado a um processo de urbanização e planejamento que desconsidera as diversidades na cidade, tais como: vocações e identidades dos bairros, processos de zoneamento (parcelamento do solo urbano) que desapropriam moradores para áreas mais remotas que dentre muitos problemas, ocasiona aumento no processo de periferização e marginalização do espaço urbano, e um elemento importantíssimo, que é quando as ruas passam a ser desocupadas, muitas vezes indicando o quadro de insegurança pública.

E os projetos de moradia em conjuntos habitacionais? Na maioria dos casos o seu insucesso também está relacionado a uma lógica do planejamento urbano que apenas transfere as pessoas para outras áreas que na maioria das vezes não dispõem minimamente de equipamentos públicos essenciais, tais como, creches, escolas, hospitais, transporte público e etc. Ora, estamos falando de pessoas reais e normais que são desalojadas dos seus locais de moradia e pertencimento, e alocadas em áreas muito distantes de seus laços afetivos e a que se sentem pertencer. E os trabalhos e ocupações? Ficam a quilômetros de distância dos seus locais de moradia. Sob esse aspecto, a autora apresenta a fala de uma moradora sobre como se sente em seu novo local de moradia:

Quem foi que pediu o gramado? ” Por fim, certo dia uma moradora mais bem articulada que os outros disse o seguinte: “Ninguém se interessou em saber o que queríamos quando construíram este lugar. Eles demoliram nossas casas e nos puseram aqui e puseram nossos amigos em outro lugar. Perto daqui não há um único lugar para tomar um café, ou comprar um jornal, ou pedir emprestado alguns trocados. Ninguém se importou com o que precisávamos. Mas os poderosos vêm aqui, olham para esse gramado e dizem: ‘Que maravilha! Agora os pobres têm de tudo!'” (JACOBS, 2011, p. 21).

E em nossa cidade? Como estão nossos espaços públicos? O que eles estão dizendo a respeito da nossa vida urbana? No próximo artigo traremos algumas análises, pois entendemos que é a sociabilidade, o prazer de estar com o outro, que estabelece em definitivo a diferença urbana (Jacques Le Goff).

Zildenice Guedes é professora-doutora em Ciências Sociais pela UFRN


[1] JACOBS, J. Morte e vida nas grandes cidades. São Paulo, 2011, p.164.

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domingo - 19/07/2020 - 11:04h

Projeto Umari precisa de apoio para fortalecimento econômico

Por Josivan Barbosa

O Governo do RN precisa de um olhar diferenciado para apoiar o Projeto Umari.

O Projeto Umari disponibilizará água através de três eixo sendo o principal o leito do rio Umari, além de dois outros canais menores; cuja  vazão proposta é de 1,50 m³/segundo permanente de Janeiro a Junho e de 1,50 m³/segundo intermitente de julho a dezembro. A previsão é de que  a água será disponibilizada para uso múltiplo das populações beneficiadas, contribuindo para o desenvolvimento sócio-econômico e ambiental, o que promoverá o fortalecimento das atividades como a fruticultura irrigada, pesca e a pecuária.

O ponto forte Projeto Umari é evidenciado pela disponibilidade de água, diminuições dos custos das atividades e na eficiência dos processos produtivos, além de fortalecer a produção de alimentos, em processos produtivos diversificados, gerando trabalho, renda e emprego às famílias de trabalhadores rurais dos três Municípios.

Umari é um dos reservatórios mais importantes dos recursos hídricos do estado (Foto: Sâmya Alves)

Projeto Umari II

O projeto tem como premissa básica a proposta de integração das bacias do rios Apodi e Umari. A perenização seria feita por gravidade num trecho de cerca de 45 km do Vale do Apodi. A perenização seria formada por canais naturais, através do rio Umari e dois córregos, incrementando a  oferta hídrica a mais de 200  propriedade rurais da agricultura familiar, bem como a garantia e sustentabilidade com perenidade hídrica nos açudes do Apanha Peixe, Carrilho, Pacó e Miradouro que se localizam a meia distância dos municípios de Apodi, Caraúbas e Felipe Guerra.

Projeto Umari III

As entidades representativas da sociedade civil do Vale do Apodi já avançaram muito na articulação política desse projeto, mas ainda, não foi o suficiente para sensibilizar um parlamentar do Estado a colocar uma emenda de Bancada no Orçamento do Estado para a elaboração do projeto básico de engenharia. Sem o projeto de engenharia, não há como avançar. Portanto, esperamos que esta etapa seja objeto de preocupação por ocasião da aprovação do orçamento do Estado para 2021.

As principais entidades envolvidas no projeto são as colônias de pescadores dos três municípios, as associações de agricultores familiares e a Fundação para o Desenvolvimento do Vale do Apodi. O projeto tem recebido atenção de toda a  população do Vale do Apodi.

Frutos temperados

O gerente de fruticultura do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), engenheiro agrônomo Franco Marinho Ramos, com excelente folha de serviços prestados ao desenvolvimento da agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, articulou e trouxe pesquisa com frutos temperados para a microrregião de Apodi através do projeto Fruticultura do qual é gestor.

Outra pesquisa que foi incrementada pelo Sebrae para diversificar a produção de frutas na microrregião foi com a cultura da uva de mesa. A consultoria para a implantação da uva na chapada de Apodi também foi através do projeto Fruticultura do Sebrae.

Iniciado com a consultoria do Dr. Django Dantas (ex-aluno da Ufersa). Atualmente há dois projetos com uva em Apodi em parceria com os produtores Marcio Valdevino e o Sr. Cesar da Germina Agrícola.

A Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) responsável direto pela pesquisa é o Centro Nacional de Pesquisa do Semiárido com sede em Petrolina, cuja proposição inicial era implantar a pesquisa em Mossoró e Apodi.

De acordo com Franco Marinho, há ainda a possibilidade de instalar o projeto também na região de Mossoró.

Em Mossoró (Ufersa) já foram produzidas sob a responsabilidade do pesquisador Vander Mendonça as mudas de pereira (cultivo da pera). Há, também, a possibilidade de instalar áreas de pesquisa com maçã, mirtilo e cacau.

O projeto em nível de Embrapa é coordenado  pelo pesquisador Paulo Roberto Coelho.

Novos caminhos à castanha

Após a ameaça de encerramento da atividade no RN da Usibras (Dunorte) e transferência das instalações para o vizinho Ceará, vem uma boa notícia para os produtores de castanha de caju da nossa região.

Produção industrial tem nova luz (Foto: arquivo)

A Greenlife adquiriu a fábrica de castanha de São Paulo do Potengi que já pertenceu à OLAM Brasil e a Iracema. A empresa fará investimentos da ordem de R$ 33 milhões, movimentando incrementando a cadeia produtiva da cajucultura do Semiárido.

A indústria, que deverá iniciar suas atividades a partir do segundo semestre, terá capacidade de processar 30 toneladas de castanha in natura por dia, totalizando mais de 17 mil toneladas por ano.

RN com nota D

A situação dos regimes de previdência dos servidores públicos de 20 governos estaduais está complicada, sendo que nove deles demonstram de forma mais clara dificuldades para honrar o pagamento de aposentadorias e pensões, por exemplo, caso não sejam implementados ajustes em seus sistemas. Isso é o que mostra o Indicador da Situação Previdenciária de Estados e municípios, divulgado pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

O indicador classifica os regimes de previdência próprio com notas de “A a D”, sendo que uma nota D aponta maior possibilidade de não honrar suas despesas. Como já era de se esperar o nosso RN sem sorte ficou com a letra D.

Agricultura irrigada

Na última quinta-feira tivemos o prazer de ministrar uma palestra para os produtores de melão e melancia que trabalham com a exportação para os mercados do Mercosul, União Européia e Estados Unidos.

O conteúdo da palestra foi disponibilizado para o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX) e qualquer empresa ou grupo de empresas interessados em outra edição da palestra pode nos contactar.

O título da palestra é: Melão: Tecnologia Pós-colheita e Qualidade.

É direcionada para todos os colaboradores envolvidos na cadeia produtiva de frutos tropicais para atender os mercados externo e interno.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo
domingo - 19/07/2020 - 10:18h

Sobre escrever

Por Odemirton Filho

Há mais de 02 (dois) anos escrevo, semanalmente, para o Blog Carlos Santos, ou para o “Nosso Blog”, como carinhosamente chamamos.

Escolher um tema atual, conseguir prender a atenção dos leitores e se fazer entender não é tarefa fácil.

Discorrer sobre diversos assuntos em artigos e crônicas é desafiador. Os temas jurídicos, por exemplo, precisam ser repassados de forma clara, sem o “juridiquês” tão comum nos artigos sobre Direito.De nada adianta um texto incompreensível e extenso. Apesar do discernimento dos leitores, é preciso enxugar o artigo ou a crônica, fazendo-os simples.

Poucos conseguem conciliar objetividade e clareza nas ideias. Para isso é preciso tempo e prática.

Tenho a honra de dividir este espaço com François Silvestre, Honório de Medeiros e o editor deste Blog, Carlos Santos, que conseguem, com precisão, transmitir as suas mensagens.

Sem esquecer, é claro, dos meus professores do curso de Direito, Paulo Linhares e Marcos Araújo. Além dos artigos de Josivan Barbosa, das crônicas de Paulo Menezes e dos textos de colaboradores eventuais. Com todos, sem exceção, aprendo.

Entretanto, faz-me falta os escritos do estimado Inácio Augusto de Almeida que, por motivos pessoais, não escreve mais neste espaço. Recebi valorosos ensinamentos de sua parte, mostrando-me, principalmente, que a beleza do texto está na simplicidade. A ele um agradecimento especial.

Há, ainda, os inúmeros comentários que são importantes para amadurecer o entendimento sobre um determinado assunto, concordando ou não com o que escrevemos, pois, a divergência de ideias, de forma respeitosa, é sempre salutar. Existem aqueles comentaristas que qualificam o texto, como diz, de forma acertada, Honório de Medeiros.

Em um país que a intolerância e o ódio estão a fazer parte do cotidiano é preciso coragem para escrever e expor o que pensamos. Ainda bem que este Blog tem como linha editorial fazer Jornalismo com Opinião (não só do seu editor, mas de todos e qualquer um).

Porém, faltava agradecer a companhia e a paciência dos leitores. Não o fiz antes, mas o faço agora, acompanhado de um singelo pedido de desculpas por eventuais erros e desagrados.

Vamos em frente. Até a próxima, se Deus quiser.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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domingo - 19/07/2020 - 09:30h

Até que a pandemia vos eleja

Por Phabiano Santos

Derna priscas épocas, como diria o mestre Dorian Jorge Freire em seu Cadernos de Domingo, ouço dizer que de barriga de mulher, urna e cabeça de juiz tudo pode vir à luz. A tecnologia derrubou a primeira a primeira das três pilastras da sabedoria popular, as pesquisas de opinião pública e o pragmatismo têm ajudado no desvendar antecipado da segunda e a terceira segue ao sabor das controvérsias. Mas, por obra da natureza, o axioma em torno da urna perdeu forças nos tempos de hoje.

E 2020 vai impor incertezas às suas eleições com o advento da pandemia. O Covid-19 vai marcar o pleito com tamanha imposição que é impossível cravar favoritismos seja qual for o ambiente eleitoral.O Covid-19 mexeu com a técnica e a arte delas.

A partir da mudança do calendário eleitoral, com a PEC 107, quando vai tornar elegível alguns inelegíveis em face da prorrogação. E isso muda a atmosfera, altera o quadro. Eleições em 15 e 29 novembro, e caso o Covid-19 insista em seguir acuando algum município pode o prefeito sugerir ao Congresso Nacional maior prorrogação via Decreto, sendo que o prazo é de 27 de dezembro.

Maior mudança virá do voto do eleitor, impondo aos atores maior cuidado no trato dessa arte. É certo que o humor das pessoas vai ditar o voto e o velho Índice de Satisfação Municipal é um balizador, e um dos vetores é a imagem que pandemia desenhará do gestor municipal.

É possível que as quase 80 mil mortes do Covid-19 repousem no colo dos gestores, em todos os níveis, e isso mudará sensivelmente a avaliação destes. É notório que de alguma forma eles erraram na estratégia de combate à pandemia e abriram as veias do sucateamento na estrutura de saúde, a partir do município.

A falta de investimento, do pessoal aos equipamentos, ficou às claras, discutida em todo grupo social com veemência, justo numa área em que dinheiro não falta. Cada eleitor vai ter uma história para contar em desagrado a alguma morte, seja na família, no ambiente de trabalho, na amizade.

Depois, penso, outros vetores serão muito fortes.

AOS OLHOS DO ELEITOR transitará a tecnologia das plataformas e quem dela melhor utilizar. A construção da identidade do candidato e os meios de comunicar-se apresentando projetos municipais consequentes vão ter grande prevalência. Com ele a atração, o engajamento das pessoas ao projeto e a motivação de leva-lo a urna, uma vez que não será fácil tira-lo de casa, principalmente se não houver vacina nem índice beirando a zero na transmissibilidade do vírus.

A mulher-candidata, com projetos consequentes e de presença política na comunidade, tende a agradar mais a escolha eleitoral. Sensível, tende a ser mais confiável, afinal simboliza os cuidados com a criação a partir da maternidade como mister de comportamento. Se há problema na saúde a mulher zela mais eficiente. O exemplo está dentro de casa.

O voto tenderá a ser mais racional. O voto emocional, que tem marcado as eleições brasileiras, produziu tudo isso, da corrupção a falta de zelo com a coisa pública. Chegamos a ter 62% do eleitorado votando pelas cores, pela paixão, em nome de alguém ou de alguma que roubava a sua razão.

Com ele descerão pelo ralo votos de grupos que o representavam, como o da política tradicional e seus símbolos.

A temática será municipalista. Levar para o palanque a disputa de correntes incoerentes da política nacional será erro grave. O povo quer resolver o problema que ronda a sua casa.

Haverá uma vantagem para quem fez política e criou reputação positiva na comunidade. É a sua memória remota aliada à virtual.

É a eleição da incerteza e de quem melhor traduzir a alma humana marcada pela descrença e pelo medo.

Phabiano Santos é jornalista, publicitário e advogado

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Categoria(s): Artigo / Política
domingo - 19/07/2020 - 08:02h

A tcheca

Por Honório de Medeiros

Nossa guia, em Praga, a quem tínhamos contratado desde o Brasil, via internet, para acompanhar nosso pequeno grupo – éramos nove – sorri algumas vezes, brinca outras, e é bastante acessível, o que a tornava diferente, aos meus olhos, da maioria dos seus compatriotas, bastante carrancudos.

Perguntei-lhe a razão desse estado de espírito. “O clima”, responde, em tom de brincadeira. Decerto aprendeu a brincar no Brasil, onde morou por seis anos, principalmente em Salvador, amou, casou, teve um filho com um baiano, e, em assim sendo, não poderia escapar incólume. Ela confirmou.Em português com pouco sotaque, embora às vezes errado nas declinações mais complexas dos verbos, ela atribui parcela considerável desse estado de espírito do seu povo à transição do comunismo para o capitalismo, e à fragmentação das expectativas dos tchecos em relação à Democracia.

“Antes”, diz ela, ajeitando os óculos “nerd” no nariz delicado, “nós não tínhamos liberdade para decidirmos nossas vidas, mas havia tranquilidade quanto ao presente e futuro: saúde, educação, moradia, trabalho…”  “Penso que as gerações anteriores sonharam com um mundo melhor no qual a ‘quase’ igualdade permanecesse, mas houvesse uma melhoria para todos nas condições gerais e, ainda por cima, liberdade”.

“O tcheco, de uma forma geral, é invejoso”, continua, assumindo um pouco o “physique du rôle” da antropóloga que disse ser, com diploma fornecido pela mais prestigiosa instituição universitária de seu País. Faço um parêntese para observar que escutei essa mesma observação, em Lisboa, feita por um português em relação a seus compatriotas.

“Mas é um invejoso justo: ele inveja o que o outro tem, querendo que todos tenham igual.” “Com o capitalismo, aos poucos está surgindo uma sociedade acentuadamente de classes, sem que os problemas mais antigos fossem resolvidos.”

Anete, esse é, em Português, o nome da nossa guia, espana a neve que vai caindo, minúscula, lentamente, por sobre seu elegante casaco azul escuro, nos diz que “no comunismo a divisão de classes era de outra forma, ou seja, a elite partidária possibilitava aos seus acesso à burocracia que lhes assegurava um status diferenciado.”

Já tínhamos feito um círculo em torno de Anete e a escutávamos atentamente. “Havia um contraponto natural à elite partidária comunista: os, digamos assim, intelectuais, que assumiram o controle após a queda do comunismo, e que se disseminavam, por exemplo, nas universidades secretas, onde se debatiam livros proibidos e se propunham alternativas para o modelo político existente.”

“Hoje há muitos saudosistas do comunismo. A Revolução de Veludo, na opinião deles, tirou as vantagens do comunismo e não acrescentou nenhuma do capitalismo…”

NÃO HÁ TEMPO PARA MUITA CONVERSA. Anete tem um trabalho a fazer, e o fez com competência, demonstrando conhecer, com profundidade, a história do seu povo. Levou-nos a lugares muito interessantes e nos contou, detalhadamente, o passado de cada um deles. Mas há sempre a hora de ir.

Quando os dias terminam, ela se vai pegar seu filho levando essa estranheza comovente de ter vivido em um País tão exótico, para os tchecos, quanto o Brasil. É assim que eles nos vêm.

Não somente. Além de ter vivido no Brasil, Anete amou um baiano de Salvador, e, do fruto desse amor, teve um filho que carrega consigo, uma mistura exótica de sangue brasileiro e tcheco, pelas ruas da República Tcheca. É estranho e comovente. Eu gostaria de lhe ter perguntado acerca de como aconteceu sua história de amor. Melhor não, pensei, e me contive.

Entretanto ainda lhe fiz uma última pergunta: você voltaria a morar no Brasil? “Não”, me disse. “O Brasil é muito bagunçado.” “Além do mais, este é meu povo, esta é minha história.” “Vou voltar lá muitas vezes; não quero que meu filho cresça sem conhecer suas raízes.” “Mas, não.” “Eu não voltaria.”

Seguiu Anete, após as despedidas, levando nossos cartões, pois nos disse que viria no final do ano ao Brasil, para as festas de aniversário do seu ex-sogro. Entrará em contato? Duvido. Entretanto, tudo é possível neste mundo de meu Deus. Afinal não aconteceu de uma tcheca vir a Salvador desenvolver um trabalho social, conhecer um baiano, casar-se com ele, e dele ter um filho?

Quem sabe ela não nos surpreenda?

Venha, Anete, é como lhe disse: nós a receberemos com imenso prazer. Quem sabe eu tenha coragem de lhe perguntar como foi sua história de amor no Brasil…

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e da

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domingo - 19/07/2020 - 06:50h

Nas águas da literatura

Por Marcos Ferreira

Alguns livros a gente termina de ler, digamos assim, para não perder a viagem. Ou tornar menos inútil o tempo investido. Daí que só acabei a leitura de certos “clássicos” (locais quanto planetários) porque já havia, embora a duras penas, atravessado mais da metade do rio, ainda esperançoso de que a segunda margem reservasse algo de compensador para o final da travessia.

Embalde. Fica-se no prejuízo e pronto. Não é possível você tocar no ombro do dito-cujo e dizer: “Ei, Fulano, dê-me de volta o tempo que empreguei na leitura do seu ‘clássico’. Não me serviu. Sobrou pano em cima e faltou embaixo.” Não dá. O máximo que podemos fazer é acendermos uma vela em respeito às árvores que foram ceifadas para o fabrico daquele papel.Estou sendo indelicado? Possivelmente. Talvez delicadeza não seja o meu forte. Se, porventura, possuo algum. Ressalto, no entanto, que é necessário botarmos os pés na água para sabermos se esta é rasa ou profunda. Tal preceito se aplica à literatura. É leviandade, para dizer pouco, aplaudirmos ou reprovarmos um determinado livro e seu autor sem sequer molharmos a ponta dos dedos.

Após quebrar a cara dezenas de vezes, influenciado pela reputação de algumas “lagoas azuis”, hoje em dia não pulo mais de ponta-cabeça nas correntezas da literatura. Vou devagarinho, banhando-me aos poucos, aclimatando-me com uma cuia. Nada de choque térmico. Careço sentir a temperatura da água, observar o termômetro, averiguar a voltagem da escrita. Mesmo que seja o autor um marinheiro de primeira viagem na ficção, como é o caso do escritor mossoroense David de Medeiros Leite. Sim.

David Leite acabou de dar à luz o seu primeiro romance: “2020”. Título intrigante quanto lacônico. Estreia, no mínimo, respeitável. Cumpriu, com absoluta competência, sua travessia no oceano das letras romanescas, sem fazer água, sem se perder na costura do enredo nem da linguagem. Não arremedou escritor algum, não afetou erudição e, muito menos, surfou na perigosa onda do rebuscamento. Entretanto, com domínio da pena e do tinteiro, zela pelo nosso idioma, oferece um “2020” atemporal, com riqueza de detalhes e verossimilhança, sob a proposta fictícia.

Conciso, “2020” tem pouco mais de duzentas páginas. O bastante para que David Leite trouxesse a lume um romance de estreia bem-sucedido, sem pontas soltas, cosido com a precisão e propriedade de um autor familiarizado com temática escolhida para o aparelhamento do seu enredo.

Apresenta-nos, competentemente, repito, as memórias de José Silvestre de Araújo, religioso que larga sua vida na Ordem Carmelita, no Recife, e se abala para Mossoró obcecado por encontrar uma botija supostamente oculta nas ruínas da Casa do Carmo. É uma história que não cai no lugar-comum da fantastiquice, mas que adquire singularidade por meio de um personagem expressivo, plausível e não menos singular.

Faz o mergulho valer a pena.

Agora estou aqui, sentindo-me de todo embevecido, imerso no mais profundo êxtase, com uma obra superior. Trata-se de “Peregrina”, novo livro de versos da excepcional poetisa (mossoroense por adoção) Kalliane Amorim, que me orgulha de ser seu contemporâneo. Como escreve bem essa moça, cuja trajetória literária tive a satisfação de acompanhar desde o tempo em que fui editor do caderno de cultura do Jornal O Mossoroense, há exatos vinte anos.

Há época, já com uma verve diferenciada, Kalliane me forneceu alguns dos seus poemas para publicação. Daí por diante, com luz própria, com uma impressão digital inconfundível entre nossos autores, essa mocinha terna, franzina e muito corajosa agigantou-se, sobressaiu-se. Conquistou, inclusive, o concorrido Prêmio Luís Carlos Guimarães de Poesia (2005), da Fundação José Augusto, em Natal-RN.

Como o romance de David, “Peregrina” saiu em uma caprichada edição da Sarau das Letras Editora. Traz primorosas ilustrações de Nilton Xavier e projeto gráfico de Augusto Paiva. Até a dedicatória que a autora me fez em um exemplar do livro, que não reproduzo aqui por mero pudor, é quase um poema, tão especial é a sua intimidade com o manejo do alfabeto.

Kalliane Amorim é uma escritora que atingiu a maioridade no ofício da escrita. A seu favor, entre outros méritos que me furto a esmiuçar, possui uma acuidade artística como poucas vezes observei nesta seara das letras potiguares. Não se contenta apenas com o propósito de comunicar, de se fazer entender, mas também chama para a si a responsabilidade de oferecer ao leitor algo além da rima, da métrica ou daquilo que ouso definir como poesia do enter, quando o sujeito comete um fraseado à toa e sai quebrando as linhas. Não.

O VERBO DE KALLIANE é joia burilada, trabalho de ourives. Ao mesmo tempo em que sua sofisticação, esmero com a polidura não compromete a mensagem, transmitida sem prejudicar o entendimento. Isto me recorda o português padre Antônio Vieira, quando diz:

“Aprendemos no céu o estilo da disposição, e também o das palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo (…); muito distinto e muito claro. E nem por isso temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são muito distintas e muito claras, e altíssimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão alto que tenham muito que entender os que sabem”.

O tato, a sensibilidade artística e a poética de Kalliane estão nesse patamar. Nem indecifrável, como tantos que se queixam de ser poetas, nem ao rés do chão. Permite aos que se julgam muito por cima descer um pouco; e aos que estão embaixo, elevar-se.

Do poema “Deserto”, página 71, pinço este fragmento da mais elevada poeticidade: “Assovia tão de perto/ o silêncio do deserto,/ que até posso acarinhar/ o seu flanco aveludado/ como um pássaro de ar.”

Quando crescer eu quero escrever bem desse jeito. “Peregrina” (entre outros relevantes trabalhos da escritora) afiança o que acabei de declarar. Ou deixei de dizer. Então, se querem saber mais sobre o conteúdo de “Peregrina” ou sobre o que narra o romance de David Leite, recomendo que leiam. Pois há muito o que saber.

De minha parte, seguirei com a navegação das leituras, ancorando em um porto-livro aqui, noutro acolá. Atento aos escolhos. Se pressentir que estou em barca furada, salto fora. Isso resulta em menos queima de pestanas, menos desperdício de tempo. Pois, ao contrário do papel, não se pode reciclar o tempo.

Felizmente, portanto, sem querer chover no molhado, o que é quase inevitável, existem aqueles autores e obras que fazem valer cada minuto que destinamos às suas páginas. Quem já leu, por exemplo, um “Memórias do Subsolo”, um “Humilhados e Ofendidos”, sabe do que estou falando.

De um modo geral os russos dominam os mares da ficção. Dostoiévski é um monstro, um monumento, uma força da natureza. Assim como Tchekhov e Tolstói. Machado de Assis e Graciliano Ramos, não necessariamente nessa ordem, outros dois ícones supremos da literatura brasileira.

Li e reli Graciliano (vai a metonímia) até mais do que li Machado. O bruxo do Cosme Velho, meritoriamente, é o grande astro da cena literária tupiniquim. No entanto o velho Graça é o meu fraco.

Refestelei-me sobre “Angústia” e “São Bernardo” — quero citar apenas esses dois — não sei quantas vezes. Coisa que não se deu com a obra de Machado. Estou devendo ao autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Então, para ficarmos apenas entre a Rússia e o Brasil,Crime e Castigo” e “São Bernardo” representam para mim o que há de melhor na ficção.

Dostoiévski e Graciliano, feito Augusto dos Anjos na poesia, são ímpares, desconcertantes, singularíssimos. Extrapolam todos os experimentos, as convenções, receitinhas. Deixam na poeira, a meu ver, James Joyce, Miguel de Cervantes, José Saramago, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Gustave Flaubert, José de Alencar, etc. Não ponho na balança só o que é contado, mas, sobretudo, o modo como se conta.

Na minha modesta visão de peregrino das letras, são autores que pegam uma história ordinária, um tema banal, e revestem o paupérrimo assunto com uma espessa camada de ouro. Isto é, tiram leite de pedra, dão peso e rutilância a histórias que resvalariam para a mediocridade ou coisa pior na escrivaninha de outrem.

A literatura, a arte literária, possui essa alquimia. Transforma nonadas, montículos, em grandes montanhas verbais. Como “A Montanha Mágica”, do Thomas Mann, gigante na compleição quanto na qualidade.

Por hoje é só. Hora de recolher as velas e atracar o barco.

Marcos Ferreira é escritor

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domingo - 19/07/2020 - 05:26h
Especial III

História de beatos e messianismo no RN lembra Canudos

Movimento na Serra de João do Vale causou preocupação e foi desfeito à força policial no século XIX

Por Tárcio Araújo (para o Blog Carlos Santos)

Durante o século XIX a presença de beatos e conselheiros era comum no interior do Nordeste. A miséria reinante e a ausência de referências religiosas em lugarejos mais longínquos, contribuíam para o surgimento de líderes espirituais de feição popular.

Movimentos messiânicos e sebastianistas eclodiam por toda parte, atraindo sertanejos pobres e analfabetos, com a promessa de um salvador que os libertaria do flagelo da vida e do sofrimento humano.

No sertão exaurido, assolado por secas, sem assistência alguma de governos e explorado por coronéis (latifundiários e donos da terra), o homem comum se via obrigado a se insurgir contra o sistema. Dois caminhos eram possíveis: ou se pegava em armas e abraçava o cangaço ou se valia da cruz e seguia um líder messiânico pela caatinga a dentro.

Missões religiosas ocorriam pacificamente, mas que foram combatidas com rigor pelo governo (Ilustração de Adriano Pinheiro)

Foi assim na Serra do Rodeador (1819) e na “Pedra Bonita” (1836), ambos em Pernambuco. Em Canudos na Bahia (1893-1897); e até meados do século XX, entre os anos de 1926 a 1937, com o ajuntamento do Caldeirão do Beato José Lourenço no Crato-CE.  Todos com desfecho trágico, vasto derramamento de sangue e milhares de mortes.

O Rio Grande do Norte também vivenciou seu momento de messianismo na história, apesar do fato ser pouquíssimo conhecido. O cenário foi a serra de João do Vale (área localizada entre os municípios de Jucurutu, Campo Grande, Triunfo Potiguar e Belém do Brejo do Cruz-PB, a 130 quilômetros de Mossoró e 275 de Natal.), em 1899.

Canudos havia caído dois anos antes.

No interior potiguar, o personagem central dessa epopeia é o religioso Joaquim Ramalho do Nascimento, (Beato Joaquim Ramalho), nascido em 1862.  Um líder carismático que atraiu mais de mil devotos para a Chã do Cajueiro, onde morava. Como ele realizou tal feito? É o que vamos relatar agora!

Câmara Cascudo resgatou história que seu pai teve participação direta (Foto: reprodução BCS)

A vocação religiosa de Joaquim Ramalho surge ainda na infância, influenciado por leituras como a bíblia, a ‘Missão Abreviada’ dos padres capuchinhos e a obra de Alan Kardec. Teria sido educado e alfabetizado por um antigo professor que morou na região.

Era assíduo às missas na então Vila do ‘Triumpho’, hoje, Campo Grande.  Acólito do padre local, aos domingos descia a serra para a celebração. Cresceu tendo o catolicismo como doutrina, mas também adepto do espiritismo kardecista.

Joaquim Ramalho estava com 32 anos, homem feito e casado, quando falece aos 80 anos, o padre da então Vila do ‘Triumpho’, Manuel Bezerra Cavalcante.  A morte do velho vigário deixa uma lacuna na comunidade. Neste período em diante, Joaquim Ramalho se aprofunda nos estudos do ‘Kardecismo’. Passa dias em meditações prolongadas. Era um homem circunspecto, parecia estar se preparando para uma “missão divina”.

Fenômeno

Passados 04 anos da morte do vigário velho, Joaquim Ramalho se apresenta com revelações místicas ao contemplar os finais de tarde no alto da serra.  Tem crises de convulsões, cai ao chão e entra em transe ao pôr do sol.  Passa a cantar ladainhas e proferir sermões com grande eloquência e autoridade. Ao retornar da vertigem dizia não se lembrar de nada.

O fenômeno se repetiu por tardes seguidas, e no curso das epifanias celebrou missas na sua própria casa, numa espécie de hibridismo religioso. Ao tempo em que as pessoas já o viam como novo pregador daquela região. “A notícia alastrou-se como um relâmpago.  De todas as tocaias da serra, homens e mulheres correram a ver o prodígio.  Vieram presentes.  Vieram   adeptos”, rlatou Câmara Cascudo em artigo de 1924 denominado ‘Os Fanáticos da Serra de João do Vale’.

Durante as celebrações as pessoas se reuniam em volta de uma mesa de flores e uma esteira de palha com lençol branco onde Joaquim Ramalho proferia o sermão e dava conselhos aos devotos à sua volta.

O escritor João Ramalho registrou em seu livro ‘O Beato da Serra de João do vale’, que em questão de meses a localidade se constituiu num ajuntamento de romeiros. “Dos brejos da Paraíba, do Agreste e do Sertão deste Estado e do Ceará, afluíram à serra de João do Vale, levas e levas de romeiros, para assistir as missões e os prodígios do santo homem. E até do interior de Pernambuco veio gente em romaria”.

A essa altura a serra de João do Vale se torna um santuário místico religioso. Os ritos e liturgias eram constantes e as pessoas não paravam de chegar. Em seus relatos, Câmara Cascudo ainda reitera a influência da devoção empregada por Joaquim Ramalho: “Dia e noite ecoava pela serra as ladainhas, as litanias, os responsos, novenas, uma infinidade de exercícios religiosos”.

A revista Mobral de 1984 também aborda uma passagem do movimento em seu ápice: “As oferendas se multiplicavam. Gente vinha em peregrinação de léguas e léguas de distância. Eram tantos os presentes que nem o chiqueiro comportava mais. Barracas surgiram ao redor do templo doméstico”.

Não há relatos de milagres, apenas a empatia do povo com a pregação do beato que de maneira especial se portava como líder religioso. “O que havia era a palavra de caridade, reconfortante àquela gente desvalida. Sua pregação magnetizava as massas. Dizia ele falar pela boca do Padre Manuel Bezerra”. Conta o escritor João Ramalho. Seria um caso de mediunidade?

Gente da serra, da fé… gente que conta a história

Severina Ramalho (sobrinha-bisneta do beato) 65; Alzira Silva (moradora que acredita em milagres do beato), 71; escritor João Ramalho (falecido há poucos dias) tem livro sobre movimento e Seu' Virô ( avó foi beata), 90 (Fotos: Adriano Pinheiro e Francinildo Silva)

Câmara Cascudo relata que em abril daquele ano, “Joaquim Ramalho era o senhor em trinta léguas derredor”, bem como sua pregação penetrara os sertões em santas missões populares. “Ganharam terreno.  Desceram por toda a zona do Paraú.  Agora, em certos dias, com velas acesas, vagarosamente, a multidão descia para terços e novenários em lugarejos vizinhos, cantando benditos”.

Diferentemente do Conselheiro de Canudos, Joaquim Ramalho não contestava a República, nem tocava em política. Sua vocação era meramente devocional.  Andava pelas estradas com seus seguidores visitando sertanejos pobres.

Em suas incursões, rezava missas a céu aberto, batizava e dava comunhão, confessava fiéis e concedia extrema-unção aos enfermos. Era um sacerdote sem o aval da igreja, “resgatando” vidas em sofrimento.

O CARÁTER SACRO DE JOAQUIM RAMALHO era um entendimento comum entre os sertanejos.  É o que assinala Câmara Cascudo: “Cangaceiros afoitos, vaqueiros destemidos, ajoelhavam, rezando, batendo no peito, olhos baixos quando, estático e absorto em contemplações superiores, Joaquim Ramalho passava, abençoando-os”.

E a multidão de devotos era cada vez maior. Em Agosto daquele ano, já havia para mais de mil seguidores habitando a serra de João do Vale. “Com o passar dos dias, um arraial crescia enquanto a vida ia se desorganizando ao redor. Lavradores e vaqueiros largavam o serviço para andar cantando, com uma vela na mão, acompanhando Joaquim Ramalho. Vestido num chambre branco de chita”, descreve Cascudo em ‘Os Fanáticos da Serra de João do Vale’.

O receio de que aquele movimento poderia eclodir numa revolta aos moldes de Canudos, passou a incomodar os chefes políticos da época. Outra insatisfação era a queda de rendimentos das lavouras com a perda de mão de obra. Lavradores deixaram as fazendas para seguir a vida religiosa no alto da serra e viver da própria plantação.

Apesar de que, segundo os registros históricos, Joaquim Ramalho nunca empreendeu uma organização social. O ajuntamento se dava de forma espontânea e  aleatória, na medida em que os sertanejos foram assentando.

Denúncia e fim do movimento

Os coronéis e senhores de terras, Tito Jácome, Luiz Florêncio e Vicente Veras, com fins de debelar o movimento, denunciaram Joaquim Ramalho ao então governador da província, Joaquim Ferreira Chaves Filho (primeiro governador do RN eleito pelo voto), sob acusação de subversão da ordem pública, prática de curandeirismo e baixo espiritismo.

Ferreira Chaves: ordem cumprida (Foto: reprodução)

Em agosto de 1899, com a ordem de prisão em mãos, o tenente Francisco Justino de Oliveira Cascudo (pai do folclorista Câmara Cascudo) e chefe de policiamento do interior, mais 22 soldados da Polícia Militar, devassaram a serra de João do Vale, queimaram palhoças, derrubaram o altar, rasgaram a esteira e prenderam seguidores. Outros mais atentos conseguiram escapar do cerco policial ao se esconderem nos socavões da serra.

O beato e seu acólito Sabino José, mais um grupo de devotos, entre eles a cega Justina, estavam em ‘santas missões’ celebrando uma missa na fazenda pitombeiras, quando foram surpreendidos pela tropa. Alguns homens tentaram reagir, mas o beato interveio e entregou-se pacificamente. Joaquim Ramalho era tido como pessoa pacata e bondosa, não queria luta. Não era adepto da violência. Vivendo no meio da força, não a quis empregar”, pontuou Cascudo.

Foi levado à cadeia pública de Mossoró, tiveram as cabeças raspadas. Sabino José por ser mestiço, ainda levou uma surra por “obra de misericórdia”, como apontam os registros históricos. Já Joaquim Ramalho que era branco, não sofreu agressão.

Ambos submetidos ao interrogatório, foram obrigados a negar o movimento em troca da liberdade, mesmo que mantê-los presos tenha se tornado inconsistente, pois as acusações não prosperaram. Não pregavam contra a república, nem impuseram resistência à força policial. Concluiu-se que não havia crime.

Assinaram compromisso legal de jamais retomar atividades de cunho religioso entre o povo sertanejo e foram liberados dias depois.

Sabino José desapareceu e nunca mais se teve notícias. Enquanto Joaquim Ramalho, como era casado e tinha família, retornou à sua casa ficando meses incomunicável. Foi levado por parentes até a presença de padre Cicero Romão em Juazeiro do Norte no Ceará, onde se confessou e recebeu uma benção do “Santo do Horto”.

Joaquim Ramalho estava envergonhado por não poder mais exercer sua vocação religiosa como queria. Ao retornar de Juazeiro, não mais regressa à serra. Vai morar no sertão, na fazenda Malhada Vermelha em Campo Grande, onde cria a família na agricultura.

Continuou servindo a religião, desta feita de forma oficial. Foi nomeado membro do Apostolado da Oração da Paróquia de Nossa Senhora Santana naquela cidade. Frequentava a missa aos Domingos, uma vez por mês e assim permaneceu por 26 anos. Nunca mais falou sobre o movimento messiânico.

Livro de João Ramalho é o único que trata do movimento (Reprodução BCS)

Como de costume, caminhava taciturno e solitário por 20 quilômetros da fazenda onde morava até a igreja matriz. Num desses trajetos, nas imediações da serra do Cuó, foi picado por uma cobra cascavel e sem assistência médica não resistiu aos efeitos do veneno. Faleceu no dia 26 de Março de 1925, aos 63 anos de idade.

O escritor João Ramalho resumiu em seu livro a importância do movimento histórico e a figura do beato para os sertanejos pobres daquela região:

–  “Foi ele assim o precursor de uma doutrina mística, buscando através da contemplação, ir até o profundo do seu ser, para retornar ao seu estado natural, agora como um homem sábio, filósofo, bondoso, orientador e catequizador a quantos desejassem ouvi-lo em nome de Deus”.

Esquecimento histórico

Desconhecido da historiografia, pouco se escreveu sobre esses acontecimentos. Talvez a intenção da elite letrada da época fosse mesmo deixar o evento cair no esquecimento.  Somente em 1924 Câmara Cascudo publica o livro ‘Histórias que o Tempo Leva’, e dedica um capítulo ao registro dessa narrativa, com o título “Os Fanáticos da Serra de João do Vale”.

O texto é baseado nos relatos do pai do próprio autor, o tenente Francisco Justino Cascudo, responsável pela tropa que dispersou os devotos e prendeu Joaquim Ramalho.

Entre 1938 a 1940, as edições da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte reproduzem o ensaio de Cascudo sobre o movimento messiânico.

Em 09 de Fevereiro de 1941, com a colaboração do pesquisador Hugolino de Oliveira, sobrinho do beato, Câmara Cascudo volta a publicar um novo artigo, desta vez no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.

Em 1973, Tarcísio Medeiros abordou o fato em seu livro “Aspectos Geopolíticos e Antropológicos do Rio Grande do Norte”.

Em 1984 a Coleção Livro Reportagem do MOBRAL relata o protagonismo de Joaquim Ramalho na Serra de João do Vale.  E por fim em 1998, o escritor João Ramalho dissecou o evento com mais profundidade em seu livro “O Beato da Serra de João do Vale”.

Atualmente, professores, estudantes e pesquisadores do curso de história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão debruçados sobre esse movimento messiânico como objeto de estudo.

Documentário trata do tema

Documentário foi produzido em 2019 e ainda será lançado, mostrando história do messianismo na serra (Foto: Everton Maia)

Em 2019, gravamos na própria serra de João do Vale o documentário ‘Messiânicos’, com participação de moradores, historiadores locais e descendentes do beato Joaquim Ramalho.  A pandemia do coronavírus impediu o lançamento nesses primeiros meses de 2020, adiando essa pretensão.

Depois de 121 anos, será a primeira obra audiovisual com resgate dessa memória.  Uma iniciativa que temos alegria de compartilhar com os moradores da serra, estudiosos, historiadores, pessoas de todos os matizes sociais que se interessam pelo tema.

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Veja trailler do documentário “Messiânicos”:

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Categoria(s): Reportagem Especial
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