Por Inácio Augusto de Almeida
Eu te conheci, Mossoró, quando ainda eras pequena e eu um menino mal saído das fraldas. Banhei-me no teu rio, pisei teu solo, cresci amando o Potiguar.
E vi tuas ruas de areia que levantavam poeira com o vento vespertino das tuas tardes quentes. E te amei, Mossoró.
À noite ouvi tuas histórias contadas por Fernando, Lopes, Luís Bandeirantes. Estes teus filhos legítimos me ensinaram a te amar. Eu te vi chuvosa e seca, e tu sempre me parecias linda.Com nuvens negras ou com sol radiante, tu, para mim, eras sempre como uma noiva. E assim, eu aprendi a te amar, a te querer bem.
E tu me traíste, Mossoró. Nunca vistes o amor que eu sentia e sinto por ti. Com Mário de Almeida e Bernardo de Almeida varei as tuas madrugadas. Mário, que de tanto te amar, ao falar de ti, chorava.
Preferistes dar teu reconhecimento a outra pessoa. Uma pessoa que nunca sequer olhou para ti. Por que, Mossoró? Por quê?
Eu e tantos outros que te amamos fomos postergados, esquecidos, feridos naquilo que temos de mais precioso: O amor que sentimos por ti. Por que, Mossoró? Por quê?
Que estarão a dizer os teus outros filhos? Os que te adoram tanto quanto eu, que de ti sou apenas filho adotivo? E isto, à tua revelia…
Talvez, minha querida, ela nem saiba a tua localização no mapa do Brasil. Talvez, minha cidade amada, ela te confunda com uma cidade qualquer do interior do Rio Grande do Sul, ou, quem sabe, até mesmo com uma cidade dos Estados Unidos. Não, não fiques admirada, não penses que é exagero meu; engenheira química nem sempre sabe muito de geografia.
Teus filhos estão sentidos, muito sentidos.
Mas nós continuaremos a te amar. O nosso amor por ti é mais forte do que a loucura que cometeste. E continuaremos sempre a te amar.
Mas, por favor, em respeito à nossa dor, não cometas outras loucuras iguais a esta.
Graça Foster pode ser tudo, menos tua filha.
Como pode alguém ser filha de quem nem sequer sabia a existência?
Eu e todos os teus filhos continuaremos a te amar e a te querer muito, muito mesmo.
Eu te amo, Mossoró.
Inácio Augusto de Almeida é jornalista e escritor