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domingo - 11/07/2021 - 08:42h

Palavra de moderação

Por Ney Lopes

A política brasileira assume proporções inadmissíveis de radicalização e intolerância.

Montesquieu no “O espírito das leis” considera a moderação a virtude suprema do político e acrescenta que ela é muito mais do que o proverbial meio-termo entre dois extremos.

O autor inglês do século 17 Joseph Hall, disse, que “moderação é a corda de seda correndo através da corrente de pérolas de todas as virtudes”.como-encontrar-o-equilibrio-emocional-aprenda-com-essas-7-dicas-1170x568A cada dia impõe-se uma trégua na política brasileira, que evite a propagação do extremismo e do fanatismo, atualmente impregnados, em duelos diários.

A democracia do Brasil não merece sofrer ameaças explicitas como a do presidente e Bolsonaro, de que as eleições de 2022 poderão não ocorrer, se não for aprovada a chamada proposta dele do voto impresso.

A defesa de mudança no processo eleitoral eletrônico é normal, porém desde que seja reconhecida a decisão final do Congresso Nacional, seja ela qual for.

O presidente achou pouco e se insurgiu contra o ministro Luís Roberto Barroso, do TSE, chamando-o de “imbecil”, acusando sem provas, que existe fraude nas eleições.

Diante desses fatos, o senador Rodrigo Pacheco fez pronunciamento enérgico e na hora certa, como presidente do Congresso Nacional e não cedeu às tentações de colocar mais lenha na fogueira.

Atuou com eficiência como pacificador, no confronto que se esboçava entre a CPI da Covid e as Forças Armadas, o que já é considerado episódio ultrapassado.

Deu sinais de que ainda existem estadistas no país.

As suas declarações, como bem analisou o conceituado jornalista Claudio Humberto, significaram além da “temperança” aristotélica, indispensável à política, também a moderação, prudência e e autocontrole.

Acusam o senador Pacheco de “mineirice”, como se Minas Gerais não fosse a grande escola da política brasileira, ao seguir a regra de São Tomás de Aquino, de que o bom senso não é incompatível com coragem, fortaleza e sabedoria.

O senador Pacheco afirmou, que o Estado de direito e a democracia são inegociáveis no país e garantiu que as eleições estão preservadas.

Foi além, ao declarar que “todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito será apontado pelo povo brasileiro como inimigo da nação”.

A posição pública assumida pelo senador Rodrigo Pacheco, em nada poderá ser tida como de um oposicionista, ou governista, em relação ao governo federal.

De certa forma, ele colabora com o presidente Bolsonaro, alertando-o de que não poderá prosseguir com o seu estilo intempestivo, que cria dificuldades para si próprio.

A palavra do presidente do Congresso Nacional expressou o pensamento do professor Aurelian Craiutu, da universidade de Indiana, ao escrever que “um político capaz, se assemelha a um bom equilibrista: ele ou ela precisa de equilíbrio em todos os sentidos, precisa ser prudente, alerta, ter boa intuição e um senso de direção. Ele ou ela também precisa ter a coragem de nadar contra a corrente quando necessário, e deveria sempre exigir que o outro lado possa também ser ouvido em qualquer assunto polêmico”.

A indagação é se a moderação do senador Rodrigo Pacheco encontrará terreno fértil para que a política nacional fuja das radicalizações e do fanatismo e se concentre na busca de propostas e caminhos, que possam assegurar à nação uma reconstrução estável, após a pandemia.

É o que todos esperam.

Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Amorim diz:

    Caro Dr. Ney, como descrito na sua escrita, momento exdruxo está passando o país e seus habitantes.
    O que me deixa espantado é a capacidade que alguns seres Extra Terrestres tem em IMPLANTAR fanatismo no celebro de humanos.
    A passividade ou sei lá o que do poder judiciário em não ver a campanha eleitoral que vem fazendo “aquilo” que oculpa a Cadeira Máxima deste País.
    Um abraçaço, com estima e consideração.

  2. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Não será com voto impresso que acabará a fraude nas eleições.
    Nas milhares de corrutelas deste país gigante não existem delegado, promotor ou juiz.
    Existe um dono do vilarejo que é o prefeito e que tudo pode.
    O delegado é um sargento ou até mesmo um cabo de polícia que recebe uma “ajuda de custo” do prefeito a título de auxílio alimentação. Claro que paga com dinheiro da prefeitura.
    Promotor e Juiz respondem pir várias cidades e só aparecem a cada 15 dias para audiências nestas pequenas cidades.
    E como acontece a fraude eleitoral?
    O eleitor vota tendo um jagunço do prefeito fungando no seu cangote. E como nestas cidadezinhas o grande e quase sempre o único empregador é o prefeito…
    Os fiscais dos partidos? Kkkkkk.
    Isto resulta no voto não ser secreto e livre.
    A única maneira de acabar com esta patifaria é colocar em cada seção eleitoral tropa federal para garantir o voto secreto.
    O Brasil precisa reverter milhares de cidades à condição de distrito. E só permitir a criação de novas cidades quando for possível manter um Juiz, um Promotor e um Delegado em cada uma delas.
    A fraude nas eleições existe, mas não por conta de urna eletrônica.
    A fraude existe pela ausência do estado.
    Encerro perguntando se os eleitores de áreas dominadas por milicianos e traficantes têm liberdade de escolha?
    Está na hora do Brasil se olhar no espelho e encarar os seus grandes problemas. Encarar e resolvê-los.
    Chega de tanto faz de conta.

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