quinta-feira - 05/04/2012 - 10:59h
Vergonha

Promotora e polícia atuam para garantir cirurgia em hospital

Por Cézar Alves (Nominuto.com)

A história da dona de casa Rita Maria Batista, de 56 anos, residente no Sítio Pindoba, distante 10 km da área urbana de Felipe Guerra, que está internada em estado grave no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), em Mossoró, é um retrato do caos que vivenciamos na saúde.

Rita não teve acesso a qualquer atendimento de saúde preventiva, em Felipe Guerra. Segundo a filha dela, “quando sente alguma coisa ruim vai ao hospital da cidade, que geralmente não tem médico e as enfermeiras enviam para o HRTM, em Mossoró”.

Foi o caso. Rita, com ‘megacolo’ (privação), chegou ao HRTM terça-feira. Ficou agonizando num ambiente chamado ‘repouso feminino’ por quase 20 horas. “Minha mãe gritava de dor e olhavam pra gente e nem sinalizava. A gente pedia socorro e nada”, diz Talita Bezerra Batista.

O primeiro diagnóstico foi de um clínico geral. Já apontava um quadro muito grave, necessitando urgente de cirurgia. Foi solicitado um diagnóstico de um cirurgião. Este diagnóstico só foi feito nesta quarta-feira, apesar da urgência. Previa cirurgia imediatamente.

E, apesar de o HRTM ter três cirurgiões de plantão e um centro cirúrgico vazio, a cirurgia não foi realizada. No final da tarde, um deles chegou a dizer à família da vítima que não iria fazer porque estava quase no fim de seu plantão. Ia sair e pronto.

O caso chegou ao conhecimento da promotora de Justiça Ana Ximenes e deste repórter. Confirmada a história, a promotora Ana Ximenes chamou o delegado Antônio Caetano Baumann de Azevedo, para investigar suposto crime de omissão de socorro.

O cirurgião Wagner Langue, ao assumir o plantão da noite, imediatamente levou sozinho (tinham que ser 2) a paciente para o centro cirúrgico (o médico Adail Vale faltou ao trabalho). Até meia-noite, não tínhamos o resultado da cirurgia, se Rita teria sobrevivido.

Enfermeiros e técnicos de enfermagem disseram que este tipo de comportamento dos médicos é comum no HRTM e que foi muito boa a ida da promotora, do delegado e deste repórter ao HRTM para presenciar pessoalmente uma das razões do caos, de mortes.

Ou seja, além da falta de estrutura, de espaço, medicamentos, outros fatores deixam a população sem o tão valioso atendimento médico para viver. Este é o cenário que enfrenta um cidadão de baixa renda. “Se fosse um cidadão rico, não faltava atendimento. Mas como é carente, viram as costas”, reclama a promotora de Justiça Ana Ximenes.

Nota do Blog do Carlos Santos – Deparo-me com um relato jornalístico como este e fico me perguntando se é mesmo verdade que tudo isso esteja ocorrendo em Mossoró, ‘a terra da liberdade’ e de outros epítetos fantasiosos.

Francamente.

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Categoria(s): Saúde / Segurança Pública/Polícia

Comentários

  1. souza junior diz:

    Bem nobre jornalista, não adianta fantasiarmos a nossa saúde, pois a realidade é essa nua e crua, infelizmente.
    É deplorável ver que uma paciente não recebeu o atendimento de urgencia pelo simples fato de “- meu plantão já está acabando e pronto.” Juramento, aprendizado, humanização, bom senso, generosidade, obrigação…Esses embasamentos são deixados de lado quando não se tem o pecunio para alicerçar esses conceitos. Quem sabe, talvez, uma mudança de alguns profissionais antigos que realmente não vestem a camisa seria o ideal? Afinal, em uma comparação grotesca, um time sempre aposta nas suas beases, em novos nomes, para melhorar sua equipe e na maioria das vezes isso traz resultados muito gratificante. Fica a dica.!

  2. Victor Morais diz:

    Liberdade, só sendo mesmo Carlos…
    Talvez tenhamos liberdade para um povo cor de rosa.
    Este tipo de prática ai é comum mesmo no HRTM, o povo sofre e agoniza mas, votará tudo cor de rosa em Outubro!

    Que Deus tenha misericórdia dos pobres e desinformados!

  3. CALIBRE 50 diz:

    Agora tô com a gota!E vamos que vamos não quero nem saber onde coruja dorme!Desculpem as crianças menores de DEZOITO mas quem estava agonizando porra,não era um animal Irracional não,quem tava Agonizando era um ser Humano e o mais grave com sua vida em risco,será que vida Humana tá perdendo valor,essa senhora como está descrito,tenho plena certesa o que é a mais pura espressão da veradade,chegamos ao cúmulo de ter que se chamar uma Promotora e um Delegado de Polícia para na base da pressão e ameaça de prisão se faser um procedimento cirúrgico de urgência,ato esse que era para se faser por obrigação!Nem com um Jumento agonizando de dor se dar um tratamento desses,esqueçam o chicote por uns minutos e se humanizem!Que tragédia administrativa é essa do DEM do RN,chegaram no limite,IMPERATRIZ saia de seu trono e governe!É pra que servem os Lexotan,clonazepam,cachaçopam,servejopam,é pra acalmar agente nesses momento de indignação!É SÓ!

  4. Aleex diz:

    PAGAM POUCO, MENOS Q QUALQUER CLASSE DA JUSTIÇA, NAO DÃO CONDIÇÕES, HOSPITAL COM UMA ENFERMARIA DE 9 LEITOS TEM MAIS DE 20 NUM CALOR DE MATAR, RICO E POLITICO NAO PISAM LA, AINDA ASSIM MILHARES DE PESSOAS SAO SALVAS TODOS OS DIAS.. SE ESSES FUNCIOANRIOS NAO GOSTASSEM DO SERVIÇO, JA TINHAM ABANDONADO POR FALTA DE CONDIÇÕES, COMO MANDA O CÓDIGO… NAO VAI TER CLASSE DE NOVOS PROFISSIONAIS EM AREA ALGUAM QUE TRABALHE BEM, ESTANDO GANAHNDO POUCO, SEM CONDIÇOES DE EVOLUIR E SE APRIMORAR.
    Mas, Mas, Massss MESMO ASSIM, EM CASO DE URGENCIA, CORRAM PRA LA, É O # U N I C O # QUE TEM GENTE PARA SALVAR SUA VIDA.

  5. rogerio diz:

    PORQUE NAO TEM ISONOMIA SALARIAL NO ESTADO? NIVEL SUPERIOR NE TUDO IGUAL NAO PORQUE?

    BOTA TODO MUNDO GANHANDO BEM, NIVEL SUPERIOR, TUDOS IGUAIS. PORQ UNS MAIS E OUTROS MENOS?

    ALGUMA PROFISSÃO MAIS BEM PAGA DO QUE OUTRAS PORQUE?

    QUEM TEM MAIS IMPORTANCIA NO ESTADO? AS INDUSTRIAS, ASFALTOS, OBRAS DESESTRUTURANTES… OU A VIDA? SAÚDE NUNCA DEU VOTO. NINGUEM ATINGE OS PODEROSOS, SÓ OS QUE ESTÃO NAS FRENTES DE BATALHAS, WALFREDO, HRTM, UPA…

    RESPOSTA TRISTE: O VOTO DOS CURRAIS Q AINDA EXISTEM, CAMUFLADOS DE VARIAS FORMAS.

  6. José Bino diz:

    Hoje, pela manhã, minha cunhada foi “consultada” por um médico no UPA do Alto de São Manoel. O mesmo,
    sem olhar para a mesma, depois de “ouvi-la” receitou-lhe Dipirona. Por lá (UPAs ), é Dipirona, Benzetacil, ou Voltaren. Para qualquer sintoma.
    Outro dia, ouvi de um morador do bairro Quixabeirinha, que o médico assaltado no Posto de Saúde de lá,
    deveria ter “levado uma surra do ladrão, pois o mesmo trata muito mal as pessoas que procuram atendimento
    naquele posto”. O descaso é grande e, a omissão por parte das autoridades ditas competentes e, principalmente nossa, cidadãos, é maior.

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  1. […] caso foi publicado por este Blog (veja AQUI ou em postagem mais abaixo), a partir de enfoque do jornalista Cézar Alves no portal […]

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