quarta-feira - 06/01/2010 - 13:02h

Saúde sucateada é incompatível com crescimento

Carlos Santos,

Há sete meses atrás sofri um acidente próximo a cidade de Mossoró.

Felizmente sofri somente algumas escoriações e ferimentos leves, entretanto, por cautela, procurei vários hospitais e clinicas em Mossoró a fim de fazer exames de praxe, recomendados para todos os que sofrem acidentes, apresentam hematomas e ferimentos na cabeça. Foi uma verdadeira via crucis.

Fui a todos os hospitais públicos, fui às emergência do Wilson Rosado, Unimed, UPAS e mesmo tendo plano de saúde de referência nacional, não consegui ser atendido a contento, sequer submetido a exames, mas, tão-somente, fui atendido num hospital público onde o médico receitou a aplicação de uma injeção e recomendou descanso.

Não há atendimento médico de qualidade em Mossoró. Nos plantões dos hospitais particulares o que se atesta é uma profusão de médicos vindos da Bolívia, outros que ainda nem são residentes e assinam com o carimbo de médicos legítimos. Tudo isso porque os hospitais reduzem seus custos e prestam péssimos serviços à população local.

É inacreditável que tal cenário seja uma realidade em Mossoró. Uma cidade industrial, com grande apelo da indústria do Petróleo, uma atividade que é conhecida por sua periculosidade, mas que não conseguiu fomentar na cidade uma política voltada para a assistência médica nos casos de acidente de trabalho, tão comuns neste ramo.

Os médicos de Mossoró nunca estão na cidade nos finais de semana. Muitos vão para Fortaleza ou Natal, e nos feriados uma leva deles estão "de plantão", tomando todas em Tibau.

O caso do italiano (Giussepe li Causi) revela o descaso, revela a falta de estrutura, mas também sugere o seguinte raciocínio: e quanto aos pobres e aos menos favorecidos? Quem os atende? Qual o tratamento que lhes é oferecido?

Lamentável!

Romualdo Júnior – Webleitor

Nota do Blog – Enriquecedor ao debate o depoimento acima. Vem ao encontro do que temos escrito com regularidade.

Confunde-se crescimento econômico com desenvolvimento social. São questões distintas, mas que necessariamente não são excludentes.

Comentem.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. LIA QUEIROZ diz:

    MUITO SÉRIA A SITUAÇÃO E O PIOR É QUANDO A EPIDEMIA DE GRIPE CAUSADA PELO H1N1 SE INSTALAR DE VEZ E AGORA COM A SUPERLOTAÇÃO DE TIBAU NESTE MÊS, ONDE HAVERÁ AGLOMERAÇÕES DEVIDO A QUANTIDADE DE PESSOAS QUE SE DIRIGEM PARA LÁ, AÍ É QUE A COISA COMPLICA!!!!

  2. LIA QUEIROZ diz:

    QUANTO AO FATO DE MÉDICOS ESTAREM DE PLANTÃO E DIVIDIREM O HORÁRIO E/OU FICAREM LONGE DAS UNIDADES, NÃO É NENHUMA NOVIDADE E O MINISTÉRIO PÚBLICO SABE DISSO MAIS DO QUE QUALQUER CIDADÃO, SE NÃO TOMA PROVIDÊNCIAS É PORQUE A JUSTIÇA NESSE PAÍS É APENAS ENGODO E CABIDES DE EMPREGOS PARA JUÍZES E PROMOTORES! NADA MAIS!

  3. MARCELLUS LUIZ diz:

    É A MAIS PURA REALIDADE ESSE RELATO.COMO É QUE DIZEM QUE MOSSORÓ CRESCEU, SE A SAUDE, SEGURANÇA, A EDUCAÇÃO E ETC DEIXA A DESEJAR. PELO AMOR DE DEUS ALGUEM DO PODER SALVE A NOSSA CIDADE!!! SALVE-SE QUEM PUDER!!!!

  4. José Gilliano diz:

    O caso tragido que vitimou o empresário mostra sim muito das fragilidades da saúde de Mossoró, fragilidades estas que há muito tempo já deveriam ter sido sanadas, porém o comentário do Senhor Romualdo merece algumas correções:
    Em primeiro lugar, todos os médicos que atendem nos pronto-socorros da cidade estão legalmente habilitados pelo Conselho Regiona de Medicina CRM, apesar de algumas unidades hospitalares publicas e privadas não estarem registradas no CRM.
    Em segundo lugar os médicos que tem obrigação de permanecer em Mossoró e especificamente em ambientes hospitalares são aqueles que estão cumprindo escalas de plantão, os demais podem ir para Fortaleza, Tibau ou qualquer outro lugar, tomar todas ou apenas descansar.
    Não podemos culpar os médicos pelo ocorrido, pois ate onde se pode apurar os problemas especificamente desde caso foram mais caráter técnico-administrativo do que de capacidade dos profissinais que o assistiram.

  5. Nilson Jr diz:

    Que o atendimento hospitalar de Mossoró precisa melhorar muito ninguém duvida. Só escrevo aqui pra esclarecer que ter sido vítima de acidente (com hematoma e etc) não faz ser obrigatória a realização de exames. Na Medicina existe o seguinte dizer que é quase irrefutável: “A clínica é soberana”. Isso significa que existem vários métodos que um médico pode usar, sem auxílio de equipamentos, que podem ajudá-lo na avaliação de um paciente. Em muitos casos, a realização de uma Tomografia (cito esse exame pois muitos acidentados chegam quase que obrigando o médico a soliciar, e se não conseguirem saem extremamente chateados) no caso de acidentes é desnecessária, principalmente para onerar os sofridos cofres públicos.
    Ps: Não sou médico ainda, mas estou há apenas 1 ano e meio de ser.

  6. Francisca diz:

    Para se ter idéia do descaso em Mossoró, hoje mesmo procurei o hospital Unimed e não tinha um Ortopedista de Plantão. Precisei ir até o Tarcisío Maia , pedindo a Deus que o ortopedista de lá atendesse, pois segundo o Senhor que fez a triagem os médicos de plantão só querem atender situações de traumas mais graves. è uma calamidade. Mas o reajuste de planos de Saúde já estão chegando…absurdo.

  7. Francisca diz:

    Sem falar de o abuso de uma anestesista de plantão super enjoada com os pacientes e colegas de trabalho por que precisava tirar o conchilo da tarde. Dr. Marcelo oriente melhor esses médicos para serem mais humanos com a população.

  8. paiva diz:

    A emergência de Mossoró e região tem que ser feita , e é, no Hosp Tarcísio Maia.Quem tiver planos de saúde deve ir depois do atendimento no HTM, procurar acompanhamento.
    No HTM temos, realmente, dois cirurgeões, dois ortopedista,dois clínico,dois pediatras, um neuologista e neurocirurgeão (de sobreaviso) mas que sempre est´~ao presentes quando necessita.Laboratório,Rx e tomografia.Além de médico na UTI.Precisa de muito mais, mais o que aí temos resolve.

  9. Genivan Vale diz:

    Concordo em parte com o desabafo do Romualdo. Gostaria somente de alertar para o fato de não generalizarmos e muito menos agredirmos profissionais sérios dizendo que os mesmos, estando de plantão estão tomando todas em Tibau. Isto com certeza não reflete a verdade. Caso o Romualdo saiba de algum caso destes, favor denunciar, pois como Pte da Comissão de Saúde da CMM teremos o maior prazer em levar tal caso ao CRM-RN. Com Relação ao Hospitais realmente precisamos evoluir muito, mais muito mesmo.

  10. Clicério Rebouças diz:

    Como diria Augusto dos Anjos: “o beijo amigo é a véspera do escarro”. Pois é, há poucos dias vimos em Mossoró uma verdadeira mobilização de médicos e demais profissionais de saúde para salvar a vida de um agente de trânsito, o que rendeu muitos tópicos no blog de elogios e agradecimentos aos profissionais hoje apedrejados. É fato Mossoró não ter uma Medicina de primeiro mundo como também outras cidades do mesmo porte não a tem. Porém, há que se reconhecer o valor de nossos profissionais, pois muitos têm ótima formação e salvam muitas vidas. Entretanto, em todas as profissçoes existem os bons e os maus profissionais. Outro fato é que sempre procuramos eleger como culpados aqueles os quais estão mais próximos de nossos braços, nesse caso, os médicos. Não se pode querer culpar um plantonista de UTI pelo fato de no hospital não haver máquina de hemodiálise, nem tampouco atribuir a morte dele à equipe médica. Mas é muito mais fácil dizer que o “dotô” é mercenário e “sem coração”. Lamentável.
    Quanto ao comentário do “web leitor”, desconheço alguma lei que impesse um médico sem residência médica de atuar como plantonista. Em Natal, a grande maioria dos plantonistas dos hospitais particulares são médicos que ainda não concluiram residência. A respeito da não solicitação de exame complementar, realmente nem todo paciente necessita de realizar exames os quais muitas vezes acabam atrasando o tratamento e a resolução do problema.

  11. Gonzaga diz:

    Oportuno o artigo sobre a evidente ineficiência do atendimento médico à população mossoroense. É um absurdo e inadmissível. O povo precisa saber escolher gestores comprometidos e éticos, não permitindo ser enganados nos períodos pré-eleitorais. Fiquemos atentos às promessas!

  12. Patrícia diz:

    É bastante difícil fazer com que um leigo compreenda determinadas condutas específicas de uma profissão. Por exemplo, minha mãe que é comerciante jamais vai entender por que ela estava com dor na barriga e o médico pediu Ultrasson em vez de Raio-x. É óbvio que existem bons e mals profissionais, alguns que lutam outros que cansaram da luta, outros que nunca quiseram lutar, e devemos respeito aqueles que lutam. Pouca gente sabe quantos empregos um médico tem para ganhar o que um juiz, promotor, empresário ganha, e além das jornadas massantes de trabalho temos ainda as péssimas condições de trabalho, problemas familiares e todos os problemas que qualquer pessoa tem; não se pode dar ao luxo de tomar uma cervejinha no fim de semana pra aliar que vai ter alguem te apontando. Acredito sim que a saúde do PAÍS está um caos, mas não compreendo pq depositamos toda a culpa em um único. Uma cidade como Mossoró, gerenciada por uma enfermeira, esposa de médico, que sai criando Proto-atendimentos em tudo que é esquina da cidade, mas por politicagem não tem UMA maternidade pública?UM hospital geral?Isso sim é absurdo e inaceitável.As eleições estão chegando e será que as mesmas caras merecem os nossos votos?
    Abraço a todos.

  13. Carla diz:

    Muitos médicos tratam seus pacientes sem nenhuma humanidade. Hoje são poucos os médicos que olham para o paciente, face a face, e mantém um diálogo durante a consulta. Estas, aliás, tem sido cada vez mais rápidas e impessoais. Já fui atendida diversas vezes por médicos que se quer olharam para meu rosto; perguntavam os sintomas e isso já era o suficiente para prescrever algum remédio. Depois, fim de consulta em menos de cinco minutos.

  14. Romualdo Junior diz:

    Caros Webleitores,

    é com o maior respeito e espírito democrático que recebi as críticas ou comentários dissonantes ao conteúdo que postei neste espaço.
    Vale dizer, que todas as opiniões, ainda que discordantes, foram educadas, respeitosas e sem qualquer deselegancia.
    Penso que tudo o que é dito enriquece o debate e permit lançar luz sobre a péssima qualidade dos serviços oferecidos em Mossoró que, obviamente, não têm somente os profissionais da medicina como responsáveis.
    Tenho inúmeros amigos médicos e que decidiram nortear as suas carreiras para uma prática médica de técnica e pesquisa apuradas, com especializações e cursos nos mais importantes centros do país e resolveram por consolidarem as suas carreiras nas capitais, tudo isso por uma razão básica: receiam se deslocarem para o interior, ainda que para cidades de porte, com boa qualidade de vida, por entenderem que não exercerão ou não colocarão em prática o que aprenderam por falta de recursos, não diria nem tecnoógicos, mas a ausência de recursos mínimos para um médico trabalhar.
    Quando mencionei o fato de médicos vindos da Bolívia para fazerem carreira nos PSF’s e hospitais, especialmente particulares, do interior, quis me referir ao fato de que estes profissonais ainda não estão habilitados segundo as leis brasileirasm para atuarem.Não convalidaram os seus cursos segundo as regras do MEC e atendem, sob os auspícios da sombra de um médico já consolidado, usando o seu nome, carimbo, registro, numa prática visível de falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão.
    Todos esses fatos são constatados dia-a-dia nos hospitais.
    Há inúmeros casos, com os quais lidei pessoalmente, de empregados de empresas que são atendidos em emergências onde os médicos sequer os examinam e como se fossem deuses, recomendam algum remédio, sem ao menos terem conhecimento do que lhes aconteceu, sem refletirem sobre as implicações decorrentes do mau atendimento que prestam, etc.

    Os médicos são cidadãos comuns, ao menos deveriam ser considerados assim.Portanto, os mesmos têm direito ao lazer, a tomarem todas (desde que deixem seus carros nas garagens), a se divertirem com familiares e amigos.Devem, entretanto, evitar isso quando de plantão, devem ser éticos para não compartilharem com os colegas de profissão o seus plantões, nas práticas nefastas de “um cobre o outro” como foi denunciado aqui.
    Por fim, aos respeitáveis médicos, gente séria que se manifestou, aproveito o ensejo para me solidarizar com toda a sina que enfrentam em todos os níveis: baixos salários, falta de infraestrutura, vários empregos para manter um padrão digno de vida.Mas não posso deixar de realçar a crise que se enfrenta também na formação desses profissionais.
    Todos são sabedores dos baixos níveis so médicos que são formados em nossas universidades, mormentes no RN.
    É do conhecimento geral, por que divulgado na mídia, a constatação do Conselho de Medicina de São Paulo, um dos poucos ou talvez o único do país a realizar uma avaliação com os recém-formados, de que neste ano, os estudantes que se submeteram ao exame considerado não exigível, tiveram pior desempenho dos últimos 03 anos em relação às questões de clinica medica.Segundo o próprio presidente do Conselho, se mais da metada foi reprovada, é por que mais da metade erraria um diagnóstico.
    Precisamos rever os currículos das faculdades de medicina.É preciso que os conselhos sigam o exemplo de entidades como a OAB que instituíram um exame que habilite o profisional a exercer a sua profissão, filtrando bem os alunos que saem das universidades e evitando que saiam a clinicar e atender sem o devido preparo.
    Faz-se necessário ainda, uma maior ênfase quanto ao humanismo nas relações médico-paciente.Há dois meses atrás, fui atendido num grande hospital de Salvador por um médico, que tomou assento em sua cadeira, sequer olhou para mim, começou a fazer perguntas triviais, típicas das recepcionistas de hospitais, não me examinou e, eu, insatisfeito com tal conduta, levantei-me da cadeira e dirigi-me à porta.Ao perceber minha atitude, perguntou o que estava havendo e eu lhe disse que estava oferecendo a ele o mesmo tratamento que ele me dispensou e pelo qual ele, injustamente, receberia o Plano.Saí de sua sala sem lhe dar maiores satisfações.

    Os estudiosos deste tema (humanismo na medicina), preocupados com a falta de humanismo dos médicos,muito tem falado do equilíbrio que sempre houve em medicina, entre as duas facetas inseparáveis que a compõem: a medicina como ciência e a medicina como arte. Os avanços científicos vertiginosos requereriam para manter este equilíbrio uma ampliação do âmbito do humanismo, quer dizer, um humanismo à altura do avanço técnico. Seria esta ampliação do humanismo, adaptada aos dias de hoje, em versão moderna, da que
    careceria o processo de educação médica. Cair-se-ia assim numa desproporção que se reflete em profissionais formados tecnicamente, com sérias deficiências humanas.
    Profissionais disformes, com hipertrofias, sem equilíbrio, que naturalmente não conquistam a confiança do paciente que espera um médico equilibrado. Seria uma função da Universidade, das instituições formadoras, ampliarem o conceito humanista,em moldes modernos, abrindo horizontes e novas perspectivas. E para isso tornar-se-ia
    necessária metodologia, sistemática, re-aprender a fazer as coisas, quando estas coisassão muitas, estão envolvidas em alta tecnologia, e são comandadas por um progresso
    científico que avança a cada segundo.

    Minha esperança é que este estado de coisas mude para melhor e que a população possa ter a medicina e o atendimento que merece.

    Que casos como o do empresário italiano nao se repitam e sirvam para haja que uma reflexão cuidadosa quanto aos procedimentos médicos, quanto aos investimentos do poder público nas condições de trabalho e quanto aos organismos que se encarregam da formação desses profissionais, que precisam evitar o corporativismo, abrindo os olhos para a deterioração do ensino e das prestação de serviço dos médicos.

    Em tempo, alerto aos médicos, que é cada vez mais frequente os processos contra profissionais por erros médicos e a justiça tende a ser mais rigososa na análise de fatos relativos à conduta dos mesmos.

    Feliz Ano Novo para todos.

    Romualdo

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