Por Vicente Neto
Há pessoas que passam pela vida como brisa suave, e há as que a atravessam como vendaval de propósitos. Não uma força destrutiva, mas uma presença que reorganiza tudo ao seu redor, com determinação, firmeza, sofisticação, e uma elegância que nascia com ela todos os dias.
Inimiga dos feriados, Eliete não se rendia ao ócio. O trabalho era sua devoção cotidiana, sua forma de honrar a vida. Até na hora da partida ela o fez num fim-de-semana, para não atrapalhar o nosso dia de trabalho.
Vulneráveis, invisíveis, esquecidos: ela os acolhia com a delicadeza de quem sabe que o amor não precisa de plateia.
Mas foi naquele momento ao me apresentar a Jacqueline, que ela revelou a sua estatura de gente de verdade ao advertir a sua filha: “Não vá magoar o meu amigo.”
Sublime declaração de amor.
Não ao amor romântico, mas o amor que protege, que cuida, que reconhece o valor do outro e exige respeito. Foi ali que entendi: eu seria parte dela para sempre.
Curvada apenas diante de Deus,“Pela vida e pela fé” era o seu mantra. E ela o viveu com a consciência do dever cumprido. Não como quem coleciona méritos, mas como quem sabe que amar é o único legado que resiste a tudo.
Zezito foi seu primeiro e único verdadeiro amor. E isso diz tudo. Porque Eliete não era feita para amores passageiros. Foi feita para o eterno.
Hoje o mundo está menos:
Menos resoluto.
Menos pragmático.
Menos alegre.
Menos elegante.
Menos Eliete.
Mas quem foi filho do seu coração (como ela se referia a mim) sabe que ela não partiu, ela se perpetuou. E permanecerá em cada gesto de coragem, em cada prato bem feito, em cada ato de fé que resistirá ao tempo.
Eliete Amaral (veja AQUI) não será lembrada. Será sentida. Sentida como se sente o perfume de uma flor que já não está na roseira, mas sua essência permanecerá no ar nos inebriando para todo o sempre.
Beijo do seu filho do coração.
Vicente Neto é advogado
















































