Por Marcos Ferreira
Ontem à noite eu conversava ao telefone com o escritor e delegado de Polícia Civil Inácio Rodrigues Lima Neto, amigo que ganhei por intermédio deste blogue, mas que ainda não conheço pessoalmente. Enquanto eu papeava com Inácio, ela estava de olho em mim, rondando a mesa e a cadeira, querendo ouvir o diálogo. Talvez desconfiasse de que eu estivesse com Natália na linha. Juju tem uma paixão enorme por Natália. Já nem uso o aparelho no viva-voz para evitar os ouvidos da traquina, que reconhece a voz de minha noiva e fica em uma agitação tremenda.
Ninguém precisa me recordar de que só faz umas cinco ou seis semanas que escrevi sobre Juju. Pois é, aqui está ela em mais uma pose, capturada em uma fotozinha. Com quatro meses de idade, esbanjando saúde e beleza, dedica-me bastante atenção, carinho, chamegos e, obviamente, espera reciprocidade. Talvez eu esteja equivocado, como tantas vezes estou, no entanto lhes digo que ela é ansiosa e tão carente quanto eu. Súbito, com uma rapidez que me surpreendeu, peguei o telefone e fiz o registro fotográfico desse hábito que ela tem de saltar sobre meu colo quando me encontro à escrivaninha à procura de uma trama para redigir. Aqui, portanto, está Juju com o seu olhar cheio de indagações, repleto de uma ternura intrínseca à sua espécie.
Só me deixa continuar com a redação após receber uns minutinhos de carícias, afagos, dengos. A seguir vai aos recipientes da comida e da água e volta para o seu recreio canino com os brinquedos de borracha. Noutro instante se põe a mordiscar um osso desses encontráveis nos pet-shops do País de Mossoró.
Admito, para ser bastante franco, que até agora eu não tinha a menor ideia sobre o que produzir para o BCS — Blog Carlos Santos. É isso; fui salvo por Juju. Suponho que daqui por diante darei conta do meu compromisso dominical de lhes oferecer amenidades. Isto, portanto, é o que eu tenho para hoje. Com um pouquinho de indulgência e tolerância, quem sabe o leitor se contente com esta crônica em andamento. Eu sei que não é lá grande coisa, claro que não, contudo não me ocorre narrar algo mais interessante, prosaico e com um nível menor de receita caseira.
Além disso, tenho consciência de que eu (desde o ano passado) venho requentando demais a estratégia de escrever sobre o exercício de escrever. Mais uma vez, por gentileza, peço que perdoem este escriba sem outro tema para abordar. Dito isto, e dando a mão à palmatória, convém não me demorar neste assunto.
Porque, sendo de novo sincero, o que há de gracioso na página em tela não é outra coisa além da figura de Juju neste momento fofura. Os cães, assim como os gatos, são fotogênicos por natureza. Graças a isto, num puro lance de sorte, peguei o celular, posicionei-o com o temporizador ligado em cinco segundos e me dei bem com esse recurso tecnológico para produzir esta foto sem maquiagem, sem filtro. E se de fato uma imagem vale por mil palavras, conforme o adágio, posso até me considerar bem-sucedido na missão de dar à luz mais uma crônica para este espaço.
Adentro no mês de abril com esse artifício autocomiserativo, contando somente com o charme e a graça de Juju, esta feroz devoradora de ração. É sempre preciso tomar certos cuidados com ela, pois não tem o menor dó em puxar uma toalha da mesa, sumir com meus chinelos, abocanhar meus óculos e o telefone. Já me aprontou danações desse tipo recentemente. Juju é deveras impossível.
Marcos Ferreira é escritor