quarta-feira - 20/05/2020 - 19:50h
Aprendizado

Um alienado moderno

Por François Silvestre

Calma, não me refiro ao capitão e muito menos ao general. Esses são alienados jurássicos. Eles e seus adoradores.

Felipe esteve no Roda Vida da TV Cultura (Foto: reprodução)

Refiro-me a um sujeito que viveu e vive intensamente. Que leu razoavelmente bem, mesmo não o suficiente. Que esteve presente nos tempos da Ditadura nojenta. E aliou-se aos que resistiram. Denunciou o espectro infernal onde a nojeira da tortura infectava de sangue e sêmen o útero fedido dos seus cárceres.

Pois bem. Quem é? Sou eu. Sou confessadamente um alienado moderno. E provo.

Só hoje conheci Felipe Neto. E se é dia de confissão, pois todo dia agora é Domingo, confesso. Foi uma agradabilíssima surpresaMeu neto, seu xará, já o conhecia de longa data. E o seguia.

Felipe Neto me aparece feito Sinésio, o alumioso. Entrando em Taperoá, ao meio-dia, no Romance da Pedra do Reino. Que figura. Inteligente, fluente, simples, antenado e convincente.

Sou ou não sou um alienado moderno? O jeito é desalienar-me. Ensinou o sábio chinês que só envelhece quem perde a capacidade de amar, de aprender e de revoltar-se.

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domingo - 17/05/2020 - 05:50h

O funil do fanatismo

Por François Silvestre

Tudo tem limite. Tudo. A terra não é plana, mas limita-se. No entorno dela, aconchega-se a atmosfera. É um limite.

No momento em que um astro maior atrai um menor, que também o atrai, os atraentes se compõem e se limitam. Não fosse assim, o Sol engoliria a Terra e a Terra engoliria a Lua.

Isso não ocorre pela limitação gravitacional. Na relação direta do produto das massas e inversa do quadrado das distâncias. Newton descobriu, mas disse que o fez por postar-se nos ombros de gigantes.

Einstein subiu nos ombros de Newton e viu mais longe do que ele. Nos ombros de Einstein subiu Stephen Hawking.

Assim dito, o registro da tristeza de ver o fanatismo invadir o cérebro de pessoas inteligentes, de conhecimento antigo, professando estupidez como se dialética fosse.

Descrentes das divindades espirituais virarem adoradores de divindades humanas, e o pior, no que há de mais escatológico nesses adorados. Sem qualquer avaliação inteligente sobre o risco ridículo das suas crenças.

De tal natureza, que o limite da tolerância não se esgota. Mas se agasalha no limite da complacência.

E se Newton disse que descobrira coisas novas por postar-se nos ombros de gigantes, pensadores antes dele, o fanático inteligente usa ombros de anões pra ver mais perto do que poderia ver a sua própria inteligência.

François Silvestre é escritor

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sexta-feira - 15/05/2020 - 10:36h
Jogo do poder

O vampiro de novembro

Por François Silvestre

Pois é. Em Novembro uma vaga surge na caverna dos morcegos. Essa alegoria é uma brincadeira por semelhança plástica e não pelo comportamento dos membros da Corte. Quando eles vêm em fila, com suas becas talares, na direção da Sala das Sessões do Pleno, parecem enormes e sisudos morcegos.

Já se especula sobre vários candidatos à vaga do Decano, que sai por força da aposentadoria compulsória. O jus-integralista, feição tupiniquim do nosso fascismo, Ives Gandra Martins saiu do sarcófago forense em que repousava para fazer a defesa “jurídica” das estripulias verbais de Bolsonaro. Tudo com a capa de “proteger” a instituição da presidência da república. Papo.

A verdade é que seu filho, Ives Gandra, ministro do Tribunal Superior do Trabalho, novamente é candidato à vaga. Por que novamente? Porque já fora candidato, quando da vaga ocupada por Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer.

Outro candidato é o juiz bíblico Marcelo Bretas. E essa condição é bem forte. O próprio juiz já declarou numa entrevista à televisão que há muito tempo não ler outra coisa além da Bíblia. E usa a Bíblia para fundamentar sentenças, fazendo a ressalva de que só a usa “nos seus textos históricos”. Da literatura em geral, nunca foi leitor. De Direito, estudou o suficiente para passar em concursos.

Da doutrina jurídica, prefere a Bíblia como genérico da medicação. É um forte candidato.

O atual ministro da justiça também é candidato. Nada posso acrescentar sobre ele porque nada sei. Mas substituiu Sérgio Moro, o primeiro e invencível candidato, que foi defenestrado. Tem chance.

Há outros candidatos, cuja condição de “terrivelmente evangélico” pesa mais do que notório saber e reputação ilibada. São muitos.

Porém, um novo nome aparece na ribalta. Augusto Aras, atual procurador Geral da República. Esse nome carrega um peso metafórico nessa história da caverna dos morcegos. Por quê?

Porque o morcego usa uma tática para não espantar sua presa. Ele abana, com a asa, a parte a ser afetada para anestesiá-la, e só depois ferroa. Isto é, abana e ferroa.

Ele apenas inverteu o processo, na relação com o presidente que poderá indicá-lo. Qual seja, ferroou primeiro para abanar depois. Pediu a abertura do inquérito, ferroada. Com isso, sinalizou independência. Agora, faz de tudo para esconder a culpa (dolo) de Bolsonaro.

Fala e age como se advogado de defesa fosse. Tudo para preparar a motivação de arquivamento do inquérito. Abano. Morcego esperto.

Bem. Quem será, não se sabe. Talvez nenhum dos citados. O certo é que será uma única vaga em Novembro. Um satisfeito. E vários ressentidos.

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quarta-feira - 13/05/2020 - 19:42h
Brasil

No duelo de frases…

Por François Silvestre

…pinicos se fartam. Branchu, o filósofo parisiense perdido nas madrugadas do cais de Santa Rita, no Recife da triste melodia, dizia com muita reflexão: “Fora do buraco, tudo é beira”.

E de pinicos, o duelo que mereceu registro literário foi entre Samuel e Clemente, num dos momentos geniais do humor de Ariano Suassuna, na obra ímpar “O romance da pedra do reino”.

Dá pra misturar genialidade e pinico? Dá. Até porque o escatológico tanto trata de Deus, no fim do mundo, quanto do resultado da merda no mundo dos vivos. Vejam no dicionário, antes de me incriminarem.

Os exames de Aírton e Rafael deram negativos para o corona vírus. O que tem a ver com os pinicos? Tem sim. Aírton e Rafael são Bolsonaro. Quando você vai se vacinar contra gripe precisa identificar-se, com toda burocracia. É da lei. Aírton e Rafael não precisaram. E fizeram o exame com nomes falsos para depois, após a palhaçada de cobrança, feito pierrôs e arlequins, dizerem: “Eu sou um só, e me chamo Bolsonaro. Tô e sou negativo”. “Operante positivo”, respondeu o general Heleno.

Taí. Depois, vem o vídeo da reunião ministerial, que segundo o próprio Bolsonaro não haverá mais. “Não farei mais reunião ministerial”. Isto é, fechou o cabaré.

E pra concluir no rumo da filosofia de Branchu, “O que é um peido pra quem tá todo cagado”? Nada. Na briga entre Bolsonaro e Moro, só tem caráter o feminino. Como assim? perguntaria Giovana. Briga, que é feminino, é a unica coisa que tem caráter entre Moro e Bolsonaro.

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segunda-feira - 11/05/2020 - 21:30h
Na república

Crápula? Sempre tem um pior

Roberto Jefferson: outro presidente (Foto: Folhapress)

Por François Silvestre

Essa teoria recebe agora um recheio de confirmação. Pra quem achava que não haveria crápulas piores do que o time bolsonariano, dos filhotes e cúmplices, dos Queiroz, do ministraço de relações exteriores e do seu irmão siamês da educação e finalmente da namoradinha do Brasil, taí confirmado. Um crápula, que se escondia na penumbra do chiqueiro, disfarçando com a lama de porco a sua lama de vida, botou o focinho de fora.

Roberto Jefferson. O quadrilheiro, corrupto e ladrão confesso. Mamou e roubou do erário durantes décadas. Bajulou Brizola, foi baba-ovo oficial de Collor, paparicou Lula e dividiu com Zé Dirceu a liderança de uma quadrilha. Preso, depois tornozeleira eletrônica, prisão domiciliar. Ainda não terminou de cumprir a pena por corrupção. E só no Brasil, um bandido confesso, condenado, dirige um partido político.

Lembram quando ele disse a Zé Dirceu: “Zé, saia daí, para não sujar um inocente”. Quem ele chamava de inocente? O mesmo Lula, que hoje ele chama de ladrão. Mas naquela hora Lula ainda era presidente, e ele, cretino profissional, queria continuar mamando.

Pois bem. Nenhum dos crápulas citados antes consegue chegar ao nível de crapulice desse sacripanta consagrado. O rei dos pústulas.

Agora o governo se completa. Tem em Roberto Jefferson o porta-voz de Bolsonaro junto ao Congresso. Será que ainda tem um pior?… Deus nos salve!

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sexta-feira - 08/05/2020 - 21:35h
Brasil

De cultura e sucata

Por François Silvestre

Ou da sucata na cultura. Vamos aos conceitos. Cultura é tudo que o homem criaproduz, transforma ou inventa em convívio ou confronto com a natureza. O inverso é de origem natural, inclusive o próprio homem.

Quando um ancestral nosso usou um rebolo para derrubar uma fruta, nascia ali um objeto cultural. Lá no terreiro da caverna, ainda no som gutural sem organização vocálica.

O tempo, estuário da História, em que ela se realiza sem controle dos protagonistas, altera tudo. Inclusive a forma de compreensão dos conceitos.

Daí que a palavra cultura sofreu e ainda sofre alterações semânticas. Como todas ou quase todas as palavras. Algumas morrem, pelo desuso. E um desses sentidos dados à palavra cultura é de acúmulo de conhecimentosFulano tem cultura, ou fulano é culto.

Pois bem. Nessa confusão de gerência de órgão cultural, vem a pergunta: O indicado tem cultura? Não vejo necessidade desse atributo. Posto que ele poderá ser suprido pelo bom senso ou por assessoria competente.

Assim como não precisa ser culto para exercer a presidência da República. Não. Se você fizer um passeio pelos nomes dos nossos presidentes, poucos merecem a adjetivação de culto. Poucos.

Mas há um atributo indispensável para exercer a presidência da República ou qualquer órgão diretivo da cultura. Esse atributo é a COMPOSTURA.

Bolsonaro tem cultura? Não. Isso faz falta? NãoBolsonaro tem compostura? Não. Isso faz falta? Faz. Um presidente sem compostura não tem legitimidade moral para exercer o cargo. Regina Duarte tem cultura? Não. Isso faz falta? NãoRegina Duarte tem compostura? Não. isso faz falta? FazUma diretora cultural sem compostura não possui legitimidade moral para dirigir a cultura. Ponto.

Daí é sair de rainha da sucata para peça da mesma, no meio das tranqueiras. De carburador pifado a virabrequim desmontado.

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quinta-feira - 07/05/2020 - 20:08h
Lá no STF

Avacalhação da latada

Por François Silvestre

Não foi muito cansativo o trajeto. Do Palácio da presidência ao prédio do Supremo, tão perto, nem produz suor. Aliás, suor é resultado de trabalho ou esforço. Coisa que o presidente da república desconhece. Esperto, sempre sua pela boca.Ele caminhou com ministros, empresários e seguranças para invadir o prédio da corte suprema da justiça. Triste justiça, tosca presidência, mediocridade empresarial.

E o presidente da Casa, caverna dos morcegos, é um símbolo da sua composição. Advogado de Zé Dirceu, reprovado em dois concursos para juiz, quase não passa na “sabatina” do senado, que sabatina domingamente, citado pelo ex-cliente como “o charlatão togado que enganou todo mundo”. Foi assim que Zé Dirceu referiu-se a ele e ao colega Fux.

Pois bem. O que deveria ter feito Toffoli? Por delicadeza de hospitalidade, ante visitante tão penetra? Deveria ter oferecido água, café e a porta da frente como serventia da casa.

“Aqui não é o lugar apropriado para fórum de discussão sobre problemas políticos, de economia nem de solução para saúde”. Aspeei o que deveria ser dito e não foi.

E o que ainda restasse de dignidade ante a invasão, convidava todos a retirarem-se. Mostrando a serventia da porta por onde entraram.

Mas a latada fora invadida e devassada! O que falta para chegar à cozinha da suprema corte?

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quarta-feira - 06/05/2020 - 17:50h
Opinião

A arroba que não acrescentou meio quilo

Por François Silvestre

Foi o depoimento de Sérgio Moro, por oito horas, à Polícia Federal. Nem poderia ser diferente. A menos que, no intervalo entre sua saída e primeiras declarações, houvesse gravidade omitida por ele.

Entenderam? Só nesse intervalo de tempo ele não seria cúmplice. Qualquer outra declaração antiga, de dois meses para trás até seu ingresso no governo, poderia incriminar seu chefe, sim. Porém, entretanto, mas porém, (né mesmo Zé Limeira?), incluiria o denunciante na condição de coautor.

Não há crime de Bolsonaro, na área de justiça ou segurança, policial ou de influência indevida, de dois meses para trás que não tenha Sérgio Moro como cúmplice. Claro como a fonte de Pureza.

Então seu depoimento é um teatro de longo curso para não chegar a porto nenhum. Tentativa de navegação sem vento. Numa caravela de piratas, com tripulação promíscua, sujeita a escorbuto com escassez de limões.

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terça-feira - 05/05/2020 - 08:20h
Brasil real

A ameaça do bufão

Por François Silvestre

Essa ameaça de Bolsonaro sobre “chegou no limite” e “quase houve uma crise institucional” é tudo bufa. No sentido flatulente do termo. Merda nenhuma. Só bufa.

Tanto é que recuou, do verbo reculare latino, que significa marchar da direção do fiofó, e não repetiu a nomeação do seu amigo “in pectoris”. Também do latim.E aí pôs um amigo do amigo rejeitado, de menor quilate, mas que também late. Com ou sem quilo. Ou como diria Jânio, “fi-lo, qui-lo, mas caí-lo”.

Tem porra nenhuma de crise institucional. Tem crise de caráter. Nenhum país do Mundo ousa brincar de politicagem numa hora dessas. Nenhum. Só o Brasil, porque não tem governo.

Não fez nada, nem na economia nem da segurança nem no combate à corrupção. Nada. As reformas, também de mentira, foram obras do Congresso. Que será cobrado pelas duas grandes farsas. Tanto na da Previdência quanto na Trabalhista. Duas roletas que giram sem saída.

Bolsonaro é um bufão cercado de cagões. Agora mesmo, ele desesperado corre em busca da fatia suja do Congresso. Da qual ele sempre fez parte, e a traiu para ganhar a eleição. Com a colaboração ostensiva do petismo, que não teve a grandeza de entender-se rejeitado. E colaborou com o resultado.

Mas, essa conversa de golpe com apoio das Forças Armadas é uma chantagem cujos chantageados não existem. E se não existe chantageado com rabo preso, não há eficácia na chantagem. Nem medo. Medo de quem, desse bosta? Sostô, como diz o matuto.

Povo na rua? Povo de carros importados e camionetes de luxo? O povo, se é que somos, na sua parcela digna, honesta, patriota, sensata, lúcida, não fanatizada nem imbecilizada, está em casa. E só sairá de casa quando a ciência decidir. E aí sairá, inclusive pra tapar o bueiro da fossa. Onde os idiotas bufam.

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sábado - 02/05/2020 - 15:26h
Lá atrás

O dia em que Moro caiu

Por François Silvestre

O ex-juiz e ex-quase futuro ministro do Supremo, agora candidatável até à presidência da República, não caiu no dia em que rebelou-se com a demissão do seu menino de ouro da PF do Paraná.

Nem no dia em que impediu o fatiamento do “seu” ministério em dois, Justiça e Segurança. Que juntos nunca fizeram justiça nem promoveram segurança. Moro bateu o pé manteve a junção.

Nem no dia em que discordou de Bolsonaro sobre a sanção do juiz de garantias .

Nem quando foi apanhado pelas revelações de suas ligações parciais com promotores e investigadores, em processos submetidos à sua apreciação.

Não. Há um dia D na queda de Moro. Sua Normandia invadida. Sem que ele percebesse, pois nada de bombardeio. Uma brigada do rancor, com tanques sutis e invisíveis.

Que dia foi esse? No dia em que Sérgio Moro, juiz e ídolo de grande séquito, esnobou a continência que Bolsonaro lhe prestou, numa lanchonete de um aeroporto.

Eu tinha minhas dúvidas, após ser alertado por Chico Preá. Porém, foi o próprio Bolsonaro quem dissipou as dúvidas.

No seu pronunciamento, respondendo a Moro, ele declara lembrar-se exatamente desse dia, do local e da hora do evento. Foi ali que Moro caiu, antes de ter subido.

“Não chorei, pois se dissesse estaria mentindo, mas fiquei muito triste”. Disse Bolsonaro. Taí. Ele não esqueceu nem perdoou. Principalmente pela repercussão negativa na mídia, com gozações a Bolsonaro. Preparou o plano de vingança, meticulosamente, como agem os rancorosos vingativos.

E pra isso prometeu tudo. Vaga na caverna dos morcegos, porteira fechada de indicações e prestígio de super ministro. Depois, foi desidratando. Até deixá-lo light. E vulnerável à queda.

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quinta-feira - 30/04/2020 - 13:32h
Lá em Brasília

Atos, fatos e bufa

Por François Silvestre

Moro odiava Lula, que odiava Bolsonaro, que amava Moro e agora se odeiam (como li num comentário aqui). A farsa bufa não comporta amor. Tudo termina em ódio, mas na condição bufa desta farsa todos os odiantes podem virar amantes e os amantes virarem odiados. Portanto, é um ódio com método. E o amor não tem nada a ver com isso.

Os que detestaram o Supremo quando impediu a posse de Lula, agora elogiam o mesmo por impedir a posse…de quem mesmo? num sei, mas impediu. Virou a roleta, os satisfeitos de ontem estão irados agora. E os irados de ontem, rindo da bufa recente.Por isso que os integrantes do governo não usam máscara, para absorver o odor completo. Mesmo que o significado de bufa, no texto, tenha outro sentido. Mas cada um sente como quiser. De sentir, pensar. Ou de sentir, cheirar.

Quando Moro expôs aquela catilinária, de Lúcio Catilina e não de culinária, ainda era Ministro de Estado da Justiça. Não fora ainda demitido. Portanto, portador legal da prerrogativa de fé pública.

O que Alexandre de Moraes fez foi acautelar-se de uma denúncia de crimes, prerrogativa de prevenção de improbidade. Controle preventivo.

Isso é um fato. Não confundir com fato que produz bufa. São homônimas, homófonas, homógrafas, mas não sinonímicas.

Aí vem o inquérito a ser instaurado pelo procurador geral da República, com autorização do Supremo e julgamento pelo mesmo, após autorização da Câmara dos Deputados. Sem autorização, arquivo.

Nesse processo, alguém acha que o procurador geral da república vai investigar Bolsonaro? Vai não. Ele é candidato à vaga prometida a Moro no Supremo. Vai investigar Moro por crime de denunciação caluniosa.

E aí vem mais um ato da peça. Ironia bufante. Sérgio Moro, que sempre pôs a convicção acima da prova, entrará no inferno astral da exigência probatória. É ele agora que terá de apresentar provas, e não convicção, de que não cometeu crime de denunciação caluniosa. Vejam vocês…e baixe o pano.

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domingo - 26/04/2020 - 20:10h

Idolatria, mal atávico

Por François Silvestre

A idolatria é a superação individual do fanatismo. A necessidade de transferir para o ídolo todas as frustrações, deficiências e carências. E nessa transferência, o idólatra se purga. É uma catarse de purificação.

Um passeio pelo purgatório.

É do nosso tempo? Não, não. É de todos os tempos.

A idolatria sustenta o déspota, e o iconoclasta quebra o mito.

Quando esse fenômeno, conhecido de tempos da incultura mais vertical, da mais brutal dominação das mentes, seja nos templos do paganismo ou nos mosteiros cristãos, na violência mais inominável da intolerância, da cobrança que exige a abolição do pensamento livre ou individual, aí você vai encontrar a idolatria nas suas mais variadas formas.

E quem se opuser será o iconoclasta a ser expurgado.

Exemplificar enfraquece a força abstrata do pensamento filosófico.

Por isso, em respeito a este texto, não exemplifico.

Taí o Brasil.

François Silvestre é escritor

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  • Repet
sábado - 25/04/2020 - 13:00h
Brasília

Nem precisou do Intercept

Por François Silvestre

As mensagens trocadas entre Sérgio Moro e a deputada federal Carla Zambelli (PSL/SP)revelam um festival que nada tem de digno ou republicano. E por sacanagem do destino, é o próprio Moro quem põe tudo ao alcance do público.

A deputada, militante confessa da extrema direita, usa os mesmos argumentos que Moro usou contra o The Intercept.

Moro foi padrinho, muito festejado, do casamento da deputada federal Carla Zambelli (Foto: G1)

Duvida da seriedade e honestidade de Moro, seu padrinho de casamento, e diz que ela foi induzida àquele diálogo. Como induzida? Foi ela quem propôs a negociação da vaga do STF. Ou melhor, propôs a data da indicação. Porque o acerto era antigo e original entre Bolsonaro e Moro.

Ela vai mais longe na sua militância de patifaria. Informa que moveu meio mundo para Michel Temer nomear Ives Gandra Martins Filho para a vaga que Temer indicou Alexandre de Moraes.

A indicção de Temer, diferentemente das indicações do PT, prestou serviço ao Brasil e à Justiça. Evitou a ida do senhor Ives Gandra, fascista hereditário, cujo pai é um extremista de direita bem manjado.

Essa deputada me lembra uma resposta de Último de Carvalho, deputado de Minas, quando alguém lhe informou que a deputada Ivete Vargas estava “dando” para o também deputado Afonso Arinos. A resposta: “Não me interessa que a Ivete Dê, nem sei se a Ivete Dá. Sei que ela é Deputada sem o  e sem o “.

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sexta-feira - 24/04/2020 - 21:42h
Opinião

República do monturo…

Por François Silvestre

…e se chafurdar no esgoto dos adjetivos a qualificação dessa república será tudo, menos pública e muito menos republicana.

Esperei ouvir opiniões, as mais diversas, sobre os desfecho da defenestração do ex-juiz e agora outra vez ex Sérgio Moro. Do mau uso da língua, dos enviesados jurídicos, do comportamento parcial, o paladino Sérgio Moro era tudo, menos um julgador sereno. A serenidade na sua postura e na sua fala não reflete a fisionomia lombrosiana que sua toga escondia.

Mas não se faz história do futuro. É do passado que se faz. E o presente é apenas uma lâmina da navalha cortando intenções e rasgando a roupa da hipocrisia.

Bolsonaro: máscara (Foto: Web)

Sérgio Moro trocou uma carreira na Magistratura, no auge da fama e popularidade, pelo canto de sereia de uma toga na mais alta corte do país. Há coisas que nenhum desmentido consegue esconder, essa promessa é uma delas.

Resumo. Trocou a carreira, legitimada por concurso público, por uma nomeação ad nutum, com demissão à vontade do nomeante. Tudo para cumprir o sacerdócio do combate à corrupção. Coisa que o Ministério da Justiça não tem competência, abrangência nem condições administrativas para realizar. Esse combate é da área policial judiciária, do Ministério Público e por fim do Judiciário. Ponto. Ele prometia uma ação impossível. E saiu sem ter sequer começado a tentar. Tudo só na conversa.

Ocorre que a nossa população, pré-povo, endeusa e sataniza numa rapidez que nem Deus nem o Diabo conseguem alcançar. Moro foi endeusado, como o fora Joaquim Barbosa, hoje esquecido. E Bolsonaro sentia ciúmes desse mito lhe fazendo sombra.

Parecia ao capitão que seu ex-juiz, para quem batera continência, queria voos mais altos. Inclusive o lugar do próprio capitão. E o pior, começava a ensaiar um processo de independência no trato com investigações que se aproximavam da família “real”, o que tira o sono do capitão e dos seus pimpolhos.

O resultado foi o conhecido, com o desfecho de hoje. O que fez Sérgio Moro, agradeceu e despediu-se? Não. Jogou merda e muita no ventilador de Bolsonaro.

O depoimento do ex-juiz é um libelo acusatório pronto e acabado para iniciar qualquer investigação ou procedimento criminal contra o presidente da república. Ou procedimento político de impedimento.

O que ele conta deixa claro que Bolsonaro fez um passeio longo e largo pelo Código Penal e demais legislação criminal. Falsidade ideológica, concussão, prevaricação, desvio de função, desvio de conduta, crime contra a administração pública, crime contra a ordem constitucional, chantagem, ameaça a servidor público, tentativa de indução à prevaricação e etc, etc, etc.

E o mais grave, para o próprio Sérgio Moro, é que ele deixa escapar que não sairia se o presidente houvesse esperado o dia seguinte, para negociarem as novas nomeações. Coisa que os militares estavam arrumando. Mas, ao ser surpreendido pela publicação da demissão do seu subordinado, em plena madrugada, ele decidiu sair. Quer dizer, ficaria no governo, mesmo com o chefe delinquente, desde que seu prestígio fosse mantido. Delinquência que ele próprio tornou pública.

É ou não é uma República agasalhada no monturo dos adjetivos?

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Categoria(s): Artigo / Política
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domingo - 19/04/2020 - 20:00h

Extremos…fujo

Por François Silvestre

Não que seja sujo. Só extremo. Mesmo limpo, fujo.
Vejamos alguns. Só dois, sem extremada ira.
Apenas visão do meio.
Pois são tantos os extremos que aqui não caberiam.
Por isso, só dois.
O intelectual e o imbecil.
Do antigo ao atual, estão ambos no cio.
Cada um na ponta mais oposta do outro,
tocando-se no fechamento do ciclo,
cento e oitenta graus de distância aparente.
Dois parentes.
Um sabe quase tudo, mesmo do que não sabe,
escreve mal e se expressa pedantemente.
É o intelectual.
O outro nunca leu nada, nunca aprendeu nada,
mas sabe de tudo. Falava sobre tudo antigamente,
agora, com a net, também escreve.
E escreve tudo que lhe sai do intestino.
Intestino, o cérebro do imbecil.
O intelectual usa o cérebro para encher o saco do cérebro alheio.
O imbecil usa o intestino para mostrar que nosso cérebro é tão pequeno…

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Poesia
domingo - 12/04/2020 - 09:42h

O “novo” e a Páscoa

Por François Silvestre

Sai um carro novo, de qualquer marca, e logo é superado por outro mais recente. Isso ocorre com geladeiras, celulares, computadores. E com gente. Ninguém, ninguém mesmo, continua novo.

Até que aparecesse esse vírus em forma de coroa, que por sinal é sinônimo de velho entre nós os humanos, o “novo” corona vírus. Ele não envelhece.Já notaram que no rádio, nos jornais, na televisão, nas entrevistas, nas reportagens todo mundo refere-se a esse ente como o “novo” corona vírus.

Até o ano novo dura pouco de novidade. No dia dez de janeiro, já não é mais ano novo.

Mas o vírus vai morrer “novo.

E a páscoa, o que tem com isso? Nada.

Só pra lembrar uma curiosidade alertada pelo Mongol, (Wellington) lá de Remanso, da Bahia, que é a nova Remanso, pois a velha foi engolida pela Barragem de Sobradinho. Mas ninguém a chama de “nova”.

O que lembra ele? Que Jesus Cristo só tem data de mês no nascimento. 25 de Dezembro.

Na morte, a data do mês inexiste. Ou existe variadamente. Só tem data da semana. Sexta-Feira.

O mês que se vire.

E olhe que nem é um “novo” calendário…

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Crônica
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quarta-feira - 08/04/2020 - 14:52h
Crônica

Minhas mãos alcoólatras

Por François Silvestre

Elas são tudo, mas sempre relegadas ao secundário imerecido. Pois é da condição do polegar opositor aos outros dedos que o ancestral nosso diferenciou-se dos seus primos macacos para evoluírem até onde chegamos. Sem esse polegar tocando a ponta dos outros dedos nós não existiríamos. Nem a tecnologia.

Mas, como tudo que parece fácil e simples, as mãos raramente ocupam lugar de destaque na preocupação médica. Elas pegam as coisas, sustentam a arrumação, tocam punheta. Tudo muito natural. Tão natural que são esquecidas. As unhas, que são os cascos dos dedos, as mulheres enfeitam, os homens cortam e os exóticos exibem.

Mas isso é outra história. Vou tratar das minhas mãos. Sou um dependente de bebida alcoólica. Não vivo sem o álcool. Melhor dizendo, sem cerveja. Bebo quando quero, mas quero todo dia. Não abro mão da cerveja da tarde.

Quando preciso não beber por qualquer motivo, tiro de letra a abstinência. Para tratamento médico ou cirurgia, que já fiz duas de catarata. E cumpro sem problema. Ou como dizia Aluzio Alves, nas campanhas que fizemos, do mesmo lado ou de lados opostos, “você é um bebo manso”. E sou.

Até agora reclamavam da bebida o fígado, o pâncreas, o pulmão, o intestino, o esôfago, o reto, os rins e até o fiofó. Hemorroidas que o digam.

As mãos? Só pra levantar os copos. Excluindo suas atividades eróticas. Mas em matéria de farra alcoólica, foram sempre secundárias. Chegou a vez delas. banhadas de álcool constantemente. Rindo dos órgãos de dentro.

E as vejo alegremente limpas pedindo mais…

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Categoria(s): Crônica
segunda-feira - 06/04/2020 - 15:20h
Opinião

Somos a humanidade?

Por François Silvestre

Essa é uma questão que levantei há tempos. Se nós somos mesmo a humanidade, decorrente da evolução dos nossos ancestrais primatas. Que viemos daí não há dúvida, pois qualquer outra tese levará à explicação criativa pelo sopapo. Faça-se isso e isso está feito. De tão infantil, não trato disso.

Nos últimos cinquenta anos nós evoluímos em tecnologia mais do que nos últimos quinhentos anos. E num compasso dialético nós regredimos em convívio com a Natureza, maltratando-a, nos últimos cinquenta anos mais do que nos últimos cinco séculos.

Essa conta a Natureza cobra.

Quando Edward Jenner, no Século Dezoito, observou na ordenha das vacas, que as mulheres acometidas das mesmas feridas que matavam pessoa na cidade, ao contato com a varíola bovina, imunizavam-se da peste urbana, nascia a vacina, de vacum, vaca.

Era original a descoberta de Jenner? Para o Ocidente, sim. Porém, os chineses há dois séculos antes já haviam descoberto a vacina.

Contra a mesma doença. O que faziam? Trituravam a casca da ferida seca de um doente e sopravam, num canudo, o pó dessa trituração no nariz de um sadio.

Ele estava imunizado.

Mas essa não é a discussão a que me proponho. Repito a pergunta: Somos a humanidade? Cumprimos o papel evolutivo que sacrificou a existência dos nossos ancestrais? Posto que desapareceram para dar lugar a nós. Não somos descendentes dos macacos existentes, descendemos de parentes deles que deixaram de existir para que ocupássemos seus lugares na Terra.

Para a evolução darwiniana, tudo aconteceu num processo natural de adaptação, superação e sobrevivência. Para o conhecimento deísta não fanático, da escola do Pe. Teilhard de Chardin, no seu fantástico Fenômeno Humano, foi assim que aconteceu, evolutivamente, sob a arbitragem de Deus.

A pergunta é: Somos a humanidade? Qualquer delas. A dos deuses gregos, moradores do Olimpo?; dos deuses caldaicos, quando a deusa Istar, do amor, ameaçou Anur, deus do tempo, de suspender por um segundo a sinfonia do erotismo universal?. De Tupã, nosso pobre deus dos Tupis?. A humanidade dos loucos, dos sábios, dos santos, dos gananciosos?

Não. Não somos ainda a humanidade. E nem sabemos se daremos a ela a chance de existir. Nós, pré-humanos, estamos de marcha batida para evitar o nascimento da humanidade que anseia por nascer. Infectamos diariamente o nosso útero. Diferentemente do que fizeram nossos ancestrais, sacrificados para que nascêssemos.

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Categoria(s): Opinião
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quinta-feira - 02/04/2020 - 07:38h
Crônica

O mundo virou Paris?

Por François Silvestre

Dizia Newton Navarro, pintor de cajus sem travo, poeta de palavras e gestos, que em Paris todos os dias eram Domingo.

Completava aquele verso de Valfran de Queiroz, definindo Paris: “Uma maçã no meio do caminho”.

Pois bem. O mundo virou uma Paris opaca, a negar o apodo de Cidade Luz. Por que essa comparação?

Porque nesse tempo de isolamento, confinamento e distâncias você não sabe que dia é da semana, ao acordar.

Todos os dias são Domingo.

Assim mesmo no singular, posto que são dias igualmente chatos. E o Domingo só é alegre para as crianças. Para os vividos o Domingo é apenas o anúncio da Segunda-Feira.

Agora, nem isso. Porque a Segunda não vem. E da Terça-Feira em diante todos os dias sumiram da lembrança ao amanhecer do dia. E na televisão a novidade é a mesma do dia anterior.

Apelo a Albert Camus, “com tanto sol armazenado na memória como pude apostar no absurdo”?

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Categoria(s): Política
terça-feira - 31/03/2020 - 07:38h
Da caserna

Os militares

Por François Silvestre

Vejo nas folhas que os militares do governo defendem Bolsonaro. Onde está a estranheza? Normalíssimo. Quem está no governo defende o governo. O militar é um disciplinado por força de lei e por princípio de vocação. A hierarquia militar não permite questionar a ordem superior.

O tenente diz ao sargento: “Abra a torneira e deixe sair água à vontade”. O sargento discorda, mas pergunta: “É uma ordem”? O tenente responde: “É uma ordem”. Aí o sargento abre a torneira e deixa a água perder-se. É uma ordem equivocada, mas não ilegal.

Porém, o regimento militar abre exceção. Quando? Quando diz que o subordinado não se obriga a cumprir ordem manifestamente ilegal.

Dissesse o tenente ao sargento: “Abra a torneira e jogue água até bloquear o trânsito”. O sargento não precisaria perguntar se era uma ordem. Bastaria descumpri-la, por ser manifestamente ilegal.

Uma coisa são os militares do governo, outra coisa são os militares dos quarteis.

Lição não escrita do manual militar: Não tema o que seu inimigo quer contra você, tema o que ele pode contra você.

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Categoria(s): Artigo / Opinião
  • Art&C - PMM - Maio de 2025 -
sexta-feira - 27/03/2020 - 18:16h
Opinião

Fuja da TV – Quarentena televisiva

Por François Silvestre

Ou mude de canais. Onde houver notícias sobre coronavírus, mude. Não há mais nada que não se saiba. É preciso o isolamento? É.

Tudo que já foi dito sobre os cuidados a seguir. Higiene, máscaras, isolamento. Tudo já foi dito sobre os sintomas. E todo mundo já sabe que só deve procurar unidades de saúde com sintomas graves. Mas essa maratona televisiva está fazendo mal. MUITO MAL. Imagine alguém com dor de dente ouvindo o dia todo notícia sobre cárie dental. Ou com dor de cabeça, ouvindo sobre enxaqueca. Ou com diarreia, ouvindo que não coma buchada de bode.Isso tá acentuando para graves sintomas pequenos. Que povinho sadomasoquista. Tudo em nome de audiência e de falsa preocupação com a saúde pública. TERRORISMO televisivo. FUJA. Mude de canal. Tome sol no quintal, na varanda, tome uma pinga, um vinho, uma cerveja e veja esporte na televisão. Eu peguei essa merda.

Controlei bem os sintomas. Mas só comecei a melhorar quando deixei de ver e ouvir esse amontoado de imbecilidades. É uma disputa de putas ignorâncias.

Ouça os médicos. Não os da televisão, que são obrigados a fabricar respostas “inteligentes” para perguntas imbecis.

Faça uma experiência. Continue isolado, mas para de ver noticiários televisivos e veja se você não se sentirá melhor.

Somos todos passiveis de sugestão. Muitos são hipnotizáveis. Esse noticiário massacrante diário é uma hipnose coletiva criminosa. No início prestou serviço, agora presta-se ao sadismo.

Notícia ruim repetida constantemente produz contágio. CHEGA!

Num tem mais ladroagem, nem banditismo, nem falcatrua? Num tem mais mentira politica? Num tem mais falta de saneamento? Num tem mais tráfico de drogas pra noticiar? Tô com saudade de vocês quando eram cretinos sem sadomasoquismo.

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Categoria(s): Artigo / Opinião
domingo - 22/03/2020 - 22:04h

Uma lição para nós, os idiotas

Por François Silvestre

Estou vendo agora na Globo News, neste momento, um festival de estultice que supera a própria ignorância educacional do nosso povo. Todas as recomendações de elementar prevenção são truísmos desnecessários.

A jornalista, jovem e risonha, que fala mais do que o entrevistado, como o faz no programa da tarde, é uma doçura de bobagem. Entrevista um senhor e uma senhora.

Um senhor quase gordo, de óculos intelectuais, professa sobre cuidados. Todos os cuidados que todos tem ouvido diariamente. E diz: “Não passe a mão no rosto”.

É uma lição do carái.

A senhora, de blusa roxa, olhar brilhante, ensina: “fique em casa, leia um livro ou aproveite para escrever suas memórias”.

Pra quem ela está falando? Pra mim não é, que nem quero ler livro nenhum nem escrever minhas memórias de merda, nessa bosta de prisão sem delito.

Deve ser pros habitantes da Rocinha, do Santa Marta, do Caju, Providência, Meyer, o escambau.

O Rio virou espanto/ As pedras que cercam a cidade/ continuam
belas/ mas a cidade cercada por elas/ nem Tanto.

E essa gente patife da televisiva informação deveria pelo menos respeitar a (in) cultura da nossa gente. Porque eles são cúmplices da deseducação estabelecida.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo
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