O Hospital Wilson Rosado (HWR) não deve paralisar os atendimentos da sua UTI Pediátrica. O despacho nesse sentido foi dado pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Mossoró, Pedro Cordeiro Júnior.
No enunciado, ele assevera que o hospital deve “se abster de qualquer paralisação do serviço de leitos da UTI pediátrica, bem como de criar obstáculos ao acesso de usuários do SUS aos referidos leitos até a apreciação da liminar pleiteada ou, se for o caso, ulterior deliberação deste juízo (…).”
Acrescentou ainda que fica “o réu desde logo advertido de que todos os atos praticados em descumprimento à determinação deste magistrado ficarão sem efeito, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, por atentado à jurisdição, inclusive responsabilização criminal”. Mais claro, impossível.
Diálogo
Num comunicado em seu portal na Net, após decisão do juiz, a Prefeitura de Mossoró voltou a sinalizar com interesse em encontrar saída para o impasse financeiro de cinco meses e mais de 717 mil reais com o HWR. Disse que “mantém o interesse no diálogo” e está aberta à negociação.
Pediu ainda “sensibilidade com o momento de crise” e que o HWR “reconheça os esforços da gestão na resolução do problema”. Ontem, a municipalidade já tinha emitido uma nota confusa (veja AQUI).
Devedora, a Prefeitura imprimiu discurso humanitário ao final do texto: “Mais que isso, que pense nas vidas de crianças que poderiam ser ceifadas caso a UTI viesse a ser fechada.” Deve e não nega, mas não sabe quando vai pagar.
Cláudia Regina
Por sua vez, o Wilson Rosado informou essa tarde – antes do pronunciamento da Justiça – que “temos hoje oito crianças internadas na UTI Pediátrica” e antecipou que não atenderia a mais nenhuma criança (veja AQUI).
Essa estrutura de alta complexidade foi instalada dia 10 de abril de 2013, na gestão da prefeita cassada e afastada Cláudia Regina (DEM). Dia 23 do mesmo mês recebeu seu primeiro paciente.
Tudo poderia ter sido diferente e melhor antes. A clínica infantil privada Uniped, que fechou por falta de meios para se manter em atividade, tinha seis leitos para esse serviço e não conseguiu credenciá-los na era Fafá Rosado (DEM, hoje no PMDB).
Tomaz Neto
O médico hematologista Cure de Medeiros chegou a manter dez encaixotados por mais de três anos (veja AQUI). Nunca teve apoio para fazê-los úteis em Mossoró. Entraves politiqueiros não deixaram.
O Governo Estadual Rosalba Ciarlini também nunca concluiu obra com esse fim no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM).
À época, o vereador Tomaz Neto (PDT) mobilizou Câmara de Vereadores e levou colegas ao HRTM, onde foi encontrada a saída emergencial para o problema.
O diretor-geral – médico Eider Medeiros – sugeriu o caminho da rápida instalação da UTI, por iniciativa da Prefeitura, com dispensa de licitação em face da excepcionalidade. Assegurou que existiam meios para que em poucos dias isso pudesse ocorrer.
Obras no HRTM estavam sem perspectivas de conclusão, adiantou o diretor. Até hoje não foram concluídas, que se diga.
Ana Raquel
Tomaz levou a proposta à imprensa e à prefeita. Provocou o tema novamente na Câmara de Vereadores. Num debate acirrado, ele foi desdenhado e contestado por setores da bancada governista. Afirmavam ser “inviável” essa agilidade.
Minutos depois, em plena sessão do Legislativo no dia 3 de abril de 2013 (veja AQUI), a assessoria da prefeita ligou e assegurou que ela tomaria aquele caminho. A prefeita agiu como prometido, via investimento próprio do HWR.
A questão veio à tona com a morte de uma criança e campanhas desencadeadas a partir de redes sociais na Internet, que visavam salvar outras vidas. O símbolo dessa cruzada foi uma criança de quase 3 anos, Ana Raquel Laurindo Fernandes (veja AQUI), socorrida em Natal, após muito sofrimento.
O Blog resgata apenas parte de uma história que muitos esqueceram e outros tantos não sabem. Tudo para entendermos melhor o que acontece agora e não nos descuidarmos do futuro.
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