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domingo - 18/09/2022 - 12:32h

Valorização do Dólar frente ao Euro compromete fruticultura

Por Josivan Barbosa

O produtor de frutos tropicais está vivenciando um problema decorrente da valorização do dólar frente ao Euro. Como a Europa é o principal mercado de exportação de frutos tropicais produzidos no Semiárido, a desvalorização do Euro frente ao dólar provoca problemas de redução nos volumes de frutos que os importadores fariam com os contratos fechados em euro.

Euro e Dólar tem relação direta com fruticultura do semiárido (Foto ilustrativa)

Euro e Dólar tem relação direta com fruticultura do semiárido (Foto ilustrativa)

A situação representa mais uma dificuldade para o produtor de frutos tropicais na nossa região, uma vez que já está tentando administrar uma elevação de cerca de 30% nos custos do produto devido os preços de combustível e insumos (sementes, fertilizantes e agroquímicos, embalagem e frete marítimo).

Os contratos são estipulados em euro ou em dólar. No caso do cliente externo que paga em euro, ele tem que desembolsar um incremento de 30% decorrente dos insumos e mais o valor em razão da desvalorização do euro. Isso implica em menor volume de fruta a ser importada.

Outro grande problema enfrentado pelo produtor de frutos tropicais é decorrente da instabilidade do transporte marítimo, como falta de navios e a logística de alguns portos, como por exemplo o Porto de Natal.

Novas Estradas

O Governo do Rio Grande do Norte precisa a partir de janeiro incrementar um programa de construção de estradas que são prioritárias para o desenvolvimento do negócio rural na região. As principais estradas são: Estrada do Cajueiro (BR 437), Estrada do Caju (ligando a sede do município de Severiano Melo com a divisa com Tabuleiro do Norte), Requalificação da Estrada do Camarão e a Transchapadão (ligando o distrito de Soledade em Apodi à divisa com Tabuleiro do Norte via Chapada do Apodi). Além disso, não podemos mais esperar que a nossa Costa Branca continue isolada do resto do Estado pela falta de duas pontes (Grossos Areia Branca e uma ligando a Costa Branca com a BR 437 (Porto do Mangue – Macau).

Estrada do Caju

A Estrada do Caju é fundamental para o escoamento da produção de caju a partir de Severiano Melo, Itaú, Rodolfo Fernandes, Apodi e Alto Santo (CE) para o grande mercado da região de Fortaleza. A Estrada do Caju representa a menor distância para a ligação do município de Severiano Melo com a BR 116 via Tabuleiro do Norte. Claro que haveria a necessidade de uma parceria com o Governo do Ceará para a construção do trecho que vai da divisa até o distrito de Olho D´água da Bica, onde inicia-se a pavimentação. A região de Severiano Melo detém o melhor nível tecnológico para a produção de caju do Semiárido.

Trecho da Estrada do Caju no último período chuvoso. (Fonte: CTARN – UFERSA)

Trecho da Estrada do Caju no último período chuvoso. (Fonte: CTARN – UFERSA)

Uma forma do produtor agregar valor ao produto é a venda do caju de mesa (pseudo fruto do ponto de vista botânico). Mas, como o produto é altamente sensível a danos mecânicos, não pode ser transportado em estradas de péssima qualidade. O mercado da grande Fortaleza representa uma grande oportunidade para o caju in natura (fruto fresco).

Atualmente o produtor de Severiano Melo que trabalha com o caju de mesa prefere enviar para a região de Campina Grande cujo mercado representa apenas 10% do volume da grande Fortaleza.

Severiano Melo e região circunvizinha já possui mais de 10 mil hectares de caju para a produção de castanha e caju de mesa.

A partir da castanha do caju e do fruto in natura ocorrem os movimentos econômicos, desencadeando o comércio com outras cidades, fortalecendo sua base econômica, o que implica na geração de  empregos locais com valores de remuneração bem acima do valor do salário mínimo.

O município de Severiano Melo dispõe de apenas uma agroindústria, o que força a necessidade de escoamento da produção para outras regiões com a região de Aracati onde tem grandes empresas processadoras de caju para fabricação de polpa e suco.

Estrada do Camarão

A carcinicultura é um dos setores que conseguiu projetar-se como uma grande fonte econômica para o Estado do Rio Grande do Norte. É importante ressaltar que, no Brasil, esse nicho de mercado deu seus primeiros passos na década de 1970, quando o Governo do Rio Grande dom Norte, por meio do seu então governador Cortez Pereira, criou o “Projeto camarão” para estudar a viabilidade do cultivo desse crustáceo em substituição à extração do sal, que havia sido até então uma forte atividade econômica na região.

Fazenda de engorda

Fazenda de engorda em Pendências (Fonte: CTARN – UFERSA)

A estrada do camarão liga o município de Pendências a Porto do Mangue. A estrada começa na RN-118 e se liga a RN-404 e foi feito em 2005 pelo governo federal com o intuito de melhorar o transporte do camarão.

Atualmente a estrada encontra-se praticamente toda destruída, havendo necessidade de uma requalificação geral.

A importância da requalificação da Estrada do Camarão pode ser exemplificada pela empresa Potiporã.

A 195 km de Natal, no município de Pendências, encontramos a maior fazenda de engorda de camarão do Brasil, a fazenda Potiporã. São 1,2 mil hectares com 86 viveiros para os crustáceos, 60 berçários e 35 quilômetros de canais produzindo em média 800 toneladas de camarão por mês. Levando o título também de maior indústria de processamento e beneficiamento da carcinicultura, a empresa distribui seus produtos para todos os estados brasileiros, de Manaus a Porto Alegre.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Genario Freire diz:

    Um belo trabalho! Leitura emocionante ao vermos as potencialidades de nosso estado nessa área e a visão arejada e de profundo conhecimento de Josivan Barbosa! Meus cumprimentos professor, por se expressar tão bem pra quem não entende de fruticultura mas se emociona com pessoas tão capacitadas como o senhor!!!

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