Por François Silvestre
Disse um poeta, na sua lira, que “a morte não separa ninguém, quem separa é a vida”. Soube ainda de madrugada, pela Coluna do Herzog, de Carlos Santos, do falecimento da ex-Governadora Wilma de Faria.
Veio-me à memória um episódio da campanha para o Governo do Estado em 2002, em que ela foi candidata e vitoriosa.
Dormimos em Martins, e após o café da manhã em Cajuais da Serra, descemos para uma movimentação em Umarizal. Fomos no meu carro, em cujo trajeto eu alertei para possíveis reações negativas contra ela. Wilma disse: “Não se preocupe. Estou acostumada”.
Faríamos uma caminhada pela feira e, se possível, um comício. A feira de Umarizal espalha-se por vários lugares da cidade. A primeira parada foi na feira da Rua Nova, onde há um pequeno mercado de carnes e vendedores ambulantes de cereais e legumes. Além de bancas com bebidas e comidas. Tem de tudo.
Ao descermos, caminhamos para o meio do burburinho. Aí, minha surpresa. Até pessoas que diziam não votarem nela trataram-na com gentileza. Ela foi cumprimentando as pessoas e o aglomerado aumentando.
A coordenação da campanha entendeu que a ocasião se prestava a um comício relâmpago. Os candidatos, inclusive a senador, Ismael Wanderley, decidiram que só falaríamos Wilma e eu. Não havia palanque.
Um feirante ofereceu sua camioneta, com sacos de feijão, para substituir o palanque. E assim foi. Não poderia haver um palanque mais sertanejo. Em cima do feijão, na feira de Umarizal, falamos Wilma e eu.
Tempos depois, ela me disse: “Foi um dos momentos mais bonitos da campanha”.
Que lhe seja leve a terra da sua terra!
Acompanhe o Blog Carlos Santos pelo Twitter clicando AQUI.
Wilma de Faria fez do RN um Estado mais humano e progressista.
Que despedida linda. ” Que lhe seja leve a terra da sua terra.” É um adeus poético que embeleza a partida.
Lembro-me perfeitamente que fui o primeiro em Mossoró a por a foto da candidata Wilma ao governo em 2002, enfrentando o meu parente remoto Fernando Freire, filho de Jessé Pinto. O nome dela foi, inclusive, objeto de chacota de alguns, que alegavam que ela não contava com apoios de prefeitos e de Vereadores. Venceu nos dois turnos. Todos os que zombavam de uma possível vitória dela foram os primeiros paraquedistas quando ela se reelegeu. Tal cenário de descrença em uma nova vitória repetiu-se em 2006, quando o então Senador e candidato oposicionista Garibaldi Filho posava de governador em férias, com os oportunistas de plantão já dando como certa a vitória do sonso Garibaldi. Novamente. a Wilma foi vitoriosa. Ela só claudicou em uma coisa: Esqueceu deliberadamente de convocar os verdadeiros guerreiros das campanhas para fazerem parte do governo, passando a cercar-se dos oportunistas paraquedistas, acomodando-os em pomposos cargos. Deus a receba em sua mansão celestial.