“Quem confessa os seus erros é mais sábio hoje do que ontem.”
Alexander Pope
Jornalismo com Opinião
“Quem confessa os seus erros é mais sábio hoje do que ontem.”
Alexander Pope
Por Ney Lopes
Desde a madrugada de quarta-feira de cinzas, 14 de fevereiro, dois detentos perigosos fugiram de uma penitenciária federal de segurança máxima na cidade de Mossoró, RN.
Essa fuga continua gerando comentários, em todo o país.
Afinal, vão prender, ou só gastar dinheiro do governo, na busca?
É a pergunta do dia.
Realmente, quadro preocupante.
Esses grupos delinquentes têm, cada vez mais, grande impacto na sociedade, inclusive nos poderes judiciário, legislativo e executivo.
Pelas proporções, atuam com efeitos danosos.
Percebe-se, que as “facções criminosas” dispõem de pessoal qualificado, infraestrutura de logística, recursos financeiros, inteligência artificial e o que surja no mundo da técnica e da ciência.
As organizações criminosas apresentam enorme capacidade de desestabilizar a lei e a ordem.
Em verdade, elas são um “contra poder”.
É claro, que toda essa superpotência do crime organizado não deixa de representar uma ameaça ao próprio Estado, além disso, assombra a sociedade civil.
O Brasil possui pelo menos cinquenta e três organizações criminosas, atuando.
Aplicar as leis nacionais vigentes e enfrentar essas organizações, como na procura dos detentos fugitivos de Mossoró, torna-se tarefa muito difícil para a Polícia.
As dificuldades decorrem do fato do réu ser condenado por crime hediondo, com sinais de violências extremas e passar a ser tratado como um cidadão brasileiro.
Asseguram-lhe o devido processo, garantias constitucionais e legais.
Sei, que essas garantias são universais e destinadas a preservar o ser humano.
Emtretanto, em El Salvador, um pequeno país latino americano, o governo vem obtendo êxito na eliminação da violência, a custa de diferenciações na aplicação de leis, que protegem o cidadão.
Por exemplo: El Salvador chegou a conclusão de que é necessário limitar o direito de associação, reunião e inviolabilidade das comunicações, sob pena dos grupos criminosos se expandirem.
As superpotências do crime organizado representam uma ameaça ao próprio Estado.
Além disso, inquietam a sociedade civil.
Em conclusão, a legislação, inclusive internacional, teria que ser alterada para estabelecer critérios diferenciados de combate a esses crimes, quando em risco a paz social.
Afinal, o princípio do “devido processo legal” preserva o cidadão e nunca o transgressor.
Um debate prolongado, mas cuja conclusão final terá que ser a mais rápida possível.
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal
A senadora e presidente estadual do PSD, Zenaide Maia, participou de expressiva mobilização política em Apodi – região Oeste do RN – nesse sábado (16). Avalizou lançamento da pré-campanha oposicionista de Gyliard Oliveira (PSD) à sucessão do prefeito Alan Silveira (MDB).
Gyliard Oliveira vai disputar a eleição para prefeito pelo PSD com apoio do União Brasil, PSB, PcdoB e PSDB. O evento ocorreu na Associação Cultural e Desportiva Apodiense (ACDA). Foi prestigiado pelo deputado federal Benes Leocádio (PSD), o deputado estadual Dr. Bernardo Amorim (PSDB), o presidente do PSD Mossoró, Paulo Linhares, e os ex-prefeitos Simão Neto e Flaviano Monteiro (PCdoB).
“A presença de todos vocês aqui, nesta noite de sábado, mostra que Apodi quer a mudança. Gyliard, esse homem de fé que nos orgulha muito por fazer parte do nosso partido, representa essa esperança no futuro. Vamos continuar trabalhando para aumentar esse grupo aguerrido e somar esforços para fazer as melhorias que o povo de Apodi precisa e merece”, enfatizou Zenaide.
Governismo sente ameaça
O governismo terá como candidato o secretário municipal de Saúde, Sabino Neto (MDB). Alan Silveira está em seu segundo mandato e mudou sua escolha em dezembro do ano passado (veja AQUI), porque não viabilizou no gosto popular o seu chefe de Gabinete, Luciano Moura. Sente-se ameaçado no projeto de fazer o sucessor.
A operação para reordenar palanque à campanha o submeteu até ao desprazer pessoal de fabricar reaproximação do seu ex-vice e atual deputado estadual Neildo Diógenes (PP), para não vê-lo reforçar a oposição (veja AQUI). Resolveu engolir sapo e a lagoa inteira.
Leia também: Pré-candidato governista aparece em primeiro lugar em pesquisa.
Nota do BCS – A sucessão apodiense dificilmente será um ‘passeio’ para o governismo. A polarização de Gyliard com Sabino está feita e a disputa promete fortes emoções.
O outro concorrente, pré-candidato petista Agnaldo Fernandes, dificilmente se deslocará da rabeira ao confronto direto com o candidato de Alan Oliveira.
Veremos.
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O Movimento Democrático Brasileiro no Rio Grande do Norte (MDB-RN) e partidos aliados realizaram nesse sábado (16) uma mobilização para filiações em massa em Macaíba. O evento foi até bem além dessa iniciativa, com apresentação da chapa governista local à sucessão municipal.
Durante o evento, a secretária municipal de Assistência Social Raquel Barbosa se filiou ao MDB, e foi anunciada como pré-candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo prefeito Emídio Júnior (PP).
O ato de filiações também contou com a presença do prefeito Emídio Júnior, do deputado federal João Maia (PP), do deputado estadual Kleber Rodrigues (PSDB), vereadores e lideranças de Macaíba e região.
O presidente estadual da legenda e vice-governador Walter Alves participou do evento, avalizando filiações e exaltando a chapa que se forma.
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Por Marcos Ferreira
Passei alguns dias meditabundo. Pois é, já começo esta conversa assim, com uma palavrinha cheirando a mofo, de pouca empregabilidade, falando difícil como quem desejasse que o leitor enrugue a testa e abandone esta página antes do primeiro parágrafo terminar. Mas não é este meu intuito. Então troquemos o famigerado “meditabundo” por “entristecido”. Pronto, é isso. Andei uns dias com um bocado de fastio para certos “pratos” da cozinha cotidiana de nossa existência.
Agora, porém, o apetite voltou. Inclusive o da escrita. Especialmente depois que li “Uma confissão de amor para me sentir vivo”, do meu colega de xícaras e neuras Carlos Santos. Texto de profunda inspiração que nos inspira de maneira profunda. Ao menos a mim. Isto não é um simples elogio, é merecimento. É a mais sincera opinião deste sapateiro das letras. Digo sapateiro porque é esta a única assinatura em minha carteira de trabalho (CTPS) de que tenho o maior orgulho.
Hoje não, os anos 1980 foram embora, as fábricas de calçados de Mossoró quebraram por causa da produção das grandes indústrias em escala planetária, todavia já fui um sapateiro profissional. Comecei com dez anos de idade, e o patrão carimbou minha CTPS quando completei quinze anos. “É o seu presente de aniversário”, disse-me. Daí por diante me ocupei com outras coisas, toda sorte de bicos e subempregos. Fui impostor em um bocado de atividades, até me tornar isto, um sujeito que não conseguiu aprender outra coisa melhor para fazer além de escrever.
“Uma confissão de amor para me sentir vivo”, a meu ver, só tem um defeito: não foi escrita por mim. É daquelas coisas que a gente termina de ler e exclama: “Caramba! Muito bom!” Foi o que eu disse. Tanto que agora estou pegando carona na “confissão”, escrevendo uma crônica sobre outra crônica, como se a página do Carlos Santos precisasse do brilho emprestado das minhas tintas.
Não precisa. “Uma confissão de amor para me sentir vivo” tem luz própria. É uma declaração, um testemunho tocante, uma ode apaixonada, um genuíno louvor. Enxerguei a mim mesmo em vários pontos da mensagem.
Essa entrega, esse compromisso com o mister do ofício da escrita, mexe com os meus botões. Imagino que estamos no mesmo barcos das palavras. Às vezes, pelo capricho dos ventos, seguimos em direção à notícia pura e simples; noutro momento, com ou sem um pouco de arte, ajustamos as velas no rumo das águas onde habitam as criaturas linguísticas com maior e subjetiva grandeza.
Identifiquei-me, enquanto enfeitiçado que sou da necessidade de escrever, com a reverência do rapaz velho à sua longeva profissão de fé, devoção que hoje já está com trinta e nove anos de serviços prestados ao bom jornalismo do Rio Grande do Norte, bem na borda, na beiradinha dos quarenta anos.
Quem quiser que diga que estou puxando o saco. Há sempre quem não goste de ver outrem recebendo um reconhecimento assim, público, e sem economizar os méritos do homenageado. Dirão, pois, que estou puxando o saco. É verdade que já peguei nos bagos de supostas unanimidades da cena literária potiguar, autênticos pavões assinalados, contudo foi só para deixá-los sem as bolas. Mas aposentei o bisturi; hoje não faço mais esse tipo de intervenção cirúrgico-escrotal.
“Uma confissão de amor para me sentir vivo” recebeu um nome belíssimo. Algo que fica muito bem, por exemplo, para intitular um livro de poemas, crônicas, contos ou romance. Ouso dizer, ainda, que o título é coisa de cinema. Peço, então, nesta nossa Hollywood dos invisíveis, um Oscar de melhor roteiro original para o rapaz velho. Enquanto eu concorreria, claro, como ator coadjuvante.
Marcos Ferreira é escritor
Por Bruno Ernesto
No último dia 13 de março, o Vaticano comemorou o décimo primeiro ano do papado do Papa Francisco.
A simbologia que envolve o início e o fim de um papado é marcante não somente para os católicos, mas também para quem se interessa pelos fatos históricos.
Para a minha geração, o papado marcante foi o do Papa João Paulo II.
Talvez o Papa mais importante da história recente.
Um dos acontecimentos mais marcantes ocorreu em 27 de dezembro de 1983.
Nesse dia, o Papa João Paulo II (Karol Wojtyla) perdoou o turco Ali Agca.
Dois anos antes, Agca efetuou três disparos atingindo o Papa, em plena Praça São Pedro.
Em 13 de novembro de 1991, pude ver o Papa João Paulo II pessoalmente, no encerramento do Congresso Eucarístico Nacional, que foi realizado em Natal/RN naquele ano.
Tinha onze anos na época. Meus pais me levaram.
No meio da multidão, a poeira se levantava com as rajadas de vento e, de repente, surgiu aquele carro branco com um senhor vestido de branco acenando sorridente para a multidão.
Esse exato momento sempre aparece na minha mente em câmera lenta.
Eu olhava para meus pais, minha avó materna e para a multidão que gritava e acenava para o Papa que ia passando naquele carro branco, sentado e envolto por um vidro.
Nunca esqueci. Pena que não tenho nenhum registro fotográfico desse momento.
Naquele tempo era difícil. Certamente meus irmãos, primos, primas, tios, tias também tiveram essa mesma emoção.
Vez ou outra quando vejo o papódromo (Batizaram com esse nome), lembro desse momento.
Até retornei lá depois de adulto.
Só fui me reaproximar do Papa João Paulo II no dia 21 de novembro de 2023.
O encontro foi igualmente especial, porém, bem longe de casa.
Tive a oportunidade de visitar o túmulo de Karol Wojtyla, agora São João Paulo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Dessa vez, em absoluto silêncio e com o registro fotográfico.
Foi igualmente marcante.
Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor
Por Marcelo Alves
Hoje, no Brasil, muito se reclama de uma invasão recíproca de atribuições entre os poderes do Estado. Ora num sentido, ora noutro, fala-se em “presidencialismo de coalizão”, em “parlamentarismo branco” e até numa “ditadura do Judiciário”. Há muito exagero nisso.
Formulada hodiernamente por Montesquieu (1689-1755), a teoria da separação dos poderes, apesar de fundamental para o poder político atuar, não merece, como disse o nosso Manoel Gonçalves Ferreira Filho (1934-), a reverência quase religiosa que por vezes recebe. É uma receita de liberdade, cujos contornos dependem das circunstâncias políticas dadas. E a concepção contemporânea da teoria da separação não é tão rígida a ponto de impedir totalmente o exercício, por um dos poderes do Estado, de função, em regra, atribuída a outro Poder.
De fato, nos dias de hoje, temos presenciado o desenvolver de uma nova concepção do princípio da separação dos poderes. É um novo constitucionalismo, que abandona a ideia da rígida séparation des pouvoirs e consagra a ideia de uma sharing of powers, abrindo caminho para a superação do rígido esquema, que tenderia tão somente a reservar ao Poder Legislativo o trato abstrato e genérico dos direitos por meio da legislação, ao Poder Executivo a completa gerência das políticas de Estado e a confinar o Poder Judiciário ao âmbito da resolução dos negócios/conflitos concretos e individuais.
No constitucionalismo brasileiro, os exemplos de exercício, por um dos poderes do Estado, de função típica de outro, são bastante conhecidos. Vou me ater aqui, por ser “minha praia” (leia-se “conhecer um pouco melhor”), ao exercício, pelo Poder Judiciário, de funções “típicas” dos outros poderes.
Começo pelo próprio controle de constitucionalidade concentrado e em tese de leis e atos normativos, como exemplo até extremo, mas ao qual ninguém se opõe, que representa, muitas vezes, uma atividade legislativa negativa, para usar a expressão de Hans Kelsen (1881-1973).
Sigo adiante com uma questão mais controversa: essa nova ideia de separação de poderes implica o desenvolvimento de uma nova concepção do papel do Poder Judiciário nas políticas de Estado. Até porque, no Judiciário brasileiro de hoje, vê-se um visível incremento das demandas de ordem “coletiva” (ações diretas em controle de constitucionalidade concentrado de diversos tipos, ações civis públicas, ações populares etc.). Embora essa mudança de paradigma não pressuponha o abandono da tutela individual ou das técnicas a ela ligadas, ela significa que o juiz contemporâneo não trata exclusivamente de casos individuais, mas também de casos que têm um impacto de massa, envolvendo uma parcela significativa de qualquer sociedade.
E aqui anoto uma lição que aprendi com Jean Dabin (1889-1971): os juízes e tribunais constituem Poder e são claramente depositários de uma parte da autoridade pública, sendo pelo Estado designados para, em seu nome, administrar a justiça. A lei que juízes e tribunais aplicam é basicamente a lei do Estado, quer a encontrem formulada em normas, quer tenham que elaborá-la eles mesmos.
Seria equivocado considerar como não político o Poder Judiciário quando ele, na ausência de uma regra legal, tem a permissão – e o dever – de suplementar o Poder Legislativo, que é eminentemente político. É equivocado defender a completa separação do Poder Judiciário dos outros poderes do Estado, sob o argumento de que os Poderes Legislativo e Executivo representariam um poder político, enquanto que o poder dos juízes e tribunais seria de natureza estritamente legal, assim como é um erro opor a lei – a lei do Estado – à política de Estado.
O problema, a meu ver, surge quando se confunde a política do Estado e da sociedade com ideologias, sejam elas quais forem, ou mesmo com a política partidária. Isso não é compartilhamento de poderes; é divisão do Estado e da sociedade.
Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL
Por Odemirton Filho
Vi que nas minhas redes sociais tenho quase cinco mil amigos/seguidores. Cinco mil, vejam só. Fiquei impressionado com a quantidade, pois sou um simples mortal, sem fama e grana. Mais impressionado fiquei com a facilidade de hoje em dia fazermos amigos de forma instantânea, vapt vupt.
Por ter sido professor por quinze anos, creio ser a razão de tantos amigos virtuais. Talvez, se fizer uma triagem desses amigos, não atinja 1% por cento com os quais já sentei à mesa para tomar um café e jogar conversa fora. A maioria destes cinco mil amigos mal me conhece; e eu mal os conheço. Digo, conhecer de vera.
Não é preciso, é certo, uma ruma de tempo para uma amizade se firmar, pois há amizades formadas de chofre. Entretanto, para mim, amigos são aqueles forjados no dia a dia, no compartilhar de sonhos e dificuldades. Amigos, não somente de mesa de bar, mas amigos sempre à disposição para nos ouvir e ajudar. Amigos reais choram e riem ao nosso lado. Ora, nem alguns membros de nossas famílias são garantia de uma verdadeira amizade.
Como sabemos até os amigos de infância se distanciam. Cada um vai para um lado. A vida, por vezes, encarrega-se de afastá-los. Poucas amizades conseguem vencer o tempo. Contudo, quando conseguem, são amizades sólidas. As relações humanas na modernidade líquida são marcadas pela brevidade e pela fragilidade, substituindo laços duradouros por conexões passageiras, como bem disse Zygmunt Bauman.
Nas postagens das redes sociais, somente observamos fotos de momentos felizes, viagens, festas, entre outras ocasiões agradáveis. Poucos expõem suas angústias, dores da alma, pois, naquele universo virtual, só alguns estão prontos a ajudar. Não tenho nada contra os meus cinco mil amigos virtuais, é claro, estou apenas a dizer da superficialidade dessas relações. São muitos os amigos virtuais, poucos, os reais.
Aliás, li uma postagem nas redes sociais que dizia mais ou menos assim: “um dia você saiu com seus amigos de infância para andar de bicicleta e nem percebeu que foi a última vez”. Dos amigos com os quais andava de bicicleta no patamar da Igreja de São Vicente ainda restaram alguns “gatos pingados”.
Pois é, contam-se nos dedos de uma mão os amigos reais.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Por François Silvestre
O sol começou a desvendar Januária, que parece enfraquecer sua guarda de silêncios. Nessa tarde, o poente ficou mais aceso, menos opaco, como diria dona Zélia, diretora do grupo escolar.
Tudo começa num velório. Ou melhor, não é tudo que começa, pois antigo foi, começa a desesconder-se um silêncio de Januária. Morreu o pastor da principal igreja evangélica do lugar. Pastor Luciano, coronel da reserva do Exército.
A viúva, dona Marcelina, espera ansiosa. Os habitantes também. Será que e ele vem? Veio. Parou um carro com placa de longe. Desce um rapaz de barba rala, calça de linho, camisa de jeans. “É Artuzinho”, quase não consegue falar dona Marcelina. Abraçam-se. Ela chorando muito. Agarrava o filho, beijava-o. Ele, sisudo. Beijou-a na testa. Nem olhou para o caixão do morto. A quase totalidade dos presentes não entendia nada.
Era uma família tão unida. Pai e filho viviam juntos. Onde um, tava o outro. Caça, pescaria, igreja, qualquer lugar. Nem todos estavam surpresos. Antonieta e Zé de Titico sabiam de tudo. E este silêncio, pelo menos este, abandonou o esconderijo de Januária.
Artur viajou com os pais para Recife, onde iria submeter-se ao vestibular de medicina. Passou. Ainda veio a Januária no primeiro ano de faculdade. Depois, sumiu.
Volta no tempo, Ditadura militar, “governo Médici”. Uma sala escura e fétida, no Cais de Santa Rita, servia para “interrogatórios” do Doi-Codi, Policia Federal e policia civil do Dops. Naquela manhã, morria sob tortura um estudante alagoano, de nome Jarbas, e sua mulher, Lucinda, também torturada, acabara de dar à luz. Pouco tempo após o parto, ela também morre.
Na Faculdade de Medicina, uma solenidade para leitura de nomes revelados pela comissão da Verdade. Presos, torturados, torturadores. Artur ouve um nome. Coronel Luciano Carneiro Leão. Na relação dos torturadores. Não era nome comum. Família tradicional do Recife. Artur lembrava do seu pai dizendo isso. Comentou com amigos. E mostrou seus documentos.
Alvoroço. Ex-presos, parentes dos desaparecidos, colegas, foram à pesquisa. A data de nascimento de Artur coincidia com o dia da morte de Jarbas e Lucinda. “Seu pai é o torturador Luciano”. O mundo abaixo na cabeça de Artur. Cujo nome foi homenagem ao ditador antecessor de Médici. Artur da Costa e Silva.
Voltando a Januária, naquela semana, não foi difícil conseguir a confissão dos pais. Ameaçou exame de DNA. Prometeu silêncio caso confessassem. A mãe, incapacitada de engravidar, esperara muitos anos um filho adotivo para criar. Aconteceu.
Criado com muito esmero pelo assassino dos seus pais. O “pai” assassino, torturador, a “mãe” cúmplice do hediondo e incomparável crime. Na sala do velório, o sol despedia-se pelas frestas da vasta janela da “sagrada” igreja onde tanto falara em Cristo o coronel pastor Luciano. Artur mudou-se para Maceió, conheceu sua família, viu fotos, encontrou parentes e descobriu semelhanças. Depois, o próximo silêncio.
François Silvestre é escritor
Leia também: Esconderijo de silêncios.
Tião, sentado, conversa com Rogério e o presidente local do PL, Genivan Vale, nesse sábado (Foto: Blog Ismael Sousa)
Ninguém aposte uma pataca em hipotética candidatura do empresário Tião Couto à Prefeitura de Mossoró, este ano, sob a legenda do PL.
Ele não o será.
O senador Rogério Marinho, presidente estadual da legenda, sabe disso.
Bem mais do que eu.
Anote, por favor.
*Tião Couto foi candidato a prefeito em 2016, polarizando com Rosalba Ciarlini (PP), quando ela foi eleita pela quarta vez à municipalidade (veja AQUI).
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Sintomático ou, no mínimo estranho, o nome governista à sucessão municipal em Areia Branca não ter sido lançado pela prefeita Iraneide Rebouças (PSDB).
Coube ao vice-governador e presidente estadual do MDB, Walter Alves, fazê-lo nessa semana (veja AQUI).
Waltinho apresentou o vice-prefeito e ex-prefeito Bruno Filho (MDB) como pré-candidato “do MDB.”
Repetindo: “do MDB.”
Huuummm… sei não.
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Foi frustrante para militância e dirigentes locais do Partido Liberal (PL), a estada nesse sábado (16), em Mossoró, do senador e presidente da legenda no RN, Rogério Marinho.
A expectativa anunciada (veja AQUI) de que “provavelmente” o PL lançaria pré-candidato à prefeitura, não se confirmou.
Nem nome a prefeito nem a vice do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil). Essa era a prioridade da legenda, a ponto de estabelecer o dia 15 último, sexta-feira, como data-limite para o governante confirmar a chapa. Na verdade, a pressão do partido em ser aboletado na companhia de Bezerra gerou efeitos colaterais.
O PL agora tenta pelo menos segurar nominata capaz de eleger algum vereador em outubro próximo. A dispersão de nomes importantes começou e pode aumentar.
O sabadão foi tão cruel que Marinho não fez qualquer registro em suas redes sociais sobre passagem por Mossoró. Uma linha sequer até esse horário, 2h22 de domingo (17).
Ô luta medonha!
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Nos últimos dias, o prefeito natalense Álvaro Dias (Republicanos) e o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD) tiveram pelo menos dois encontros.
Um, programado, com intermediação de amigo comum.
Outro, por acaso, no aniversário de 80 anos do professor e jornalista Cassiano Arruda Câmara.
Nada mais posso adiantar, apesar da vontade.
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A dupla Potiba conseguiu excelentes resultados na segunda rodada do segundo turno do Campeonato Estadual de futebol do RN, no segundo turno. Os jogos nesse sábado (16) foram vitoriosos para Potiguar e Baraúnas.
Em Assú, o alvirrubro mossoroense venceu o Globo de Ceará-mirim no Estádio Edgarzão, com gol de Sampaio na prorrogação. Na primeira rodada, ele tinha vencido de virada o Santa Cruz de Natal no Estádio Barretão, em Ceará-mirim, pelo placar de 3 x 2.
A partida aconteceu com portões fechados, sem público, por falta de laudos que garantissem presença de torcedores, E o Estádio Nogueirão, em Mossoró, sofreu sérios danos em sua estrutura há poucas semanas, devido forte ventania, sendo vetada sua liberação por questões de segurança.
Baraúnas
Já no Estádio Bezerrão em Currais Novos, o tricolor de Mossoró ganhou de virada do Potyguar Seridoense, por 4 x 2.
Mikael abriu o placar para os donos da casa. Mas, logo Ferrugem empatou e virou o jogo para 2 x 1. Ainda no primeiro tempo, Everton Cabaré ampliou para 3 x 1.
Jânio Daniel diminuiu com gol de pênalti no fim do período inicial, mas no segundo tempo, de novo foi surpreendido com gol de Ferrugem aos 4 minutos (seu terceiro na partida). Fechado o placar em 4 x 2.
Na estreia no segundo turno, o Baraúnas tinha empatado com o América na Arena das Dunas.
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“Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.”
Carl Jung
A informação é do presidente do Partido Liberal (PL) em Mossoró, ex-vereador Genivan Vale: nesse sábado (16), a sigla provavelmente anunciará um filiado à sucessão do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil).
Segundo ele, a intenção do PL era indicar o vice de Allyson e esperava que até esse dia 15 houvesse acolhimento. Mas, prefeito não aceitou posição, levando partido a ter seu próprio candidato.
Se houver confirmação de pré-candidatura, será o primeiro nome da oposição a ser apresentado oficialmente. Até o momento, ninguém afirmou textualmente que é pré-candidato.
O senador e presidente do PL no RN, Rogério Marinho, visa disputa ao governo estadual em 2026. Por isso o empenho em contar com uma referência eleitoral em Mossoró e outros municípios estratégicos.
O vice-governador e presidente estadual do MDB, Walter Alves, apresenta o pré-candidato a prefeito pela legenda em Areia Branca. É o atual vice-prefeito, médico e ex-prefeito duas vezes, José Bruno Filho (MDB).
O pré-candidato de “Waltinho” está no MDB desde 1988. Atualmente, é vice-prefeito de Iraneide Rebouças (PSDB), que está no segundo mandato consecutivo.
Bruno Filho deverá enfrentar o ex-prefeito (duas vezes) Manoel Cunha Neto, o “Souza”, também ex-deputado estadual.
Veja vídeo AQUI.
Nesta sexta-feira (15), em solenidade em comemoração aos 172 anos de emancipação política de Mossoró, em frente à sede da municipalidade, o Palácio da Resistência, o prefeito Allyson Bezerra (UB) assinou o projeto de Lei nº 98. Ele denomina o anel viário entre as BRs 304 e 110 de Complexo Viário 15 de Março. A obra começou no mês passado (veja AQUI).
O nome faz homenagem à data de emancipação política do município, ocorrida em 15 de março de 1852. O Projeto de Lei será encaminhado à Câmara Municipal de Mossoró para votação.
Cidade da Cultura
Também houve anúncio de construção da “Cidade da Cultura,” equipamento artístico-cultural que fará resgate histórico de Mossoró das últimas décadas.
Ocupará área de mais de 9 mil metros quadrados, no Corredor Cultural. Contará com área para artesanato, 184 metros quadrados de espaço para crianças, acessibilidade, coreto para apresentações culturais.
A Cidade da Cultura terá réplica de 20 metros de extensão da ponte férrea, no mesmo lugar onde passavam as linhas de trem em Mossoró do passado.
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O Podemos do RN realizará nesse sábado (16), em Natal, “Encontro Estadual – Edição de Março.”
Presidido pelo senador Styvenson Valentim, o Podemos realizará esse evento a partir das 9h no Hotel Holiday Inn, em Lagoa Nova.
Entre as principais atividades, o partido deverá fazer filiações e empossar comissões eleitorais.
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Convite feito: o escritor Clauder Arcanjo vai lançar nesse sábado (16), em Mossoró, às 9h30, na Casa da Santíssima Trindade, seu mais recente livro.
Sob o selo da Editora Sarau das Letras, Arcano apresentará “Um provinciano no caos.”
O endereço é a Rua Laura Medeiros, 980, Conjunto Liberdade I, por trás do Colégio Martins de Vasconcelos.
Clauder Arcanjo é engenheiro civil, editor-executivo da Sarau das Letras, professor, contista, poeta, cronista, resenhista literário e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL).
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Nas últimas 72 horas – do dia 13 às 08h desta sexta-feira, 15 de março – o Rio Grande do Norte foi atingido por 3.953 raios. O levantamento feito pela Neoenergia Cosern a partir da Plataforma ClimaTempo, aponta que Apodi, no Alto Oeste, lidera o ranking com o maior número de descargas atmosféricas, com 487 ocorrências.
Do dia 1º de janeiro a 29 de fevereiro deste ano, o Rio Grande do Norte foi atingido por 28.366 descargas atmosféricas. O número, compilado pela Neoenergia Cosern, representa uma redução de 27,94 % em relação aos dois primeiros meses de 2023, quando 39.367 raios atingiram o solo potiguar. As maiores incidências nesse primeiro bimestre foram registradas em Apodi (1.415), Assú (1.329), Santana do Matos (1.154), Upanema (1.119) e Mossoró (1.026).
Ao longo de 2023, cerca de 113 mil raios caíram em todo o estado, aumento de 40% comparado a 2022. Os três municípios mais atingidos por descargas no ano passado foram Mossoró (7.902), Apodi (5.420) e Campo Grande (5.034). Os raios provocaram mais de 3.200 interrupções no fornecimento de energia elétrica, deixaram mais de 432 mil unidades consumidoras sem o serviço e danificaram mais de 400 equipamentos do sistema, incluindo postes, transformadores e cabos.
“Monitoramos, de maneira ininterrupta, a questão climática em todas as regiões do Rio Grande do Norte. Nossas equipes são treinadas para atuar no menor intervalo de tempo possível quando há interrupção no fornecimento de energia provocado pela queda de um raio, priorizando sempre a segurança dos nossos colaboradores e da população”, ressalta Osvaldo Tavares, superintendente Técnico da Neoenergia Cosern.
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O açude Dourado, localizado em Currais Novos – região Seridó, com capacidade para 10.321.600 m³, completou 100% da sua capacidade e sangrou na noite de ontem, quinta-feira (14).
A última vez que o manancial sangrou foi em março de 2020.
A barragem Campo Grande, localizada em São Paulo do Potengi, com capacidade para 23.139.587 m³; e o Açude Público do do Município de Encanto, com capacidade para 5.192.538 m³, completaram 100% da sua capacidade e sangraram, também durante esta quinta-feira, 14 de março.
O açude Passagem, localizado em Rodolfo Fernandes, com capacidade para 8.273.877 m³, começou a sangrar na última quarta-feira, 13 de março. Outros reservatórios monitorados pelo Igarn, que já sangraram em 2024 , foram: o açude Santa Cruz do Trairi, localizado em Santa Cruz, que possui capacidade para 5.158.750 m³, e sangrou na última segunda-feira (11); o açude Beldroega, localizado em Paraú, com capacidade para 8.057.520 m³, que teve sua sangria registrada na sexta-feira, 08 de março; o açude Pataxó, e localizado em Ipanguaçu com capacidade para 15.017.379 m³, no dia 28 de fevereiro.
A barragem Marechal Dutra, conhecida como Gargalheiras, continua recebendo recarga e acumula 10.972.255 m³, percentualmente, 24,7% da sua capacidade total, que é de 44.421.480 m³. No comparativo, o manancial estava com 626.813 m³, no dia 15 de fevereiro, o que equivalia a 1,42% da sua capacidade total. Sua recarga está ocorrendo de forma expressiva. Última vez que sangrou foi em 2011, há 13 anos.
As informações são do Instituto de Gestão das Águas do RN (IGARN).
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