• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 24/07/2022 - 04:04h

Diáspora

Pão, pobreza, dividindo pão, fome. misériaPor Marcos Ferreira

O menino pequeno e negro abre a lixeira.

Revira o lixo e encontra um pedaço de pão.

Parece que contém um pouco de sujeira…

Estuda o fragmento e logo passa a mão.

 

Depois, espertamente, o garotinho cheira

A massa descartada e ele mordisca. Então

Descobre que seu gosto não é de primeira,

Porém não desperdiça aquela refeição.

 

É magro e cabeçudo, pernas bem cambadas.

Decerto o pobrezinho não tem nem dez anos.

À noite, com a mãe, dormindo nas calçadas.

 

Divide o pão com ela, cerca da metade.

A mãe quanto o pequeno são bolivianos,

Sozinhos e invisíveis na grande cidade.

Marcos Ferreira é escritor

Compartilhe:
Categoria(s): Poesia

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    LEVA
    Leva esta tristeza
    Leva esta saudade
    Leva esta desiluzão
    Leva a minha vida

    Mas traga de volta
    A menina de trança
    Que na janela ficava
    Todas as tardes
    Inácio Augusto de Almeida
    Boêmio/Sonhador

  2. Manoel Aldvan diz:

    Bolivianos, venezuelanos, cubanos, argentinos e muitos brasileiros. Todos unidos pela mesma necessidade.
    Enquanto isso, vamos lembrando daquela canção que diz: A gente não quer só comida…

  3. Bernadete Lino/ Caruaru-PE diz:

    Essa cena não está distante e nem é impossível: costumamos vê-la no nosso cotidiano…. Parece que nos tornamos um pouco anestesiados…. Impotentes para fazermos qualquer tipo de mudança na paisagem… Seguimos o nosso caminho! E ainda nos incomodamos com quem se importa! Onde deixamos morrer a nossa empatia e sensibilidade?

  4. VANDA MARIA JACINTO diz:

    Olá, querido poeta!

    Retrata no seu versejar, a dura vida daqueles que longe da Pátria de origem, disputam junto aos nossos pedintes, o pão de cada dia!

    Abraços

  5. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    Morte e vida Severina , INFELIZMENTE, mais atual que nunca em nossa diáspora interna..!!!

    Caro M. A. Ferreira na simplicidade dos seus versos, a verdade e, mais ainda a realidade latente que vem a tona e atormenta, pelo menos aqueles que ainda não perderam a capacidade de ENXERGAR no outro seu semelhante e irmão na atual quadra OBSCURANTISTA, que muito por má fé e ignorância, tentam dissimuladamente ignorar.

    Torcemos para 02/10/2922, REPRESENTAR o acaso do Neo- NAZIFASCISMO em nosso Brasil, pelo.menos como norte de governança e visão de SOCIEDADE fita ORGANIZADA.

    Um baraço
    FRANSUELDO V. DE ARAÚJO
    OAB/RN.7318

  6. RAIMUNDO ANTONIO DE SOUZA LOPES diz:

    É deste modelo…

  7. Valdemar Siqueira Filho diz:

    Trágico, desnecessário, mata nossa alegria, um dia a vida se revolta.
    Grande abraço.

  8. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    * Torcemos pra que 02/10/2022, logo passe fazer parte da nossa HISTÓRIA, como o princípio do ocaso dessa triste e OBSCURANTISTA quadra em que, como nação e país nos submetemos!

  9. Rizeuda Silva diz:

    Olá, amigo poeta!

    No seu soneto, a dura realidade daqueles que vivem á margem da sociedade. Uma situação que só cresce em todos os cantos. Falta pão, e principalmente, falta conscientização, empatia e amor ao próximo. Falta projetos sociais e políticas públicas ao alcance de todos. Parabéns, Marcos! Abraços das bandas do Norte! 👏👏👏👏

  10. Simone Martins de Souza Quinane diz:

    Querido Marcos,
    Amo a sua poesia, mesmo mostrando a realidade nua e crua do.nosso dia a dia. E soneto, então, você sempre supera as expectativas!
    Abraço

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.