Apesar de possuir maioria multipartidária na Assembleia Legislativa do RN, ter obtido maciço apoio de prefeitos à sua reeleição e está próxima de completar cinco anos contínuos de gestão, a governadora Fátima Bezerra (PT) não forma em torno de si uma base que se sinta governo. As alianças de campanha não se convertem em coalizão. A maioria não petista está distante de quase tudo.
Exemplo dessa relação excludente, é a rotina de agendas de ministros e outras representantes do governo federal no estado, sempre com rara participação de políticos de outros partidos e forças aliadas. Mesmo na passagem do presidente Lula pelo estado (veja AQUI), num vapt-vupt em Luís Gomes (Alto Oeste do RN) dia 1º de setembro, poucos foram os deputados, prefeitos ou outros políticos não petistas que toparam se aproximar.
Com mandatos e de expressão estadual ou regional, apenas o deputado estadual Bernardo Amorim (PSDB) e a senadora Zenaide Maia deram as caras. O PT blindou o presidente para deixar claro o pertencimento. Essa é uma mensagem há muito entendida na Assembleia Legislativa, ponto nevrálgico à sustentação política de Fátima na Governadoria.
As fotos e vídeos dessas agendas, que o próprio Governo Fátima Bezerra divulga, são a prova irrefutável desse alheamento, distanciamento e “separação de bens”, na relação do governo com a maioria de sua base. A apropriação e exclusivismo do PT no uso da imagem do Governo Lula e de seus representantes, mostram no RN como é diferente o que se firma numa campanha, do que se formaliza no poder.
Frente ampla e rearranjo
A “Frente ampla” montada na corrida eleitoral do ano passado teve sua utilidade com fim eleitoreiro. Compreensível e óbvio. Na gestão, entretanto, a aliança virou um rearranjo frágil. Tudo fica ainda mais evidente, porque a banda petista não quer a divisão de espaços com outros agentes públicos da base. Ninguém tasca. O Governo Lula é do PT.
Outro caso representativo dessa realidade foi a presença de dois ministros simultaneamente em Natal, dia 16 de outubro. Os titulares das pastas da Casa Civil (Rui Costa) e Transporte (Renan Filho) – veja AQUI – apresentaram o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC III) no auditório da Escola de Governo e foram visitar obra interminável de duplicação da Reta Tabajara. Nem a importância do que foi anunciado mexeu com a base não petista.
Nomes da bancada federal prestigiaram a solenidade, mas por sua relação de alinhamento com Governo Lula. Na visita à duplicação, só a fina flor do petismo potiguar e o vice-governador Walter Alves (MDB), ungido por Lula, mas não absorvido integralmente pelo PT no RN.
Quem quiser furar essa barreira tem que se virar, se esgueirando, pegando descuidados os ‘donos’ do Governo Lula. E se não for da base, mais ainda. Eis o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (UB), nessa missão. Dia 15 de setembro, quando o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI), esteve em Mossoró, ele conseguiu falar sobre pautas do município. Até cartão com número de celular pessoal do ministro ele obteve, para audiência em Brasília (veja AQUI).
Furou a “bolha,” pode ser dito. Transpôs a blindagem.
Em outro ano eleitoral, já tão perto, 2024, a governadora e seu staff vão precisar repensar essa relação política. A base majoritariamente não petista na Assembleia Legislativa e de prefeitos, deve ter seus bônus também. Ser governo de segunda classe pode gerar muitos dissabores para Fátima Bezerra mais na frente.
Acompanhe o Blog Carlos Santos (BCS) pelo Twitter AQUI, Instagram AQUI, Threads AQUI, Facebook AQUI e YouTube AQUI.
Parabéns Carlos 👏👏👏
Texto irretocável.
O apoio ao PT em nível de assembléia é de ocasião e ponto. O PT local não tem musculatura p um voo solo em 2024 nas principais cidades do estado.
Em tempo: vão fritar a Deputada Isolda.