Contrariando a expectativa dos anúncios referentes ao corte de gastos necessários para o cumprimento da meta fiscal, a proposta de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) até R$ 5 mil surpreendeu e trouxe muita preocupação aos MunicÃpios. É o que aponta estudo da Confederação Nacional dos MunicÃpios (CNM), em nota assinada pelo seu presidente, Paulo Ziulkoski.
O pacote do Governo Lula (PT) caminha para gerar mais de R$ 20 bilhões de perdas financeiras para os entes municipais.
“Infelizmente, a medida mostra falta de seriedade e representa novamente propaganda com chapéu alheio, tendo em vista que boa parte dos impactos dessa proposta será sentida pelos Entes locais. Destaca-se que o governo alega que a medida não trará impacto fiscal. Para os MunicÃpios, no entanto, a história é diferente. Hoje, cabe lembrar, cerca de 40% dos Entes locais já estão com déficit,” diz a nota.
“Ressalta-se, inicialmente, que o impacto do IR acontece na prefeitura por duas vias: a arrecadação direta do imposto dos servidores e a fatia do Fundo de Participação dos MunicÃpios (FPM) distribuÃda aos Entes locais. A perda de arrecadação própria será irreversÃvel, uma vez que não há servidores municipais com supersalários para compensar o volume da isenção. A CNM estima uma perda anual de R$ 9 bilhões com essa medida, uma vez que afetará não somente os isentos, mas também os servidores que ganham acima do valor mÃnimo com alÃquotas menores,” reforça.
Pelo lado do FPM, o impacto ainda é incerto, uma vez que não é conhecido o volume de recursos de IR que serão arrecadados pelos estratos de renda mais elevados, que, por sinal, mais difÃceis de serem executados no Brasil. Assim, somente a isenção de R$ 5 mil forneceria uma queda de FPM de R$ 11,6 bilhões, totalizando, no agregado, mais de R$ 20 bilhões de perda.
“Outras medidas anunciadas também trarão impacto para as administrações municipais. No caso do BenefÃcio de Prestação Continuada (BPC) e do Bolsa FamÃlia, por exemplo, foi anunciado o endurecimento das regras de acesso e o aumento de obrigatoriedades, como a atualização obrigatória para cadastros desatualizados há mais de 24 meses, além da inscrição e atualização de unipessoais ter de ser realizada obrigatoriamente em domicÃlio. Importante destacar que são os servidores municipais que realizam essas atividades. Para os MunicÃpios, isso significa mais uma imposição de obrigação sem nenhuma indicação de suplementação dos recursos. Os MunicÃpios recebem apenas R$ 4 por cadastro do Bolsa FamÃlia e precisam bancar com os custos de pessoal para executar o mesmo,” aponta a CNM.
“As mudanças referentes à s emendas parlamentares também devem ter impacto aos MunicÃpios. A proposta estabelece que o crescimento fica limitado ao arcabouço fiscal. O pacote restringe emendas nas despesas discricionárias do Poder Executivo; veda crescimento real das emendas não impositivas; destina 50% dos valores de emendas de Comissão para o Sistema Único de Saúde (SUS) e bloqueia emendas proporcionalmente aos bloqueios do Poder Executivo.
“Para os MunicÃpios isso significa, na prática, menores recursos e maior burocratização para a liberação dos repasses. As alterações no abono salarial, com redução das pessoas elegÃveis ao auxÃlio, também traz um maior contingente de trabalhadores descobertos de auxÃlio, o que pode demandar ações das prefeituras,” salienta.
“Importante destacar que muitos MunicÃpios hoje estão no vermelho em decorrência do excesso de responsabilidades repassada da União aos mesmos. Infelizmente, apesar de compreender a urgente necessidade de cortar gastos para o balanceamento das contas públicas no paÃs, é preciso também seriedade do Governo Federal e respeito ao pacto federativo”, aponta e finaliza.
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