• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 09/04/2017 - 09:10h

O que mudou em 100 dias com Rosalba?

Por Gutemberg Dias

No Brasil se convencionou dar um prazo de 100 dias  para os novos gestores sentarem na cadeira e porem em prática parte do que eles propuseram na campanha eleitoral. Na realidade, considero esse tempo um prazo para alinhar o governo na perspectiva de dar um rumo a nova gestão.

Para os novos prefeitos eleitos em 2016 esse prazo fecha na segunda-feira (10/04). Respeitando esse período, chegou a hora de nos posicionarmos e fazermos uma análise sobre os 100 primeiros dias de gestão da prefeita Rosalba Ciarlini (PP).

Destaco que faço essa analise não com a intenção de torcer para o quanto pior, melhor. Faço com a certeza que essa gestão tem tempo para criar algo novo e fazer a cidade avançar. Vivo aqui e quero ver Mossoró se desenvolvendo e gerando oportunidades para seu povo nas diversas áreas.

Não resta dúvida que a gestão do ex-prefeito Francisco José Júnior (PSD) deixou grandes problemas a serem superados, mas isso já era sabido por todos os candidatos à época, ou seja, a perspectiva de administrar Mossoró com o olho no retrovisor não poderia ser o norte de nenhum eleito.

Mas, vamos lá entender o que realmente a prefeita eleita desenvolveu até o momento. Para facilitar nossa análise vamos separar as ações desenvolvidas por áreas, como saúde, funcionalismo, educação, desenvolvimento social, desenvolvimento econômico, segurança, infraestrutura etc.

Começando pela saúde que tem um apelo forte perante a sociedade, observa-se que nesses 100 dias pouco se avançou. Basta ver que a rede de atenção básica continua com os mesmos problemas deixados pelo gestor anterior. Assim, como a falta de medicamento continua recorrente nas unidades básicas, um exemplo é a questão das insulinas.

Ainda, na saúde, a imprensa continua expondo os sucessivos atrasos nos pagamentos dos serviços contratados, fato que ocorria sistematicamente no governo anterior.

Quanto ao funcionalismo público a gestão divulgou fortemente que estava com os salários em dia, um feito que merecia grandes aplausos, porém a gestão estava fazendo apenas sua obrigação constitucional, ou seja, pagar os servidores dentro do prazo legal. Mas, o discurso de pagar em dia deixou um rastro de atraso, no caso, os salários de novembro e dezembro que foram negociados para se pagar de forma parcelada.

Na área da educação quase não se houve ou se viu algo de concreto divulgado pela imprensa e, também, pela própria gestão. Tirando o atraso do início do ano letivo, não foi possível identificar nenhum avanço ou direcionamento que mudasse o quadro recebido da gestão anterior.

Vale destacar que a mesma análise feita para educação se aplica para o desenvolvimento social. A secretária Lorena Ciarlini, filha da prefeita Rosalba Ciarlini, tirando suas aparições sistemáticas ao lado da mãe e/ou representando-a em eventos administrativos, não tem o que mostrar, além de tocar os projetos já consolidados na pasta.

No quesito infraestrutura apenas idas e vindas a Brasília para garantir o que já havia sido garantindo de repasse e que a gestão anterior não conseguiu materializar do ponto de vista financeiro. Inclusive parte dos recursos solicitados e alardeados, ainda, são promessas para as administrações anterior a de Francisco José. Vale um destaque positivo para a operação tapa-buraco que foi iniciada de forma muito acanhada, mas que em alguns locais dá um alívio aos moradores.

No desenvolvimento econômico não se tem muito a mostrar. Primeiro que enquanto a gestão não entender que é preciso dotar essa área da gestão de estrutura muito pouco ela terá a oferecer à sociedade.

Na cultura, o feito positivo e louvável foi a recriação da Secretaria de Cultura, acordo feito por todos os candidatos no pleito anterior com a classe artística da cidade. Mas, pelo andar da carruagem, vai cometer o mesmo erro da gestão anterior na formatação do maior evento da cidade, o Mossoró Cidade Junina, que será montado a toque de caixa, assim como aconteceu no ano passado.

Já na segurança a única ação efetiva foi o fechamento das BIC’s, que em parte concordo com sua decisão. Fora isso, apenas os duelos (veja AQUI) públicos e deselegantes com o governador Robinson Faria (PSD) quando da inauguração do projeto Ronda Cidadã.

Feito esse resumo podemos dizer que a gestão não tem muito a mostrar nesses 100 primeiros dias. Tenho a certeza que na segunda-feira a prefeita irá se pronunciar e parte de seu discurso será ainda o de campanha, principalmente, amparada no retrovisor e no mote que está reconstruindo Mossoró.

É preciso ser consciente que 100 dias é muito pouco tempo para definir grandes mudanças, mas nesse período é possível elaborar planos objetivos para garantir uma gestão focada no resultado. Mas, infelizmente não é o que se anuncia. A própria formação do secretariado deixa claro que o viés da gestão não está centrado num contexto técnico, digamos que se alicerça numa base familiar e política.

Uma grande perda para a gestão, no meu entender, foi a saída do chefe de gabinete(Kadu Ciarlini, filho da prefeita), que no contexto da gestão era o novo. Não conseguiu manter o pote na cabeça, talvez não pela inexperiência, mas pela falta de autonomia de impor uma forma nova de gerir.

No mais, a gestão de Rosalba Cialini nos remete ao passado. Fala e age como se fosse aquela prefeita do terceiro mandato, que repassou o poder a Fafá Rosado em 1º de Janeiro de 2005. Praticamente reedita o seu último mandato (2001-2004) à frente da Prefeitura de Mossoró. Porém com um diferencial: nessa fase, ela tinha muito recurso em caixa.

Se o cenário nacional não melhorar e, sobretudo, a gestão não inovar na forma de gerir a máquina pública, podem anotar, esse governo será muito parecido com o período em que a prefeita passou a frente do executivo estadual, ou seja, não terá muito para mostrar ao seu final.

Gutemberg Dias é geográfo, mestre em recursos naturais, empresário e ex-candidato a prefeito de Mossoró.

Compartilhe:
Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. rraimundo nonato sobrinho diz:

    CONCORDO COM ESPLANAÇÃO FEITO PELO EX CANDIDATO A PREFEITO: MAIS ELE ESTÁ DEFENDO UMA ANALISE DETALHADA DE SUA PASSAGEM COM SECRETÁRIO DE SILVEIRINHA.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Concordo, Cinquentinha.

      Articulista do Blog, ele tem liberdade absoluta para escolha dos temas abordados, sem qualquer tipo de censura. Vou sugerir esse enfoque, pois acho interessante uma análise “por dentro” da máquina pública.

      Abração

  2. George Duarte de Lima diz:

    Não me surpreende a atual gestão se comparando com a gestão tida pela atual prefeita no estado. os olhos ainda estão no retrovisor olhando para os erros do passado, apontando aquilo que esta faltando ou que deixou de ser feito. Mossoró merece algo melhor, gestores com proposta, projetos de desenvolvimento sustentável que colocasse Mossoró numa posição de destaque face a crise nacional, para isso temos potencial. Não me assusta ver nesse 100 dias tal cenário. Afinal foi o povo que elegeu-a para o senado, para o governo e para novamente ser chefe do executivo local. Esperemos pois dias melhores se é que eles venham!!!

  3. Augusto Ribeiro diz:

    Taí!!!
    Esse cara é sério. Sabe o que diz…
    Criticar Francisco José Jr agora é fácil, mas todos sabiam como ele deixaria a PMM.
    Rosalba se escora sempre no retrovisor e nada de novo propõe. Antes surfou nos rios de dinheiro arrecadados. Agora terá que mostrar competência para administrar numa época de dificuldades. Será que terá essa capacidade? Creio que não… Infelizmente….

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Meu Caro Gutemberg, parabéns pelo lúcido e ponderado artigo.

    Mudou algo muito simples para o alienado e conservador eleitor/munícipe mossoroense, o poder voltou às origens do caudoloso rio hereditário que leva ao mar da corrupção, do nepotismo e dos reiterados e sabidos desvios institucionais e administrativos. Aliás, muito bem compreendidos e recebidos pela nossa imprensa, assim como pela grande maioria a acredita na famosa e repisada história do retrovisor, inclusive o ìnclito, apartidário e incorruptível MINISTÉRIO PÙBLICO juntamente com o vetusto judiciário, ambos caladinhos, silentes e omissos, memso porque corrupação occorendo no âmbito do espectro político à direita, bem… COMO DIRIA O HERÓI SÉRGIO FERNANDO PARANHOS FLEURY MORO….NÃO VEM AO CASO…!!!

    Um baraço.

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.