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domingo - 28/08/2022 - 10:28h

Os 40 anos do semiárido como exportador de melão

Por Josivan Barbosa

No próximo dia 01 de setembro o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), que reúne as principais empresas produtoras e exportadoras de frutos tropicais do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, realizará a II Largada da Safra do Melão (veja AQUI). Este evento, juntamente com a Expofruit, representa uma forma de aproximação do produtor com a sociedade e com as demais empresas agregadas ao negócio rural da região.

Antigo complexo industrial da Maisa no semiárido do RN (Foto: reprodução)

Antigo complexo industrial da Maisa no semiárido do RN (Foto: reprodução)

A edição da Largada da Safra do Melão acontece às vésperas de comemorarmos 40 anos de exportação de melão para os países ricos.

A importância da MAISA 

A Mossoró Agroindustrial S/A (MAISA) foi um projeto pioneiro a em todo o país. O projeto chegou a empregar 6 mil funcionários diretos e faturar 60 milhões de dólares num ano.

Com um corpo técnico de engenheiros civis, agrônomos, mecânicos e químicos, além de economistas, administradores etc, chegou a empregar 16 engenheiros agrônomos em seu auge.

A empresa perfurou poços no Calcário Jandaíra com uma vazão média de 19 mil litros de água por hora, viabilizando o cultivo irrigado na região. Houve, também, a perfuração dos chamados poços profundos, que usavam da melhor tecnologia. Cada um deles custava em torno de 1 milhão de dólares. Esses poços, mais modernos, tinham vazão de até 200 mil litros de água por hora.

Estrutura da fábrica de industrialização da castanha de caju (Foto: reprodução)

Estrutura da fábrica de industrialização da castanha de caju (Foto: reprodução)

Em meados da década de 1990, eram bombeados 2 milhões de litros de água/hora no Projeto Maisa.

O total da área irrigada era de 1800 ha. Mas, no total a MAISA contava com cerca de 5 mil ha produtivos.

O financiamento e parcerias com o Banco do Brasil, BNDES, SUDENE e BNB tornou possível a criação desse polo agroindustrial.

As atividades agroindustriais da empresa iniciaram-se no ano de 1968. Foram seus criadores os empresários José Nilson de Sá e Geraldo Rola.

Em 1982, ocorreu a primeira exportação de melão para a Inglaterra.

A produtividade da empresa, em relação ao melão, era elevada quando comparada aos níveis atuais e no início dos anos 90 obteve com a  comercialização para o exterior, aproximadamente, US$  20 milhões/ano, representando 20%  de  toda  exportação  de  frutas  “in  natura”  do  país. Na época, esses números impressionavam, considerando as condições climáticas e da cultura na região de não se acreditar muito nos investimentos na agricultura do semiárido.

Infraestrutura da antiga MAISA

Além da grande extensão territorial da propriedade rural, com mais de 20.000 hectares com poços profundos, packinghouses e estradas vicinais internas (cerca de 300 km), a infraestrutura física do complexo MAISA era composta por fábrica de sucos, fábrica de processamento de castanhas de caju, fábrica de produção de tubos para irrigação, aeroporto privado, centro administrativo e laboratórios de pesquisa.

Nas margens da BR 304 foi construída uma vila residencial com 600 casas para as famílias dos empregados, com escola, centro comunitário, creche, posto de saúde, posto policial, áreas de lazer, pontos comerciais, rede de energia elétrica e sistemas de abastecimento de água e de saneamento.

A MAISA possuía uma serraria para produção das embalagens (paletes) para as frutas, produção de móveis e utensílios.

Além disso, tinha uma fábrica de tubos de polietileno para irrigação com capacidade produtiva de 5,5 milhões de metros de cano por ano, que eram reciclados no próprio local e uma oficina mecânica para manutenção e reparo de toda a frota da MAISA.

A cultura do caju da MAISA

O caju foi uma das primeiras estratégias escolhidas pela empresa por se adaptar bem às condições do Semiárido Nordestino depois de adulto. A área  inicial era de 12 mil ha e cerca de 650 mil plantas.

A época de colheita do caju era vista como uma festa devido a sua grande produtividade.

Com a grande estiagem no período 1979 – 2003 na região, o cajueiro, que ainda não havia atingido a fase adulta, foi praticamente dizimado pela falta d’água.

A agricultura irrigada da MAISA

Após os prejuízos decorrentes da seca com a cultura do caju, a empresa iniciou o plantio de melão, maracujá, melancia, manga, graviola, uva, acerola, sapoti, além de outras frutas com o uso das técnicas de irrigação. A área com o cultivo de melão atingiu 4000 ha por safra. O melão atendia o mercado interno e era exportado para a Europa e os EUA.

O maracujá ocupou uma área de 525 ha com produção média de 18 ton/ha/ano.

A área com manga era de 80 ha e a de acerola chegou a 180 ha.

Beneficiamento dos frutos da MAISA

O suco depois de concentrado, era armazenado em câmaras frias de onde era exportado para diversos países.

A produção de polpa era de 7200 toneladas/ano, no ano de 1995. A produção da época era majoritariamente exportada, o que representava 90%.

Era produzido a cada ano, na época, 385 toneladas de suco de maracujá, 160 toneladas de suco de caju, entre outros sucos.

A produção de castanha de caju foi planejada para atingir uma capacidade de 10 mil toneladas por ano.

Ruínas do Centro Administrativo da Maisa (Foto: reprodução)

Ruínas do Centro Administrativo da Maisa (Foto: reprodução)

A MAISA de hoje

Em 2003, para quitar suas dívidas, a propriedade da empresa foi dividida em três partes. Uma adquirida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e depois transformada em 11 assentamentos. A outra foi comprada por engenheiros agrônomos (ex-funcionários da antiga MAISA), dando lugar a Fazenda Fruta Vida, da Coopyfrutas. E a última foi adquirida por um grupo chamado Gtex, de fabricação de polpas e sucos.

Leia também (com vídeos): Maisa, história de exuberância no campo e um fim que deu frutos;

Leia também: A história de um ícone do campo.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Todos os candidatos ao governo do RN têm OBRIGAÇÃO de ler este artigo do Josivan Barbosa.
    /////
    CADÊ O COENTRO DA LICITAÇÃO DE MAIS DE 143 MIL REAIS REALIZADA EM MOSSORÓ PELA CÂMARA MUNICIPAL?
    POR QUE OS VEREADORES CALAM?
    O TCE VAI VALIDAR ESTA DESPESA?
    CADÊ A ABIN?

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