A Folha de São Paulo noticia nesta segunda-feira (6), algo que não deve nos causar surpresa alguma, sobre a educação pública. Uma pesquisa revelou que o ensino em tempo integral aumentou em 35% o aprendizado de matemática e em 26% o de língua portuguesa dos alunos do 6º a 9º ano da rede pública de São Paulo.
O estudo foi realizado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação e Economia Social, ligado à Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Sonho Grande e o Instituto Natura. A melhora foi auferida a partir das notas dos estudantes no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP).
Foram comparados os pontos obtidos pelos alunos no Saresp do 5º ano com a pontuação do 9º ano. Os estudantes das escolas de tempo regular fizeram 40 pontos em matemática. Os de tempo integral, 54. Em língua portuguesa, alunos de tempo regular marcaram 39 pontos e os de tempo integral, 49. Para desconsiderar o impacto da pandemia, a pesquisa levou em conta dados entre 2013 e 2019.
Nota do Blog Carlos Santos – O antropólogo mineiro Darcy Ribeiro, autor da pedagogia em questão, teve no ex-governador gaúcho e ex-governador carioca Leonel Brizola, a força política para criar e espalhar o Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), no Rio de Janeiro, a partir de 1983. O arquiteto Oscar Niemeyer criou a planta dos prédios e o engenheiro calculista José Carlos Sussekind complementou esse conceito, também arquitetônico, feito com peças pré-moldadas e de montagem rápida, além de custo bem reduzido.
A ideia ganhou vida e espalhou-se pelo Brasil. O próprio Collor de Mello, então presidente da República, o converteu em programa de governo, com a nomenclatura de Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAIC), em 1991. Mais de quatro décadas depois, pouco avançou e muito do que testemunhamos hoje, com violência e cooptação de crianças e jovens para o crime, poderia ser enfrentado com êxito com essa arma: a educação.
Ave, Darcy; ave, Brizola.
*Sugestão: leia “Confissões” (1997) de Darcy Ribeiro. Foi produzido às pressas, nos seus dois últimos anos de vida, quando tinha um câncer irreversível. É autobiográfico, é prosa memorialista, mas fala muito de Brasil. Veja também “O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil” (1995), um livro sobre nós, nosso passado, nossa composição étnica, cultural, política. Essa mistura de muitos para que sejamos um só.