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domingo - 19/12/2021 - 18:48h
Turismo

Pavimentação de estrada abre caminho para serra de João do Vale

Obras do município de Jucurutu e Governo Federal são, de forma concreta, alento para futuro

Permeada por um passado que guarda registros indígenas, vestígios da colonização holandesa e messianismo no sertão, a serra de João do Vale situada entre os municípios de Jucurutu, Campo Grande e Triunfo Potiguar no Rio Grande do Norte, além de Belém do Brejo do Cruz na Paraíba, a 286km de Natal e 132km de Mossoró, projeta-se definitivamente para 2022 como novo destino serrano do RN. O fato mais evidente dessa perspectiva está no início das obras de pavimentação por paralelepípedo de 19km da estrada que liga a serra à cidade de Jucurutu.

Calçamento é um alento e iniciativa de suma importância para dar vida a vários projetos na serra (Foto: PMJ)

Calçamento é um alento e iniciativa de suma importância para dar vida a vários projetos na serra (Foto: PMJ)

Um sonho antigo dos moradores que perdura por cerca de 40 anos começa a ganhar vida, deixando de ser apenas uma esperança.

Neste mês de dezembro, a Prefeitura de Jucurutu começou os serviços que num primeiro momento vai atender a pavimentação de trechos considerados mais íngremes e acidentados da via. A largada dos trabalhos deixou a população local eufórica com as novas possibilidades que se vislumbram num futuro próximo. “A falta de infraestrutura de estrada foi o grande gargalo que travou ao longo de décadas o desenvolvimento da atividade turística por aqui”, comenta o Anelsino Silva, morador da serra.

Também foi anunciada para o próximo dia 27 de Dezembro a abertura de licitação de outra obra mais arrojada: a execução de 5 km de pavimentação por asfalto numa primeira etapa, partindo da cidade de Jucurutu em direção à serra. Segundo a Secretaria de Obras Públicas de Jucurutu, o projeto está orçado em R$ 9 milhões.

Natureza exuberante, clima e tranquilidade revelam potencial turístico do lugar (Fotos: Francinildo Silva)

Natureza exuberante, clima e tranquilidade revelam potencial turístico do lugar (Fotos: Francinildo Silva)

O montante é oriundo do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e execução da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF).

Com boas notícias, empreendedores acreditam que finalmente o turismo serrano em João do Vale se torne numa possibilidade concreta, a 747 metros de altitude. “É possível que agora possamos tocar nossos projetos com mais confiança de que as coisas realmente vão acontecer. O início desses serviços acende a nossa esperança no turismo”, anseia Janúncio Tavares, empreendedor local.

Hospedagem

Atualmente, a localidade dispõe de apenas 02 empreendimentos de hospedagem em funcionamento, mas com capacidade reduzida de 06 leitos. No entanto, cerca de 15 novos espaços entre mirantes, pousadas e restaurantes têm projetos em andamento para receber o turismo.

Esses empreendedores apostam nas paisagens naturais e nas condições de clima ameno em relação ao sertão, para atrair visitantes.

Ainda que não tenha uma estrutura de acesso e receptivo de organização para o turismo, o local atrai alguns grupos e excursões. Comumente são formados por famílias da região do Seridó, que já se aventuram em visitas à serra de João do Vale de forma esporádica.

Para o jornalista Tárcio Araújo, que pesquisa o potencial da serra de João do Vale há alguns anos, existem um elenco de atrativos no local ao fomento turístico sustentável. Ele cita a “Caverna do Mundo Novo” que teve a trilha aberta este ano e que já recebeu alguns visitantes, “Os tanques coloniais” que teriam sido construídos durante ocupação holandesa no Nordeste a “Chã do Cajueiro” – onde surgiu movimento messiânico do beato Joaquim Ramalho no final do século XIX e que reuniu milhares de seguidores.

Caverna tem trilha aberta para ser uma nova atração (Foto: Tárcio Araújo)

Caverna tem trilha aberta para ser uma nova atração (Foto: Tárcio Araújo)

“Outro ponto que descobrimos recentemente foi um conjunto arquitetônico de pedras em mármore que batizamos de “Vale da Lua”. É uma imensa extensão rochosa com cavidades naturais esculpidas pela ação do tempo. Além da contemplação natural, as torres de pedra serão aproveitadas para ecoturismo como rapel e escalada”, sugere Tárcio.

A população local vislumbra novas possibilidades de trabalho e renda com a inserção do turismo. Há um grupo de mulheres que confecciona a renda renascença e artesanato em palha. Alguns artesãos fabricam esculturas em cimento e ferro reciclável.  Quanto à culinária na serra de João do Vale, há grande potencial para exploração de comidas regionais e fruticultura.

Futuro

“O futuro serrano passa também pelo conceito de Turismo de Base Comunitária para fortalecimento do artesanato, culinária e da cultura do lugar”, avalia Araújo. Ele acrescenta que tem estudado o assunto e que as perspectivas que surgem para a serra de João do Vale ensejam uma nova organização social com vistas ao desenvolvimento do turismo, com apoio público e investimentos privados.

Vale da Lua, primeiros mirantes e turismo ainda primitivo marcam o local (Fotos: Tárcio Araújo e Francinildo Silva)

Vale da Lua, primeiros mirantes e turismo ainda primitivo marcam o local (Fotos: Tárcio Araújo e Francinildo Silva)

“É possível a criação de um comitê gestor que planeje e gerencie essas ações com participação de todos de agentes públicos, nativos e empreendedores. Nada avançará se for feito com amadorismo, por impulso ou intervenções esporádicas de oportunistas. Em qualquer lugar com experiências exitosas, a história de sucesso tem a o trabalho de profissionais qualificados e entidades de conceito, como Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte – SEBRAE/RN)”, defende.

Leia também série de reportagens especiais sobre a serra de João do Vale clicando AQUI.

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Categoria(s): Gerais

Comentários

  1. Magno diz:

    Irei conhecer, se Deus quiser, em janeiro.

  2. Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Que notícia auspiciosa! Sim, novos horizontes!

  3. Hermiro Filho diz:

    Carlos,
    Há alguns anos atrás era cultivados na Serra do João do Vale um grão chamado FAVA, produto de excelente qualidade devido à altitude do lugar.
    A fava amarela como era apelidada ainda existe?
    Se alguém sober, poderá responder.

    • Carlos Santos diz:

      NOTA DO BLOG – Oi, Hermiro. Existe, sim. Informações que coletamos que a culinária tradicional tem esse produto diferenciado que segue com cultivo no lugar. Eu, sinceramente, não gosto mesmo. Para mim, é como o inhame dos pernambucanos: não me atrai. Abraços.

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