domingo - 16/03/2025 - 08:02h

Sossego

Por Odemirton Filho

Imagem gerada com Inteligência Artificial para o BCS

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Chega-se a uma fase da vida que colocamos o pé no freio. A correria de tempos passados perde o sentido, pois se começa a perceber que mais dia, menos dia, tudo ficará para trás. Assim, ao amadurecer, começamos a dar mais valor a companhia daqueles que amamos.

Prezamos ficar ao lado dos nossos pais, achamos bom ouvir as suas histórias, adoramos sorrir com o seu sorriso; gostamos de curtir os nossos filhos e netos. Qualquer brincadeira ou palavra dita pelos netos é motivo de alegria. O que parecia tão trivial, começa verdadeiramente a ser importante, a ganhar o valor merecido.

Adoramos curtir a nossa própria companhia, a navegar nas lembranças e saudades que marcaram a alma. Tudo se torna leve. Já não queremos carregar em nossa bagagem o peso dos problemas. Tentamos esvaziar o coração, deixando-o bater num lento compasso.

Cada um procura vivenciar aquilo que faz bem. Vamos à praia e olhamos o horizonte, no qual vislumbramos o eterno. Quem gosta de sentir o cheiro da terra, sobretudo quando cai a chuva, encontra refúgio em uma fazenda ou num sítio. Toma-se uma taça de vinho, uma dose de cachaça, de uísque ou uma cervejinha para relaxar. Quem pode viajar por aí, viaja.

Vamos à missa ou ao culto para alimentar a fé; lemos um bom livro, uma boa crônica, daquelas que afloram bons sentimentos. Passeamos pelas ruas; e começamos a olhar os pássaros que habitam as árvores. Eu, por exemplo, gosto de ver – após regar as plantas do meu quintal – um lindo beija-flor batendo as asas em volta, ligeirinho, ligeirinho.

Enfim, queremos viver e curtir o singelo. Na realidade, o que há de mais valioso na vida.

Certa vez, o poeta Mario Quintana escreveu:

“De repente tudo vai ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo a bagagem. A opinião dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que seja sobre nós, não tem importância. Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada. E isso não faz a menor falta. Paramos de julgar, pois já não existe certo ou errado, e sim a vida que cada um escolheu experimentar. Por fim, entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que alegra o coração naquele momento.

E só”.

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

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