sexta-feira - 02/08/2013 - 08:19h

Nau sem rumo

Por Woden Madruga (Tribuna do Norte)

A afirmação do secretário de Planejamento e Finanças, Obery Rodrigues, de que o Estado estaria “tecnicamente quebrado” e que “o Governo gasta mais do que arrecada” deixou todos, gregos, troianos e mossoroenses perplexos.

O secretário confessa, alto e bom som, a incompetência do Governo a que serve com dedicação monástica.

O grupo está no poder há  dois anos e meio e não consegue pôr em ordem suas finanças. Pelo que falou o senhor Obery Rodrigues, estamos diante de uma catástrofe que poderá se agravar com o atraso do pagamento do funcionalismo, factível de  acontecer agora em agosto, um mês sempre trágico na história política brasileira,  menos para a Fundação José Augusto com o seu “agosto da alegria”.

Pergunta-se em todas as rodas: “Quem quebrou o Rio Grande do Norte?” É provável que a resposta possa ser dada pelos políticos que formam a base de apoio ao Governo estadual, já esta semana, quando a Assembleia Legislativa retorna as suas atividades normais, depois das ferinhas do meio do ano. A governadora tem maioria na Casa e certamente seus deputados estão satisfeitos com o andar da carruagem oficial. Ou não?

As ruas, não. Em todas as calçadas, das esburacadas de Natal às de Lagoa de Velhos, percebe-se a insatisfação do povo. Mossoró também está incluída nessa geografia de queixas, de clamores, de arrependimentos até. Agora mesmo no Seridó, no embalo das festas de Santana, o desgosto de julho foi geral.

Aqui e acolá chegava-se mesmo a ouvir lamúrias, inclusive de auxiliares do Governo, alguns ocupando posições em patamares altos, fazendo coro com políticos ainda considerados correligionários. Alguns não acreditam mais  em reabilitação: o Governo estaria totalmente perdido.

Em algumas rodas, envolvendo todas as estâncias, há quem arrisque a falar até em intervenção. Os doutores da lei que fazem os quadros do Judiciário e do Ministério Público estariam consultando seus vade-mécuns na peneiragem das leis e das jurisprudências. A relação governo-judiciário-ministério público lembra mais ou menos coisas de palestinos e judeus subindo e descendo as ladeiras pedregosas da Terra Santa, cada um com a sua baladeira na mão.

Noite dessas, num dos alpendres da Bela Napolli, um desses “rabinos” togados, cercado de peregrinos de várias seitas, indo do terceiro para o quarto uísque (12 anos, claro), comentando o desastroso quadro administrativo do Estado chegou mesmo a pronunciar a palavra ‘impeachment’ com ligeiro sotaque bostoniano. Fez um sorriso sarcástico, gozador e arrematou em latim, citando o poeta Horácio: Nunc est bibendum.

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Apesar da nítida incompetência, Rosalba e Seus Cabras da Peste não poderiam quebrar o RN sozinhos.

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Toinho diz:

    Só vão botar essa governadora pra fora,só quando ela acabar de acabar o ESTADO?

  2. Marcos Pinto. diz:

    Admiro muito o mestre Woden Madruga, malgrado os seus malabarismos defensivos, quando se trata de defensor a oligarquia ALVES, à qual está intrínsecamente ligado por liames genealógicos. Não há como não atribuir sutileza abissal nessa radiografia, cujas palavras delineia uma precisão cirúrgica, do caos administrativo em que se encontra o estado. O Woden (Permita-me!) tem um pouco do maquiavel e do grande tribuno e polemista inveterado Padre Lopes Gama, autor da célebre obra “O CARAPUCEIRO”, que desde já indico para os que queiram se inteirar das nuances personalísticas dos áulicos e comensais do poder. Abração Woden !
    Marcos PInto – Presidente da Academia Apodiense de Letras (AAPOL).

    No Recife dos anos 30 do século XIX, o padre-mestre frei Miguel do Sacramento Lopes Gama, beneditino secularizado, ocupava-se, paralelamente a suas atividade pedagógicas, com a redação de um jornal, O Carapuceiro, que conheceu enorme sucesso. Embora o cabeçalho o definisse como “periódico sempre moral e só per accidens político”, boa parte de seus artigos dizia respeito a temas da atualidade política de Pernambuco e do Brasil naquele período de saudável agitação que foi o da Regência (1831-1840). Mas o grande responsável pelo êxito da folha foram as crônicas de crítica dos costumes, que reservarão para o seu autor um lugar privilegiado entre as fontes da história social do Império.
    Este volume contém o texto completo de 48 artigos de crítica social que foram cuidadosamente selecionados da edição fac-similar de O Carapuceiro em três volumes, organizada há alguns anos por Leonardo Dantas Silva. O cotidiano, sobretudo o da burguesia recifense da Regência, é aí impiedosamente caricaturado. A prosa de Lopes Gama não poupa nada nem ninguém, nem sequer seus colegas de batina, ou o ingênuo folguedo popular do bumba-meu-boi, de que nos deixou a primeira descrição de cunho etnográfico. Mas sua irreverência e seu talento felizmente impediram que sua preocupação moralizante descambasse para o moralismo ou para o conservadorismo puro e simples, embora ele não tivesse escapado nem dessa fama nem da de misógino na Recife do seu tempo.

  3. matos diz:

    Será que quando o governo conseguiu um emprestimo de US$ 500 milhões junto ao Banco Mundial, informou a este que estava quebrado? Banco nenhum empresta a quem esta quebrado. Banco empresta a quem tem capacidade de pagamento.

  4. João Paulo. diz:

    Caro Matos, aonde esta o X da questão, todo empréstimos tem que da garantias! Quais foram essa garantias que a Governadora botou como penhor? Eis as respostas: o funcionalismo comprometendo anos de congelamento de salário e outras receitas do Estado. O funcionalismo já foi vítima de um Governo, que pssou oito anos sem aumento.

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