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domingo - 01/05/2022 - 11:34h

O sabor do êxito na produção e exportação de manga do semiárido

Por Josivan Barbosa

A produção de manga no Submédio do Vale do São Francisco já ultrapassa 50 mil hectares. A região do Submédio do São Francisco possui uma área irrigada de 120 mil hectares de um total irrigável de 360 mil hectares. A região tem muitas vantagens para a produção de frutos tropicais entre elas: 3000 h sol/ano e precipitação média de 450 mm/ano, o que permite mais de 2 safras de manga/ano, dependendo da cultivar utilizada pelo produtor.

Produto tem grande aceitação externa e é exportado principalmente por via marítima (Foto ilustrativa)

Produto tem grande aceitação externa e é exportado principalmente por via marítima (Foto ilustrativa)

Em média, as áreas produtoras de manga do Submédio do Vale do São Francisco estão distantes 930 km do Porto do Pecém, 500 km do Porto de Salvador (principal porto usado na logística de exportação), 700 km dos Portos de Recife e 900 km do Porto de Natal (usados esporadicamente). O Porto de Recife não é adaptado para a exportação de frutos e o de Natal, apesar de ser muito bom, é distante.

O principal modal de exportação da manga é o marítimo (92%), sendo o aéreo e o rodoviário em torno de 4% cada um.

Atualmente, o transporte de carga no Aeroporto de Petrolina está suspenso desde que iniciou-se a pandemia Covid 19.

Área cultivada

A Valexport trabalha com a estimativa de 51 mil hectares sendo 21 mil hectares cultivados nos perímetros irrigados e 30 mil hectares fora dos perímetros irrigados. Bem acima da área cultivada com uva que é em torno de 14 mil hectares.

Os perímetros irrigados instalados naquela região do Semiárido a partir de 1970 são: Bebedouro, Tourão (Juazeiro), Nilo Coelho, Maniçoba, Curaçá, Maria Tereza (ampliação do Nilo Coelho), Salitre (Rio Salitre, afluente do São Francisco), Pontal (em início de operação) e os perímetros de áreas de assentamentos (Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Belém do São Francisco), além das áreas irrigadas de Sobradinho (lotes de 6 ha).

Certificação

Os principais sistemas de certificação adotados são: PIF, Global GAP, USA GAP, Fair Trade, Tesko/Marckspenser e Rainforest Aliance. Este último é o mais importante e o primeiro que é o brasileiro, praticamente nenhum país aceita.

A CEE (Comunidade Econômica Europeia) permite apenas o uso de até 3 agroquímicos e com apenas 1/3 do LMR da legislação Europeia.

A mosca-das-frutas (ceratis capitata) é a principal praga da fruticultura na região.

Exportação e empregos

O principal destino de exportação da manga do Submédio do Vale do São Francisco é a Europa (120 toneladas/ano) e o segundo destino é os EUA. A exportação de manga rendeu no ano passado para o país U$ 224 milhões. Se somado o valor da uva chega a U$ 376 milhões.

Em 2021 a região do Submédio do Vale do São Francisco que, também, é denominada de RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento Econômico) exportou 245 mil toneladas de manga.

A Agrodan é a principal empresa exportadora.

O setor gera 250 mil empregos diretos e quase 1 milhão de empregos diretos e indiretos.

A organização da exportação, a política do setor e a responsabilidade da certificação sanitária fica a cargo da Valexport que assume o ônus de todo o setor frutícola do Submédio do Vale do São Francisco.

Variedades

A Tommy Atkins e a Palmer são as principais variedades de manga cultivadas no Submédio do Vale do São Francisco. A Tommy Atkins é muito conhecida no mercado nacional e tem uma vida útil pós-colheita boa, mas é fibrosa. A Palmer é mais saborosa, menos fibrosa, mas o ciclo produtivo é de 180 dias e a Tommy Atkins é de apenas 120 dias. A Palmer é de fácil indução floral, produz 12 meses por ano, mas apresenta uma vida útil pós-colheita menor do que a Tommy Atkins. A Palmer apresenta boa produtividade (50 toneladas/ha).

A produção é mais concentrada no segundo semestre (70%) e 30% no primeiro semestre. A temperatura baixa a partir de maio favorece a floração.

As variedades Kent e Keitt são saborosas, pouco fibrosas e são muito aceitas na Europa.

A manga Ataulfo (doce e sem fibra), bastante conhecida no México, não tem apresentado boa produtividade. Média de 8 toneladas/ha.

Transporte e mercado

O transporte aéreo é usado apenas para a Ásia (Japão e Coréia do Sul). O transporte marítimo é usado para a Europa, EUA e África do Sul. A manga é transportada em contêiner refrigerado (10 graus).

A Valexport contratou a consultoria da Mango Board para ampliar a divulgação da manga do Submédio do Vale do São Francisco nos EUA.

Os principais mercados são: Mercado Comum Europeu (ME), Norte Americano (EUA e Canadá). O Canadá não tem exigências fitossanitárias a exemplo da Europa. O produto ainda é exportado para a Ásia (Japão e Coréia do Sul), África (África do Sul), Mercosul (Argentina e Uruguai) e Chile.

O mercado americano representa uma janela de exportação (setembro a outubro) em função da competição com a manga peruana. O Peru tem 72 plantas (packinghouses adaptados para tratamento hidrotérmico da manga) de exportação de manga enquanto que o Brasil tem apenas 12 (11 no Submédio do Vale do São Francisco e uma no Rio Grande do Norte – Finoagro em Ipanguassu).

A exportação de manga é apoiada pela instrução normativa 12 de 2010 do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Elano Cantidio diz:

    Aula todos os domingos , obg ao prof Jozivan.

  2. Roberto de Freitas diz:

    Com todo respeito ao Jorn. Carlos Santos e aos demais que colaboram com o blog, mais passo a semana aguardando o artigo do Professor Josivan Barbosa, para mim o melhor colaborador.

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