Após enfrentar todo tipo de sabotagem de membros do seu próprio partido – o MDB -, a senadora Simone Tebet finalmente teve o seu homologado em Convenção.
O PT e Lula usaram Renan Calheiros para torpedear a sua candidatura.
Tebet é o exemplo da “camisa de força” da lei eleitoral vigente, que favorece a todo tipo de manobras das cúpulas, em nome de um princípio tornado nocivo, que é a autonomia partidária.
Essa autonomia, na prática, significa dizer que os “donos” dos partidos podem tudo e tentam cassar os próprios militantes, além de utilizarem como querem o dinheiro do Fundo Eleitoral.
Em função disso, boa parte dos políticos emedebistas já correu para apoiar o ex-presidente Lula, sobretudo no Nordeste.
A esses não interessa coerência, ética política, conduta digna.
O que interessa é o prenuncio de que poderão voltar ao poder com Lula, hoje à frente das pesquisas.
Mesmo assim, o MDB sob o comando do deputado Baleia Rossi, formalmente conseguiu apoiar a senadora Tebet, como sua candidata oficial.
De agora por diante, tudo é incógnita.
As últimas pesquisas mostram que Bolsonaro ganhou certo poder de fôlego.
A sua esperança é penetrar no eleitorado mais pobre, a base do Auxílio Brasil.
Ocorre, que estratégia em política muda muito e nem sempre segue os objetivos pré-traçados.
No Nordeste, por exemplo, o sentimento de gratidão nos grotões em relação ao presidente Lula, faz com que dificilmente o voto não seja dado ao petista.
Diante da oscilação na disputa presidencial, Simone Tebet abre espaço para insistir na sua candidatura.
Entretanto, há sinais repetidos de que ela sozinha não conseguirá furar o bloqueio do radicalismo, representado por Bolsonaro e Lula.
Fazer o quê?
Difícil dizer.
Mas, o “fato novo” seria Ciro Gomes e Simone Tebet sentarem-se numa mesa, mesmo que ambos não tenham índices expressivos nas pesquisas.
Ao que se sabe não há antagonismos intransponíveis entre os dois.
O principal da conversa resume-se em definir as linhas para a proposição de um pacto de união nacional, discutido na campanha e implantado após a eleição.
Definidas as diretrizes desse pacto, à semelhança do que ocorreu no passado no Chile e Espanha, a sociedade brasileira seria despertada para o que poderá acontecer “no dia seguinte à eleição”, caso um candidato radical ganhe a eleição.
Não será difícil mostrar o caos em que ficaria o país, na economia e até na segurança coletiva.
Pelo que se observa, ganhando Lula ou Bolsonaro, no outro dia começaria a “caça às bruxas” para dar o “troco”.
A onerosa conta seria paga pelo povo brasileiro, mergulhado numa crise de proporções inimagináveis. Veja-se o exemplo recente do Chile.
Quanto a quem seria candidato, se Ciro, ou Tebet, é uma questão a ser construída através da arte política.
O que precisa agora é tentar salvar o país do abismo do radicalismo.
E somente Ciro e Simone Tebet, por já serem candidatos, podem enfrentar esse tema, através da pregação de uma união nacional.
Portanto, o título do artigo não é próprio ao indagar se Ciro e Tebet podem conversar.
O correto é afirmar, que eles devem conversar, e o mais rápido possível.
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal