domingo - 31/12/2023 - 20:00h

Diálogo com o tempo

Carlos Santos na Via Appia - Roma -Por Carlos Santos

Caro 2023, pode ir em paz. De minha parte, valeu!

Talvez tenhas me dado o melhor ciclo dessa vida: chego a 60 anos sem desejar ter 30; livre de fantasmas, ciente do que é o tempo e com sonhos.

Sou feliz, realizado e grato.

Venha, 2024.

Agora é com a gente.

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos (BCS)

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terça-feira - 28/11/2023 - 09:30h
Para Sátiro

A conversa que faltou

Aquela gargalhada que fica, na sensibilidade de Ricardo Lopes, no lançamento de meu segundo livro em 21 de junho de 2011)

Aquela gargalhada que fica, na sensibilidade de Ricardo Lopes, no lançamento de meu segundo livro em 21 de junho de 2011

Nesta terça-feira (28), a gente se despede do padre Sátiro Cavalcanti Dantas, falecido dia passado.

Meu adeus é à amizade polida por mais de 34 anos, entre gargalhadas, conversas sérias, muita camaradagem e lições. Não entra na conta temporal, o período em que dona Maura me levava às bancadas da Igreja de São Vicente, em missas dominicais.

Eu, o menino mirrado, disperso, achava mais interessante a batina do que a homilia do padre.

Só muitos anos depois conheci outro Sátiro nos escaninhos do Gazeta do Oeste. Veio daí um carinho mútuo e a liberdade de tratá-lo, na intimidade, por “Padreco.”

É dessa pessoa que estou me despedindo: única. E sem aquela conversa a mais que nos faltou, mesmo que programada. Vamos nos falando assim mesmo.

*Nas fotos de Ricardo Lopes, lançamento do meu segundo livro em junho de 2011 (há mais de 12 anos), com dedicatória a ele; nosso último encontro em maio deste ano, em lançamento de livro com sua biografia e, por último, em festa realizada por Caby da Costa Lima (in memoriam), em 2016.

Outro registro de Ricardo Lopes no dia 21 de junho de 2011

Outro registro de Ricardo Lopes no dia 21 de junho de 2011

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segunda-feira - 13/11/2023 - 04:16h
Futuro

O que vai ficar

janela, isolamento, quarto, apartamento, luz solarHá pouco mais de dois meses, em conversa com um filho à distância de milhares de quilômetros, no uso de um desses aplicativos virtuais, falamos sobre vida e despedida.

De mim, um testamento para resumir o que ofertarei para o futuro, quando não estarei mais por aqui:

– Espero não deixar sequer uma bicicleta; só boas memórias e exemplos. Herança, legado.

É isso.

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domingo - 05/11/2023 - 08:38h

Enquanto o sono não vem (culto à noite)

Por Carlos Santos

Foto ilustrativa da página Perito Animal

Foto ilustrativa da página Perito Animal

Boêmio convicto, o jornalista-compositor pernambucano Antônio Maria cunhou uma frase que virou um culto à boa vida noturna carioca, que ele aproveitou intensamente, sobretudo nos anos 50: “A noite é uma criança”.

É verdade. Eu já a embalei muito e a conheço bem. Contei estrelas sob seu teto, tangi-a por aí, sem destino. Com seu consentimento eu bebi todas, bradando aos quatro cantos a minha felicidade.

Para Cazuza, “o banheiro é a igreja de todos os bêbados”. À noite, é também o vômito espalhado no chão, o batom na gola da camisa, recanto das mais sórdidas confissões e daquele inescapável último pingo na cueca.

“À noite todos os gatos são pardos.” Tenho minhas dúvidas. Muitos cintilam e reluzem, para morrer aos primeiros raios de sol da manhã. Outros têm cores próprias e se renovam ao amanhecer. Tem sete vidas.

Na verdade, a noite tem o poder de revelar pessoas, isso sim. Mas elas não são melhores ou piores por causa da noite. Nem adianta culpar a bebida por sua imagem lasciva declarada, longe da identidade diurna.

A “persona” (máscara) não cabe em qualquer um, é bom que fique claro. Ela se esconde na maquiagem borrada, na moral encardida.

Hemingway disparou: “Paris é uma festa”. Tem sido assim há décadas. E a noite?

Temos muito de Paris, do Sena que nos corta à Bastilha que nos prende. A Champs Élysées que parece infinita é como aquela noite que nunca devia acabar, de tão boa.

A “baladeira” (rede) me aguarda dadivosa. Tadinha, tão surrada, mas acolhedora. A noite engatinha e o sono não chega. É como meu novo bebê, vivo num imaginário dividido e partilhado, pronto para nascer. Estou à sua espera infinitamente.

O que seria da humanidade pós-moderna se não fosse Twitter, MSN, Facebook etc.? Sobreviveria, lógico, mas assim mesmo quero ir para Pasárgada. Sem querer ser esnobe, vou logo avisando: lá não faço questão de ser amigo do rei.

Sou velho mesmo. Do tempo que puxava o sono ouvindo a Rádio Mundial, folheava a Playboy às escondidas, com olhar rútilo, jogava conversa fora à calçada para engolir as horas e fazia do sarro o ápice do “amor”.

Bom tempo.

Sou do tempo que a madrugada insone, de boemia inocente, terminava no Mercado Central, na esquina de casa, na praça com o sol dando “bom-dia”. Feliz pela camisa amarrotada, por sentir outro perfume no corpo ou conformado com a solidão de muitas vozes ininteligíveis, sem que umazinha sequer me acalentasse.

Saudosista? Não. Vivo hoje o melhor dos meus dias terrenos, sem medo de olhar para trás e enxergar minhas próprias pegadas.

O meu tempo não é o da saudade. Fico a falar do que passou, porque passou sem ir embora. É como aquele livro bom, socado entre outros na estante, que a gente sempre consulta numa releitura que se renova.

É, muitas vezes, um volver para rir das próprias desgraças. Passeio por desventuras próximas as de “Geraldo Viramundo”, personagem de Fernando Sabino, sempre envolto em situações picarescas e estapafúrdias. Um Dom Quixote sertanejo.

Ah… e se eu fosse poeta? E se tivesse um violão? Não quero nem pensar. A sarjeta seria minha pátria. Bardo solto por aí, crente na imortalidade, não estaria aqui, balbuciando essas palavras. A noite teria minha vigília permanente à janela de Rapunzel.

Talvez fosse “um menino passarinho, com vontade de voar”, como escreveu Luiz  Vieira. Até pediria que copiassem o próprio Sabino com um etipáfio parecido àquele posto em seu túmulo, para fechar minha história:

“Aqui jaz Carlos Santos, que nasceu homem e morreu menino”.

Boa noite. O sono chegou.

São 3h15… zzzz!!!

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos (Canal BCS)

*Texto originalmente publicado nesta página no dia 13 de fevereiro de 2011 (veja AQUI).

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domingo - 29/10/2023 - 04:30h

Antes que tudo lá fora seja sol

Por Carlos Santos

(Foto: Produção do BCS)

(Foto: Produção do BCS)

Você nem percebeu antes: meus olhos fitavam-na há tempos. Ô! Nem lhe conto.

Viam cada detalhe daquele rosto delicado, branquinho, quase encoberto pelo grosso lençol.

Cabelos desdenhados faziam véu sobre sua fronte; uma respiração quase inaudível dava sinal de vida interior. De repente…cílios e pálpebras fazem movimento contínuo e sincronizado, num abrir e fechar lento. Hesitante.

Como “cortinas” que se elevam, eles deixam à mostra o brilho do seu olhar, que espelham o meu. Sob o traçado de lábios sinuosos e semifechados, você sorrir sem jeito. Parece incomodada.

Descubro a luz num quarto que teima em não amanhecer, antes que tudo lá fora seja sol.

Fecham-se as ‘cortinas’ outra vez. Ao que tudo indica, sem direito a “bis”. Mesmo que eu pedisse em silêncio, não seria igual.

Segundos depois, um leve olhar se forma de novo. Agora, mais cauteloso e de viés, como a perscrutar se ainda estou ali à espreita e de modo tão impertinente.

Assumo a felicidade contemplativa, aquela que vê tudo com a alma. Posso até virar estátua de sal, mas não largo a tentação de espiar o que me cativa.

Seu corpo rola para o outro lado num esforço sobre-humano, sem que quase nada saia desse casulo de algodão.

“Huumm!” A preguiça se enrosca na própria manha de menina que quer colo. Só isso.

Em posição fetal, se defende do mundo, do meu olhar e dos meus instintos. Mas não se queixa dos meus braços.

Faz do meu pulso extensão do seu, apertando-o firmemente com a mão presa ao próprio peito.

Está na hora de irmos embora.

– Vamos!

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos (Canal BCS)

*Crônica originalmente publicada no dia 1º de junho de 2014, há quase nove anos e quatro meses (veja AQUI).

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domingo - 22/10/2023 - 04:30h

O bem volta!

Por Carlos Santos

(Imagem: Reprodução/Shutterstock)

(Imagem: Reprodução/Shutterstock)

Costumo dizer que “o bem volta.” Muitas vezes nem o percebemos, porque ele é simples, espontâneo e de coração. Não tem fatura, não precisa ser visto. Vem do fundo d’alma.

“E o mal?” – podem me perguntar. Fico com o ensinamento ancestral que a vida tem-me confirmado: “O mal por si só se destrói.”

O que nos confunde muito é a crença de que ele, o bem, deva voltar pelas mãos de quem de algum modo ganhou nossa generosidade ou compaixão. Teve o ombro. Por gratidão, digamos.

Seria uma espécie de reconhecimento ou materialização espiritual do toma lá, dá cá.

Ele pode bater à sua porta por outras mãos e formas, não necessariamente por quem você socorreu.

É comum que nem o identifiquemos de imediato ou jamais.

Mas, ele volta.

Mais ele volta.

E se a propaganda do que é feito não for a essência do gesto, para não se revelar um negócio, falso, eis o bem se preparando para retornar;

Principalmente, se nos sentimos mais felizes em ofertá-lo do que aquele que o recebe.

O bem está nas mãos de quem acolheu meu filho com carinho no seu primeiro dia de emprego, mesmo sem saber de minha existência;

Aparece no estresse do trânsito, quando o outro em vez de buzinar de ódio ao perceber uma manobra indevida, se aquieta – compreensível. Perdoa-nos;

Chega no sorriso sincero de quem me atende na lanchonete simples, não apenas por obrigação ou marketing, mas porque vê um rosto angustiado;

Está na oração reservada e sem voz de quem lembra de mim, de você, sem que saibamos, colocando-nos em seu pedido de proteção espiritual;

O bem tem a cara dos que me elegeram pai, não por orfandade, mas porque minha carência era bem maior;

Surge de supetão, assim mesmo de repente, de onde você menos espera, para dividir aquele restinho de refrigerante e o cachorro-quente contigo, na porta da escola;

Acolhe-nos através do amigo que nos faz irmão, pois nosso sangue é universal no sentimento;

Esse bem que conheço não estica o braço diante do semáforo, no vermelho, para deixar tilintar algumas moedas nas mãozinhas encardidas da criança faminta;

Nem pense em encontrá-lo no Instagram, Facebook, Twitter… Lá ele não aparece, por não ter necessidade de se exibir;

E fique certo: jamais existirá na primeira pessoa, visto que não aprendeu a conjugar a vida desse jeito;

O bem volta.

Às vezes a gente nem desconfia…

Mas, ele volta.

Mais ele volta.

O bem vai voltar, mas não porque doei o que me sobrava inútil: a camisa desbotada, o tênis esfolado ou o restante da quentinha que não consegui comer por completo;

Ele voltará porque resolvi dividir para lhe suprir, me desnudei para lhe vestir, renunciei para permitir que brilhes, estiquei o tapete em vez de puxá-lo à sua passagem, à sua vez, ao seu direito de vencer.

E se o bem não voltar?

O bem volta.

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos (BCS) e autor dos livros “Só Rindo – A política do bom humor do palanque aos bastidores (I e II)”

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terça-feira - 17/10/2023 - 22:00h
Horário marcado

Blog Carlos Santos vai estar no Jornal das Seis

Da 95 FM de MossoróCarlos Santos no Jornal das Seis 18 de Outubro de 2023 com Tárcio Araújo e Elizângela Moura - Tag para publicar

Nesta quarta-feira (18), no Jornal das Seis, da 95 FM de Mossoró (Grupo TCM), a gente vai ter um bate-papo político com o jornalista Carlos Santos – criador e editor do Blog Carlos Santos (BCS).

Na pauta, os desdobramentos da política local e estadual, entre outros assuntos.

O Jornal das Seis vai ao ar diariamente das 18h05 às 19h.

Você acompanha no www.tcm95fm.com.br e nos canais da TCM – 02 do pacote família e 26.6 do pacote compacto.

No Instagram @95fmmossoro.

A apresentação de Tárcio Araújo e Elizângela Moura.

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domingo - 10/09/2023 - 09:38h

Antes de partir

Por Carlos Santos

Ilustração de Bastian Weltjen/Getty Images

Ilustração de Bastian Weltjen/Getty Images

Nesses tempos em que tudo é muito fugaz, líquido – como definiu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman -, a morte como fim definitivo do indivíduo, da matéria, não tem a devida paz. Nem ela. Testemunhamos experimentos que buscam a eternidade in vitro. Ou a longevidade máxima através de complexos vitamínicos e exaustão física sob peso de marombas. Todos, todas, todes e toddynhos pensam que viver muito é viver.

Surgiu até a “compostagem humana” nos Estados Unidos, onde o capitalismo ganha sempre, tirando de vivos e mortos o máximo possível. Nesse método de ‘reciclar’ o finado, o cadáver passa por processo químico e de decomposição com produtos naturais, para se transformar em “solo utilizável.” Um adubo, digamos.

A parentada pode levar para casa e espalhá-lo no jardim, onde dividirá o solo gramíneo com o cocô do bichano e aquela frutinha que se esparramou no chão, lá se decompondo. Enfim, o fim nada edificante, coabitando o lugar com o que apodrece e pisoteado todos os dias por quem lhe amava (ou detestava em silêncio).

Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida, vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa

(Cazuza em Vida, louca vida)

Essa resistência em partir é muito humana. Contudo, não faz parte do mundo líquido de Bauman, sem dúvidas.

Nem todos pensam e agem assim. Diagnosticado com câncer, o genial jornalista, escritor e cronista Rubem resolveu que não se submeteria à qualquer tipo de tratamento.

Ele optou pela cremação, para que as cinzas do seu corpo fossem dispersas no rio de Cachoeira de Itapemirim-ES, sua terra natal. Tudo em data, local e horário que só um núcleo familiar soubesse e o filho Roberto sacramentasse. Já tinha feito as despedidas em vida.

No livro Rubem Braga – Um cigano fazendeiro do ar, de Marco Antônio de Carvalho, publicado em 2007, o autor narra esquisitices que muitos pensavam ser lenda, quanto aos preparativos à viagem sem volta do cronista, em 1990. Braga (olha só a minha intimidade) saiu do Rio de Janeiro para São Paulo, onde tratou dos detalhes da cremação em empresa do ramo, acostumada a torrar gente.

Uma funcionária muito educada quis apenas saber de quem seria o cadáver. “O cadáver sou eu!”

De adeus eu entendo. Por não saber me despedir, não acompanhei meus velhos à última morada. Só depois, dias depois, só eu e eles, pude chorar ao pé da cova e imerso no meu eu, enquanto balbuciava alguma oração que decorei – mal – na infância.

Por achar que doeria muito ver um amigo indo embora aos poucos, resisti em visitá-lo num leito hospitalar – mais consegui, só Deus sabe como. Foi nosso último encontro por aqui. À esposa, sobre minha ausência até então, quase acertou:

– “Carlos não vem. Ele não aguenta me ver assim.”

Previno-o nessas últimas linhas: essa não é uma crônica sobre a morte, embora pareça. Nem é epitáfio laudatório, mesmo que assim possa ser interpretado. Ao contrário de Brás Cubas, um defunto autor que só a cabeça criativa de Machado de Assis daria vida, cá estou para contar – do meu jeito – sobre o que é viver… antes de partir.

“Não tenho tempo a perder (…),” diria o poeta piauiense Torquato Neto, que resolveu ir mais cedo, sem nunca nos deixar.

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos

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quinta-feira - 10/08/2023 - 08:38h
Blog Carlos Santos

De Lula à crise financeira do RN, uma análise no Cenário Político

Veja a íntegra de nossa participação no programa Cenário Político da TV Cabo Mossoró (TCM Telecom), nessas terça-feira (8), às 19h25, com apresentação de Vonúvio Praxedes e Carol Ribeiro. 

Falamos sobre gestão Lula (PT), crise financeira do Governo Fátima Bezerra (PT), os superpoderes políticos do Supremo Tribunal Federal (STF), ruptura das relações Álvaro Dias (Republicanos)-Rogério Marinho (PL), disputa municipal mossoroense, força de lideranças e partidos na campanha 2024 no RN e outros assuntos.

Resumo

– Alguns vereadores vão terminar o mandato sem descobrir o que é ser vereador.

– O papel da oposição é ser oposição. Essa é uma legislatura de blocos na CMM (…). É resultado da fragmentação do poder em Mossoró, esvaziamento de lideranças do clã Rosado.

– O PSDB deverá ser o partido com mais prefeitos e vereadores eleitos em 2024 (…). O PT, não. Em Mossoró, os pequenos partidos continuarão pequenos e alguns até rejeitados, com esse novo cenário legal e de forças.

– O pior dos mundos é atraso de salário (…). Fátima Bezerra teve primeiro mandato voltado para o servidor, mas o RN não é só servidor público.

– Fátima é aliada e amiga do presidente, mas Lula não pode tudo.

– Precisamos rediscutir esse país, essa relação de poder. Antes, os prefeitos iam a Brasília em busca de projetos e recursos na Presidência da República. Hoje, é corrida atras de parlamentares, com emendas secretas, emenda pix.

– Partido é um grande negócio (…). Nós estamos num processo de atraso com redução de número de legendas, atingindo também os partidos ideológicos.

Editor do BCS bateu papo com Vonúvio, Carol e internautas/telespectadores (Reprodução do BCS)

Editor do BCS bateu papo com Vonúvio, Carol e internautas/telespectadores (Reprodução do BCS)

– A gente ver sindicatos e movimentos organizados pressionando governo. Isso é sensato, compreensível. Mas já vimos dois governadores pedindo dinheiro emprestado à Tribunal de Justiça. É um absurdo, uma grande distorção.

– O grande diferencial do presidente Lula é a capacidade de dialogar. É quem melhor sabe fazer política neste país há muitas décadas, mas ele é meeiro do próprio governo. Divide a gestão com parte do Congresso Nacional.

– Os políticos lá em cima, a grande maioria, não costumam ter ódio. Geraldo Alkmin tratou Lula como chefe de quadrilha e o PT como quadrilha. Hoje, é vice-presidente de Lula.

– O STF parece decidido a cassar (e caçar) bolsonaristas. Judiciário não deveria ter lado.

– Rosalba Ciarlini pode ser a candidata de Fátima Bezerra à Prefeitura de Mossoró.

– A possibilidade do PT não ter candidato a prefeito em Mossoró é muito grande. Há o temor de passar vexame.

– O quadro atual da administração do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) é completamente diferente do que aconteceu com Rosalba em época semelhante, em 2019. Ela tinha cerca de 50% de reprovação. Na última pesquisa divulgada, o prefeito apareceu com 81 por cento de aprovação.

– Álvaro Dias  (Republicanos) está ligando a seta mais para a esquerda (rompimento do senador Rogério Marinho-PL).

– Pouquíssimas pessoas sabem, mas o prefeito Álvaro Dias e Fátima Bezerra conversaram ano passado discutindo apoio à reeleição dela (…). O próximo ano pode ser que ele esteja no palanque de Natália Bonavides (PT) – pré-candidata à Prefeitura de Natal.

Ladeado por Vonúvio e Carol, na "Casa de Milton Marques." Nossa gratidão (Foto: TCM Telecom)

Ladeado por Vonúvio e Carol, na “Casa de Milton Marques.” Nossa gratidão (Foto: TCM Telecom)

Confira mais e mais.

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terça-feira - 08/08/2023 - 07:20h
Jornalismo

Cenário Político da TCM bate papo com Blog Carlos Santos hoje

Carlos Santos em arte do Cenário Político - 08-08-2023Nesta terça-feira (8), a gente conversa com os âncoras-jornalistas Vonúvio Praxedes e Carol Ribeiro, titulares do programa “Cenário Político” da TV Cabo Mossoró (TCM Telecom), a casa de Milton Marques (in memoriam), às 19h25.

Contaremos ainda com intervenções de telespectadores e internautas, sobre política nacional, estadual e mossoroense.

Acompanhe também pela Net ao vivo AQUI.

*Veja AQUI como foi nossa última participação no programa, no dia 8 de maio – exatamente há três meses.

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quarta-feira - 02/08/2023 - 20:46h
Quinta-feira, 18h20

“Jornal das Seis” da 95 FM de Mossoró recebe Blog Carlos Santos

95 FM de Mossoró - logomarcaO “Jornal das Seis” desta quinta-feira (3), na TCM 95 FM de Mossoró, apresenta um bate-papo sobre política com o editor do Blog Carlos Santos (Canal BCS).

O programa começa às 18h20, com apresentação de Tárcio Araújo e Emanuela de Sousa (Manu).

Você pode ouvir no site da 95 TCM www.tcm95fm.com.br

Ou nos canais da TCM HD – Canal 02 do pacote Família e no Canal 26.6 do pacote compacto_.

Também ao vivo no Instagram da 95 – @95fmmossoro.

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quinta-feira - 06/07/2023 - 16:48h
Ouça

Blog Carlos Santos faz ampla análise política na 95 FM

95 FM de Mossoró - Foto do site com microfoneNessa quarta-feira (5), a gente bateu papo sobre política nacional, estadual, disputas 2024 e 2026, gestão municipal mossoroense, mudanças partidárias, greve, relação entre sindicatos e poder, além de outras questões.

Flashs

“O nome mais forte da oposição em Mossoró é Rosalba Ciarlini (PP).”

“Fátima Bezerra (PT) não foi eleita presidente do Sinte nem Sindsaúde (…). É governadora do RN.”

“O presidente Lula (PT) é meeiro do próprio governo; dividido até com adversários, gente que votou contra ele.”

“O senador Styvenson Valentim (Podemos) virou político. Isso é muito bom.”

“Os Rosados chegaram a zero. Estão sem nenhum mandato e nenhum aliado com mandato. O último foi o vereador Francisco Carlos (Avante).”

“Existe uma promessa de apoio do prefeito Allyson Bezerra à reeleição de Zenaide Maia (PSD), em 2026.”

“Acabou o tempo do verde contra o encarnado. Está tudo misturado.”

“O grande projeto de Isolda Dantas (PT) é ser candidata a federal em 2026.”

“Jorge do Rosário (Avante) disse numa entrevista que oposição em Mossoró não existia e desagradou pessoas da oposição.”

“A política é dinâmica. Há seis ou sete anos ninguém listaria Rogério Marinho (PL)  como nome ao Senado. Hoje, ele é senador.”

“A chance de Lawrence Amorim (Solidariedade) romper com o prefeito Allyson Bezerra é zero. Romperia por quê?”

A conversa foi com os jornalistas Carol Ribeiro e Vonúvio Praxedes no programa Meio-dia TCM, da 95 FM de Mossoró.

Aperte o play e ouça a partir de 11 minutos e 22 segundos de programa.

AQUI.

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quinta-feira - 01/06/2023 - 10:42h
Diferencial

Aberto às redes e à imprensa, “prefeito da mídia” só se fortalece

No bate-papo com os apresentadores do programa Conexão Política, da Rádio Difusora de Mossoró, repórter Joãozinho GPS e Petras Vinícius, falamos sobre política, comunicação, Mossoró Cidade Junina (GPS), disputa municipal, dificuldades do governo Fátima Bezerra (PT), primeiros meses da gestão Lula (PT) e por aí vai.

Foi nessa quarta-feira (31), ao vivo, com participação de ouvintes e internautas.

Na pauta, ainda a capacidade de comunicação do prefeito mossoroense Allyson Bezerra (SDD) com um celular à mão. Seu estilo de interação com a sociedade através das várias plataformas da Internet e a relação de abertura com a própria imprensa convencional – sem censuras – é impactante.

“Ele realmente é o prefeito da mídia”, assinalamos. E essa postura é muito mais um capital do que um ônus à sua imagem.

Muitos “estranham” porque num passado recente, titular do cargo que ele ocupa, se esquivava da imprensa, não dava entrevistas e evitava sabatinas abertas e livres. Tinha medo de questionamentos sobre temas delicados.

Veja a íntegra de nossa conversa no Conexão Difusora no boxe de vídeo abaixo:

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segunda-feira - 08/05/2023 - 12:38h
Cenário Político

Nossa opinião sobre gestão Lula, quadro municipal e governo Fátima

Acompanhe nesses três boxes de vídeos como foi nossa participação no programa Cenário Político da TV Cabo Mossoró (TCM Telecom), Canal 10, nessa sexta-feira (5).

Conversamos com os âncoras-jornalistas Vonúvio Praxedes e Carol Ribeiro, com intervenções de telespectadores e internautas, sobre política nacional, estadual e mossoroense.

Primeiro bloco

Nova Gestão Fátima

Para o entrevistado, a governadora Fátima Bezerra (PT) aposta todas as suas fichas no presidente Lula (PT). “Se ficar esperando por ele, vai terminar gestão de forma melancólica”, afirmamos. O presidente tem pouca margem de manobra com um Congresso Nacional que não é petista ou governista.

Saúde

“O Hospital Regional Tarcísio Maia é uma unidade heroica”, definimos. Quadro de saúde pública é grave no segundo governo Fátima Bezerra.

Segundo bloco

Nomeação de bolsonaristas

“Nomeação de Getúlio Batista (um bolsonarista) para o Dnit, é reflexo dos acordos, das arrumações, do palanque ‘curva de rio’, que Lula e Fátima fizeram no Brasil e no RN”, destacamos.

União Brasil e Agripino

Partido liderado pelo ex-senador José Agripino faz parte da base de Lula, mas no RN “não empina discurso ostensivo contra Fátima”.

“Só uma manada de inocentes acha que Agripino e Fátima são inimigos”.

Allyson no União Brasil?

A gente tratou desse tema, instigado pelos âncoras do programa. Acompanhe se o prefeito mossoroense Allyson Bezerra (Solidariedade) vai para essa legenda ou outra. E como fica uma banda do clã Rosado, que já está na sigla?

Frente Ampla, PT e Rosalba

“PCdoB tomou iniciativa de dizer: ‘ei, gente, vamos nos juntar'”. Para o entrevistado, o PT foi engolido e ficou acanhado com posição proeminente dos comunistas. E, quanto à Rosalba Ciarlini (PP), ex-prefeita, sua presença no evento de 101 do partido, tem alguns significados.

“Rosalba ainda é a maior eleitora de Mossoró, depois do prefeito,” disparamos.

Oposição ao prefeito

Acompanhe nossa análise sobre nomes.

Terceiro bloco

As bases frágeis de Lula e Fátima

“Lula é refém desse pessoal”, apontamos, em referência à liderança do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), bem como dirigente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que “já estiveram ao lado de Jair Bolsonaro (PL)”.

“O apoio popular de Lula é maciço, mas não tem folga”, assinalamos. Mostramos que o presidente vive uma realidade bem diferente do que aconteceu em seus mandatos anteriores.

Sobre Fátima e Ezequiel

“A princípio, relação da governadora Fátima Bezerra com o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), é muito boa. Mas, “a maioria da base de Fátima na AL não é dela, é de Ezequiel”.

Lawrence Amorim

O presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (Solidariedade), está indo para o PSDB. “Ele estará num possível projeto de reeleição do prefeito Allyson Bezerra ou de oposição?”, perguntou Carol Ribeiro. Veja nossa opinião.

Também somos inquiridos sobre saída e chegada de grandes marcas comerciais a Mossoró, além de outras questões como bancada federal. “Eleger um idiota, um estúpido, um despreparado, é um prejuízo sem remendo”, assinalamos.

Vereadores governista e Allyson

“Vejo muito vereador governista que não defende governo, mas nas redes sociais se apresenta como autor de obras do governo”, mostramos. “Mas, isso é problema do prefeito. Ele que vá lidar com esse povo.”

Imperfeições do Governo Allyson

“Parte de sua equipe não entendeu, não entendeu ainda, que apesar de ser técnica, precisa ser política. Vereador não é para esperar uma hora na antessala,” dissemos.

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sexta-feira - 05/05/2023 - 10:54h
Agende-se

Cenário Político da TCM recebe Blog Carlos Santos

Cenário PolíticoÀs 19h25 de hoje, sexta-feira (5), os jornalistas Carol Ribeiro e Vonúvio Praxedes recebem a gente no programa Cenário Político da TV Cabo Mossoró (TCM Telecom), Canal 10.

Temos muita coisa a conversar.

Anote esse nosso compromisso.

Acompanhe ao vivo na Net AQUI.

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quarta-feira - 03/05/2023 - 08:24h
Sexta-feira, 5

Encontro marcado no Cenário Político da TCM

Bate-papo com Carol Ribeiro e Vonúvio Praxedes é essa noite,, às 19h25 (Foto: arquivo/11-05-2022

Bate-papo com Carol Ribeiro e Vonúvio Praxedes será na sexta-feira, às 19h25 (Foto: arquivo/11-05-2022)

Na próxima sexta-feira (5), às 19h25, vamos estar novamente com os jornalistas Carol Ribeiro e Vonúvio Praxedes no programa Cenário Político da TV Cabo Mossoró (TCM Telecom), Canal 10.

Convite feito, convite aceito.

Vamos papear sobre diversas questões da política local, estadual e nacional.

Até lá.

Encontro marcado.

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terça-feira - 25/04/2023 - 05:24h
Saúde

De volta à luta

Gládio IIDepois de 12 dias infestado por virose, posso afirmar que me sinto curado.

Febre, dor de cabeça, tontura, expectoração, tosse, fastio, dificuldade de raciocínio, indisposição física, sonolência… foram dissipados.

Tentar retornar à realidade, inclusive na labuta.

Gládio à mão; à luta.

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segunda-feira - 17/04/2023 - 06:22h
Virose

Tentando voltar à rotina

Sem ritmo à volta à normalidade de trabalho e vida em si, entro a semana tentando debelar virose braba que até o raciocínio me compromete.

Vamos lá, seguindo recomendação médica de muito líquido, repouso e alimentação.

Produzir o possível, na marra.

Fácil não está.

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 02/04/2023 - 04:30h

Clube do Cafezinho

Por Marcos Ferreira

Esta semana precisei ir ao banco. Parei diante da porta giratória e dentro de uma caixa em acrílico (creio que fosse em acrílico) larguei alguns pertences que trazia comigo. Eram nada mais que um celular, as chaves de minha casa e algumas moedas embaladas numa fita adesiva transparente. Apenas depois disso foi que a desconfiada porta autorizou o meu ingresso naquele típico reduto do capital.

Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

Peguei uma ficha no porteiro eletrônico e, a seguir, tomei uma maçada de quase hora e meia até meu número ser chamado no monitor de televisão afixado no alto de uma parede. Nem sei dizer se toda aquela espera valeu a pena, pois o motivo de eu estar ali era um só: receber um novo cartão do Banco do Brasil. O outro estava vencido e com uma rachadura. Então, para obter esse objeto de importância nenhuma no tocante a dinheiro em caixa, lá estava eu, um cidadão ordinário e igualmente desimportante com uma merreca de setenta e quatro reais na conta-corrente.

Deixei a agência da Alberto Maranhão convicto do quanto o meu viver é uma espécie de zero à esquerda. Hoje me permitam estar assim, melodramático. É uma espécie de trejeito, um cacoete. Imagino que não se trate de vitimismo ou autocomiseração. Como se alguém houvesse perguntado, digo também que no próximo dia 10 de abril (peço que isto fique somente entre nós) completarei cinquenta e três anos de idade. Até o momento, para lhes ser franco, não me tornei outra coisa à exceção de um homem de letras sem relevo nesta terra e menos ainda por aí afora.

O que possuo de valor, outra vez sendo honesto comigo e com um bocado de gente bacana, não é muita coisa material, mas amigos que me têm honrado com sua amizade e consideração gratuitas. Alguns são de longa data, desde 1912, como Antonio Alvino, outros se achegaram não faz muito tempo. Talvez devido à minha súbita mudança de açougueiro do verbo para cronista dominical. Então, feito um sonâmbulo, eu caminhava devagar pela Avenida Alberto Maranhão, escolhendo os passos nas calçadas irregulares desta cidade, pensando à toa numa coisa e noutra.

Meti a mão no bolso, peguei o telefone e consultei as horas: 16:05. Com a mixaria no banco e aquelas moedinhas, cogitei entrar num café e pedir uma xícara da rubiácea. Mas, num reflexo de bom senso, larguei tal ideia e rumei para outro endereço: o do meu próprio casulo, onde uma porção do velho e saboroso moca não desfalcaria o meu orçamento como certamente ocorreria no comércio.

Quem sabe num dia qualquer, acompanhado de cafezistas como Elias Epaminondas, Marcos Rebouças, Odemirton Filho, Rocha Neto, Antonio Railton, Clauder Arcanjo, Carlos Santos, todos esses notórios apreciadores do líquido citado, sentemos para tomar essa bebidinha quente e odorífica. Por onde andarão Mário Gaudêncio, Ayala Gurgel, José Arimatéia, Francisco Amaral Campina, Túlio Ratto?… Estarei feliz ao redor dessas pessoas. Ontem mesmo, antes que eu me esqueça, recebi a visita do Dr. Marconi Amorim. E, evidentemente, tomamos mais um cafezinho.

Marconi veio conferir como ficou esta nova morada da Euclides Deocleciano, 32, fruto, em grande parte, do apoio de amigos. Claro que esta crônica não deveria ser tristonha, como se vê de modo predominante, todavia alguns ímpetos depressivos ainda me acometem, morbidez que combato seguindo as prescrições do Dr. Dirceu Lopes. Então, geralmente devido ao meu estado psíquico, às vezes esqueço do quanto a vida é maravilhosa e este mundo não é tão ruim quanto parece.

Portanto, às quatro e pouco da tarde, lá ia eu um tanto sem rumo, decerto em busca de algum amigo com o qual não havia agendado me encontrar. Realmente não encontrei ninguém, nenhum dos meus colegas batendo pernas.

Entrei no meu lar, tomei um banho, fiz café e bebi uma xícara sozinho. Após uns minutos o telefone tocou. Era o poeta Rogério Dias. Trocamos umas ideias através da invenção de Graham Bell e combinamos em ele vir aqui na próxima semana. Trará os seus apetrechos culinários para produzir algumas de suas boas e famosas tapiocas recheadas. De minha parte ficarei encarregado do café.

No fim das contas, dando o braço a torcer, reconheço que esta tarde não foi nada infecunda. Vez por outra, cheio de caraminholas, é o meu quengo que inventa as penas em que vivo, como no belo soneto de Olavo Bilac.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica
quarta-feira - 22/03/2023 - 21:24h
É guerra!

Precisamos que vocês acertem

Foto ilustrativa

Foto ilustrativa

Chuvinha boa nesta noite de quarta-feira (22) em Mossoró.

Daí, passa-me uma picape da Força Nacional em alta velocidade, com giroflex e sirene abrindo caminho.

Desejo boa sorte, numa manifestação individual e inaudível.

Precisamos que vocês acertem.

Não é fácil está no meio dessa guerra insana e estúpida.

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 12/03/2023 - 04:10h

Nau esperança

Por Carlos Santos

Rua Jerônimo Rosado, um marzão que parecia não ter fim, em 1974 (Acervo do Relembrando Mossoró)

Rua Jerônimo Rosado, um marzão que parecia não ter fim, em 1974 (Acervo do Relembrando Mossoró)

Relembro o poeta Gonçalves Dias em “Juca Pirama” para proclamar: “Meninos, eu vi”. Testemunhei duas enchentes épicas em Mossoró. Dois quadros, duas visões.

Em uma delas fui desalojado pela enxurrada; de outra resultou meu alojamento, de forma indireta, numa paixão: o jornalismo.

Vou contar o primeiro caso. Depois, quem sabe, abordo o outro, acontecido em 1985.

Situo-me em 1974. Estou nos arrabaldes do Santuário do Sagrado Coração de Jesus, Centro de Mossoró. Assisto o rio Mossoró banhar lentamente a rua Jerônimo Rosado, escalar as escadarias do adro desse templo e ocupar nossa casa sem resistência.

Sua água barrenta e devastadora produzia cenas incomuns aos meus olhos infantis: homens com calças arregaçadas, outras crianças a nado, caminhões ou simples carroças transportando móveis e picuás da vizinhança.

A chuva incessante que engordou o rio nos empurrou para fora com a força de quem manda, sem pedir licença. Um poder onipotente. Mesmo assim, a água que quase batia à cintura de muitos ali bem em frente, me divertia, sem que eu soubesse medir os estragos ou pressentir os desdobramentos da cheia.

Sapos apareciam aos montes, como se fora reprodução de uma das dez pragas do Egito. Multiplicavam-se aos milhares, fazendo do enorme quintal uma Normandia no Dia D, só para anfíbios. Uma cena grotesca que nunca mais vi se repetir.

Canoas e pequenas lanchas navegavam à nossa frente; o rádio ligado noticiava a ampliação territorial do rio Mossoró. Estávamos ilhados, acuados, a cada dia.

O burburinho na rua e o alagamento continuado não me afligiam. A imagem diluviana era acima de tudo encantadora à minha avaliação limitada. Cinematográfica. Estimulava a imaginação cheia de aventuras e super-heróis da TV e quadrinhos.

Ruas, praças e avenidas estavam transformadas num marzão. Uma via só. Fluvial. Quase amazônica.

Só me toquei do pior com a convocação final: “Arrume suas coisas. Amanhã cedinho a gente vai embora”. Partimos para nunca mais voltarmos àquele endereço.

Lá ficou uma parte de minha infância e inocência: a pequena pracinha de seu João Cantídio, nosso Colégio Dom Bosco a tão poucos passos.

Para trás o presépio de Maria de Uriel, miniatura bíblica cheia de vida em todo Natal; a casa acolhedora de dona Fefita e seus netos, todos meus amigos, que vez por outra me convocavam para tumultuar seu sossego.

A padaria de seu Eliseu Costa e dona Julita nunca mais seriam meu endereço de fim de tarde. Seus pães e bolos deliciosos, enrolados com técnica apurada em papel madeira, continuam em meus olhos, olfato e paladar. Memória sensorial.

As confrarias noturnas à calçada, com o tititi do dia, quase sempre vetadas à presença de crianças curiosas, continuam gravadas. As famílias pareciam uma só, sem o temor da violência urbana, sem as aflições psicossociais deste século XXI.

Vários nomes e lugares mantêm-se memorizados, outros se dispersaram com o tempo, mesmo que a imagem deles, ainda turva, pulule até hoje em minha mente.

Vejo o casal Izete-Raílton; Moisés dos Portões, padre Américo Simonetti e suas concorridas missas no Coração de Jesus; o tenente e delegado Clodoaldo Meira aboletado num Jeep aterrorizando quem teimava em jogar bola na área, pronto para picotar a pelota.

A senhora Júlia Menezes absorta; as irmãs Ilná e Alaíde Nascimento; minha “Maura” sempre loquaz, festiva e amante da prosa com Nadir Brasil e tantos amigos e amigas. A professora exemplar Dagmar Filgueira e a serenidade do senhor Trajano Filgueira.

O sítio “Pica-pau” no beiço do rio; o Cine Cid tão perto e a lenda de que em seu subsolo existia uma baleia. Com chuva ou sol, enchente ou não, o barulho que vinha de lá nos fazia acreditar nesse “Moby Dick” subterrâneo. O enredo caberia numa aventura escrita por Herman Melville ou o engenhoso Júlio Verne.

Por aquele pequeno portão gradeado de ferro da casa em que eu morava, de batente alto, soltei meu barquinho tosco, de papel. Vi-o flutuar nas águas por alguns minutos, até que desaparecesse.

Só muito tempo depois descobri que “navegar é preciso”. Minha nau frágil, não tripulada, era também esperança.

Buscava outro porto seguro além-mar.

Carlos Santos é criador e editor do Canal BCS – Blog Carlos Santos

*Texto originalmente publicado nesta página no dia 21 de janeiro de 2011, há mais de 12 anos e dois meses.

*Fotos do acervo do Relembrando Mossoró, de Lindomarcos Faustino, que podem ser ampliadas clicando sobre cada uma.

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Categoria(s): Crônica
domingo - 05/03/2023 - 08:52h

Uma nova Casa Branca

Por Marcos Ferreira

Imóvel que foi demolido para que pudesse nascer um lugar habitável...

Imóvel que foi demolido para que pudesse nascer um lugar habitável…

... e decente à vida modesta, mas digna (Fotos: Marcos Ferreira)

… e decente à vida modesta, mas digna (Fotos: Marcos Ferreira)

Tudo começou com o escritor David de Medeiros Leite. Àquela época David estava presidente da Companhia de Habitação do Rio Grande do Norte (Cohab/RN). O filho da saudosa senhora Hilda foi quem me apontou a disponibilidade do imóvel situado no Conjunto Walfredo Gurgel, no Alto de São Manoel.

Eu contava com um cargo miúdo na Prefeitura de Mossoró, e fomos (eu, David Leite e o também escritor Clauder Arcanjo) dar uma olhada na casa, que encontramos em escombros. Assim mesmo, com o apoio de David e Clauder, conseguimos tornar aquelas ruínas em algo habitável. Esse, portanto, foi o início.

Depois de vários anos, sempre entremeados de incontáveis apuros, não pude mais realizar nenhum benefício na residência, e esta foi estiolando-se rapidamente. Decorridos cerca de quinze anos, portanto, a situação se agravou. A ponto de eu colocar uma placa de venda, buscando assim adquirir outro imóvel noutro subúrbio mais distante deste município. Ressalto que o Walfredo Gurgel, exceto por alguns problemas estruturais, ainda é um bairro bem familiar, de cadeiras nas calçadas.

Ao saber da placa de venda, meu amigo petroleiro Elias Epaminondas bateu os coturnos e se opôs com veemência à venda de meu endereço. Sim. Eu costumava dizer que não tinha uma casa, mas somente um endereço. A placa de venda foi retirada. Miriam Ferreira, esposa de Elias, elaborou um simples e belo projeto para minha nova habitação e Elias deu início a um mutirão entre nossos amigos.

Agora, extremamente grato, eu me sinto na obrigação de relacionar aqui os nomes daqueles que se sensibilizaram e contribuíram, de maneira relevante, para tornar meu sonho e o projeto de Miriam Ferreira em realidade.

De largada, cito o amigo Clauder Arcanjo, que prontamente se comprometeu em adquirir todas as telhas. A seguir, embora sempre discretos, vêm Túlio Ratto e José Antero dos Santos, responsáveis por grande parte do cimento. Na sequência, em ordem aleatória, vou citando o restante dos nomes. Torço que isso não lhes pareça maçante ou enjoativo, tendo em vista que o nobre leitor sempre espera encontrar neste espaço o mínimo possível de literatura, sobretudo no gênero crônica.

Mas, repito, eis os bons samaritanos em ordem aleatória: Luiza Maria Freire de Medeiros, Raimundo Antonio, Fabrício Caymon, Raimundo César Barbosa, Odemirton Filho, Zilene Medeiros, Dr. Dirceu Lopes, João Bezerra de Castro, Aluísio Barros, Francisco Wanderley, Cristiane Reis, Marconi Amorim.

Acho que isto, com perdão do leitor, não se trata de prestação de contas ou cabotinismo imobiliário. Não é isso. Também não é subserviência, servilismo púbico. Quero apenas, no breve espaço de uma crônica, quiçá duas páginas, exibir, de maneira honesta, minha gratidão a essas pessoas que venho citando. Porque a gente não tem rédeas no instante de fazer determinadas críticas a terceiros, todavia se omite no momento de tornar notório aquilo de bom que lhe foi feito. Aqui eu falo de gratidão. E gratidão não está nem nunca esteve fora de moda. É algo bom a se praticar.

Contei, entre outros, com figuras como Rogério Dias, Flávio Quadrado, Ranniere Ferreira, Sandro Jorge, Jessé de Andrade Alexandria, Alexsandro Lopes Pinto, Laélio Ferreira, André Luís, Carlos Silva, Antonio Alvino, Dr. Lúcio Leopoldino, Francisco Nolasco, Francisco Amaral Campina, Gildemar Condados, Elder Nolasco, Anchieta Albuquerque, além do meu culto Editor Carlos Santos.

Não paramos por aqui. O mutirão prossegue. A velha choupana foi inteiramente demolida e uma nova casa branca (que não é a dos americanos) ergueu-se bela e majestosa sob as mãos dos pedreiros Jailson Batista, Rogério Cordeiro e Wellington Azevedo. “Agora não tem mais volta”, falei comigo mesmo.

Vamos aos demais: Francinaldo Rafael, Honório de Medeiros, Cid Augusto, Elisabete Stradiotto, Valdemar Siqueira, Ênio Souza, Luzia Praxedes Arcanjo, João Helder Alves Arcanjo, José Anchieta de Oliveira, Afrânio Melo, João Maria Souza da Silva, Antônio Railton, Marquinhos Rebouças, Nilson Rebouças, Jorge Alves, Vanda Maia, Arlete Jácome, Dr. Diego Dantas e Alexandre Miranda. Creio que não esqueci ninguém, isto graças a Natália Maia e às suas planilhas cheias de nomes e números. Também agradeço àqueles que, por um motivo ou outro, não puderam ajudar. Sei que muitos torceram pelo êxito desta empreitada construída graças a várias doações.

Não tenho, pois, o menor embaraço em escrever expondo meu agradecimento a todos esses amigos de primeira e de última hora. Porque a gratidão, repito, faz parte do meu DNA, da minha constituição e personalidade.

Todos são bem-vindos para um cafezinho.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica
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