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domingo - 24/04/2022 - 10:22h

A eleição francesa

Por Ney Lopes

Hoje, 24, será decidida a eleição na França por 49 milhões de eleitores.

O resultado das urnas terá o potencial de afetar a vida de outros 400 milhões de pessoas nos países da União Europeia e ainda de desequilibrar do xadrez geopolítico do continente à guerra da Ucrânia.

Le Pen e Macron têm enfrentamento nas urnas em momento decisivo à França e geopolítica mundial (Fotos: Sarah Meyssonnier/Reuters)

Le Pen e Macron têm enfrentamento nas urnas em momento decisivo à França e geopolítica mundial (Fotos: Sarah Meyssonnier/Reuters)

A candidata Marine Le Pen não é direitista, o que seria normal e caberia respeitar as suas posições no diálogo democrático.

Ela é uma “extremista” e defende teses que colocariam em risco a livre circulação de pessoas e mercadorias na União Europeia..

Le Pen é, inclusive, antiga aliada do déspota russo Putin. Em 2014, reconheceu a anexação da Crimeia por Moscou e obteve para o seu partido um empréstimo de cerca de € 9 milhões em um banco russo.

O poder aquisitivo é a principal preocupação dos eleitores nesta corrida presidencial. Reforma das aposentadorias, queda de impostos, reindustrialização e relação com a União Europeia são alguns dossiês em que Emmanuel Macron e Marine Le Pen apresentam projetos opostos para o país.

Veja-se, por exemplo, que o plano de Le Pen é proibir todas as mulheres muçulmanas de usar o hijab (conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica.).

Macron alerta que esta medida poderia provocar uma “guerra civil” nos subúrbios franceses.

A França é um dos países europeus que melhor se restabelece da pandemia, com uma queda regular do desemprego, a 7,4% em março, e uma retomada do crescimento econômico em 2021 (+7%).

A guerra da Ucrânia, entretanto, traz de volta as incertezas e aumenta os preços do custo de vida dos franceses.

Neste contexto, os dois candidatos lançam a cartada das subvenções: Macron ofereceu ajuda financeira direta para os menos favorecidos, congelou os preços da energia e bancou uma redução de até €0,18 do preço do litro dos combustíveis.

A sua opositora garante que irá mais longe, se for eleita, aumentando em 10% o salário de quem ganha até três salários mínimos e isentando de encargos sociais empresas e, parcialmente, funcionários.

Marine Le Pen também almeja baixar dos atuais 20% para 5,5% a TVA, um imposto sobre valor agregado semelhante ao ICMS brasileiro.

Os dois candidatos   opõem-se acerca da relação com a União Europeia.

Macron é profundamente europeu.

Le Pen sempre foi uma crítica do bloco, do qual prometia separação até a última eleição, em 2017.

Macron qualificou a eleição de hoje como um “referendo contra ou a favor da Europa” e “contra ou a favor de uma República laica, una e indivisível”. Neste contexto, Macron saiu-se muito bem no último debate da quarta feira.

A tendência da esquerda é apoiá-lo. O líder Jean-Luc Mélenchon, que ficou em terceiro na primeira volta com cerca de 20% dos votos, apelou ao seu eleitorado para que “não dê um único voto” a Marine Le Pen, mas continuou a não apoiar diretamente Macron.

Apesar da incerteza dos eleitores de esquerda, as sondagens continuam a dar a vitória a Macron, mesmo que seja mais à justa face a 2017, com 55,5% das intenções de votos. A esperança é que realmente Le Pen perca a eleição, para preservar a unidade europeia em momento tão delicado para a humanidade.

Ney Lopes é advogado, jornalista e ex-deputado federal

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Categoria(s): Artigo

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