Na foto, Dr. Edgardo ao lado do filho Cyrus Benavides, que recebia cidadania natalense, em novembro do ano passado (Reprodução do Instagram)
Notícia triste que a gente veicula, logo no início de semana. Faleceu em Natal, nesta segunda-feira (03), o médico obstetra aposentado Edgardo Alberto Benavides Carrasco, “Dr. Edgardo.” Tinha 90 anos e estava com problemas de infecção, que o levaram a óbito.
Informações sobre velório, missa e sepultamento: velório de 16h às 21h no Memorial Vila (Rua São José, Natal) nesta segunda-feira. Missa às 10h na Igreja Matriz de Acari-RN e sepultamento às 11h, no Cemitério Municipal de Acari, ambos na terça-feira (04).
Doutor Edgardo era originário de Huancabamb, no Peru. Começou curso de Medicina em Lima, capital do pais, mas em 1957 aportou no Brasil. Primeiro, em Curitiba-PR; depois concluiu formação em Natal, transferindo-se posteriormente para Mossoró, onde atuou por quase 60 anos.
Casado com a acariense Maria da Guia de Araújo Benavides (in memoriam), pai de quatro filhos – Jânia, Edgardo, Adriana e Cyrus -, Dr. Edgardo parou de trabalhar há poucos anos, devido limitações da própria idade. Vontade era de continuar no seu ofício-apostolado na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Barrocas, em Mossoró, até o fim.
Acesse nosso Instagram AQUI.
Acesse nosso Threads AQUI.
Nota do Blog – Sinto essa perda. Figura humana incomum. Sua partida é uma subtração não apenas para familiares e amigos, mas à própria humanidade. Ele fez sua parte para a construção de um mundo melhor. Foi muito além disso, a propósito.
Vá em paz, meu caro.
Meus sinceros sentimentos aos seus familiares e amigos. Homem de extrema dignidade e bondade. Deus o receba na sua Glória.
Doutor Edgardo, ou “Gagardo”, como lhe chamava, deixou um legado muito valioso na medicina e na vida social e religiosa do nosso Estado. Milhares de crianças vieram ao mundo pelas suas mãos generosas, recepcionadas pelo amor divinal de um profissional que trazia alento para o corpo e para a alma das parturientes.
Sua vida dedicada à medicina desvelou um humanista por excelência, numa época em que os pacientes ainda eram tratados pelo nome e os registros das patologias ainda eram nominativos . Hoje, os prontuários rotulam doenças por códigos (CID) e os doentes por números.
Por várias vezes, durante novenas da festa de Santa Luzia, assisti o cerco de pacientes de todas as idades a cumprimentá-lo, sabendo ele o nome de cada uma delas.
Era um sátiro, um hilário, tirando riso de todas as situações. Cursilhista atuante, ministrava palestras na formação cristã de jovens. Para aproximar as gerações, saia com “estórias” inusitadas. Numa delas, inventou que Dom José, o bispo da época, gostava de rock. Contava que certa vez a chegando na catedral no mesmo momento do bispo e pode ouvir o som que saía do carro dele. Dizia, simulando a pose de guitarrista e cantarolando, que a música tocada no Gol de Dom José era “O Papa é Pop”, de Engenheiros do Hawaii. Em algumas dessas palestras Dom José estava presente, e ria muito dessas “tiradas”.
Em algumas viagens que fiz com ele e Guia, sua companheira de vida e de fé, percebi a presença perene de apetrechos indispensáveis: bolacha preta e remédios para todas as doenças espalhados nos diversos bolsos de sua roupa.
Minha alma é tomada de tristeza com sua partida, assaltado pelas memórias que invadem de saudade a minha mente e o meu coração. Deixa ele um vácuo na existência dos seus amigos, cada um com uma história sua para contar. A cena urbana de Mossoró se ressente – e muito! – pela sua partida. A rua República do Peru já tinha perdido a graça com sua mudança para Natal.
O que nos conforta é que Guia, sua amada alma gêmea, foi à porta do céu para lhe aguardar, e com ele agora desfruta das benesses do paraíso. São míriades celestiais que iluminarão os passos dos seus filhos (Edgardo, Janya, Adriana e Cirus), genros e noras (Ricardo, Elaine, Gabriela…), e dos seus amados netos.
Ave, Edgardo! Seu “primogênito” (como gostava de me chamar…) eleva a Deus uma prece de gratidão pela sua vida aqui na terra, a sua bondade, a sua generosidade como amigo, o seu apreço, e a “paternidade” torta. Um beijo no coração para Guia, quando encontrá-la. Ficaremos aqui na saudade.
Lágrimas por Dr.Edgardo. Abraço a família Benavides. Médico dedicado e atencioso, Dr.Edgardo ficará em nossos corações.
Um raro cidadão e humanista de origem peruana que no Brasil e no País de Mossoró, especialmente fez morada para laborar na medicina, atuando como médico com larga formação generalista e humanística que sempre de tudo fez para honrar nascimento e vida das pessoas sob o juramento de Hipócrates.
Não obstante o reacionário e mercantilista estuário da medicina tupiniquim, que corporativamente não raro confunde espirito de corpo com espirito de porco. Sua retributiva, equidistante e humanística atuação como Obstetra, desde sempre fez escola e honraria tanto entre colegas de profissão, pacientes, mães, pais, filhos e netos que ecoaram e até hoje ecoam suas sementes e frutos, como exemplo de que, nós como cidadãos e profissionais, queiramos ou não, fazemos parte de um coletivo social, e para este, devemos sempre colaborar.
Como detentor de uma vida pautada e plasmada no equilibrio e sobriedade, bem como duma carreira profissional digna e exemplar, mas, sobretudo humanística e holística, este sim, mereceu e merece não só títulos de cidadania, mais ainda nomes de escolas de medicina, ruas, avenidas, pontes, auditórios, parques ambientais etc…!!!