Por Inácio Augusto de AlmeidaÂ
Lázaro de Melo, com suas feições disformes, mais lembrava uma destas figuras saÃdas do folclore. O nariz bastante largo, apesar de não ser negro, os olhos muito juntos, os dentes irregulares, a boca torta e enfeiada por lábios excessivamente grandes, como se estivessem eternamente inchados.
O corpo era empenado, como se vivesse sempre a carregar um peso num dos lados. Tinha um andar descompensado. Mas era o irmão de Luzia.
Beckman não conseguia entender como uma mulher da fibra de Luzia tinha como irmão um tipo como Lázaro. Se ela era a coragem, Lázaro era a covardia. A lealdade e a perfÃdia estavam postas em corpos diferentes, porém da mesma origem familiar.
Beckman amava Luzia. E por amá-la, tinha que aceitar o tipo desprezÃvel. Afinal, Lázaro era o único membro da famÃlia de Luzia que restava. Viúva e sem filhos, ainda jovem, restara-lhe apenas aquele irmão. E por ele sentia-se responsável, já que perderam os pais quando ainda eram crianças.
O maior contraste estava na aparência de ambos. Luzia era de uma beleza quase indescritÃvel. Corpo esbelto, pele macia, olhos negros de um brilho exagerado. Seios firmes, coxas roliças. Enfim, um corpo perfeito. E o rosto era de uma beleza angelical.
DifÃcil acreditar que fossem irmãos. Na verdade, não tinham nada em comum. Nem o corpo, nem o espÃrito.
Mas eram irmãos.
ACOMPANHE
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Inácio Augusto de Almeida – Boêmio/Sonhador
(Continua no próximo domingo)
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