Por Marcos Ferreira
Aí está ele, 2022. Por enquanto é só um recém-nascido. Mas há de ser melhor que o anterior. Até porque o Nosferatu se encontra com os seus dias contados no desgoverno da “pátria amada”. Será uma vitória que logo festejaremos. Claro que os eleitores verde-amarelo (autoproclamados cidadãos de bem, cristãos de almas puras, de caráter magno) seguirão a Besta. Contudo essa turma é minoria, muito pequena mesmo, e não terá a menor chance diante do povão sofrido.
Enfim, como uma pústula calcinada, o Desprezível representará apenas uma mácula (mais uma) na biografia do Brasil. A necropolítica, o “não sou coveiro”, o “mi-mi-mi” e a “gripezinha”, a exemplo de vários outros deboches lançados contra as famílias que perderam entes queridos para a Covid, serão o preço a ser pago pelas ações canalhas, torpes e ignóbeis do Grande Percevejo.
A contagem regressiva foi iniciada. Após isso, quando as trevas se forem, as pessoas humildes voltarão a ser tratadas como gente. O povo sofreu demais (ainda sofre) nas garras dessa horda raivosa, fascista, insensível. Vejam só isso. Enquanto trinta e um mil brasileiros estão desabrigados na Bahia devido às chuvas e enchentes, razão pela qual muitos perderam o pouco que tinham, o Desprezível curte férias bem longe da tragédia, torrando o dinheiro dos contribuintes.
A Besta não se sensibiliza com o padecimento da população desassistida, doente e faminta. Apenas com as contas-correntes dele e da sua família com pós-doutorado em tramoias imobiliárias, fantásticas lojinhas de chocolate e “rachadinhas” às pampas. Que importa se o povo está comendo carcaças, avançando sobre caminhões de lixo para catar comida? O Percevejo não tem nada com isso.
Sei que é chato começar 2022 assim, recordando os podres e desventuras do ano passado. Na real, entretanto, ainda não nos livramos de 2021. Não enquanto o Nosferatu e seu exército de vampiros chupam o sangue e a vida desta nação. Resistiremos, porém, feito uma grande fênix, apesar de todo o caos e retrocesso, das trevas e do rastro de destruição que esses emissários do Inferno produziram. Vamos reconstruir este país. Pois a luta por uma sociedade mais justa prossegue.
Há enormes chances de que esse embate entre a luz e as trevas se encerre já no primeiro turno das eleições de outubro. Todas as pesquisas indicam que a luz (ou Luiz) detém a grande maioria das intenções de votos. Porque o fator que realmente decide eleições presidenciais no Brasil é o estômago do povo necessitado. A fome não perdoa quem só governa para a minoria — os ricos.
Muitos entraram na lábia do falso Messias, que contou com os serviços sujos de um juiz arbitrário e venal, porém a ficha caiu. Demorou, mas caiu. O povo pobre, que representa a grande massa votante, espera ansioso pelo dia 2 de outubro. Aí não haverá choro nem vela, “mi-mi-mi” por urnas pré-históricas nem ameaça de golpe com desfile de blindados caindo aos pedaços e empestando tudo de fumaça. Será inútil pedir intervenção militar e dar chiliques fascistoides.
Dias melhores virão. Perdoem o surrado lugar-comum. O neofascismo deixará de dar as cartas, de pintar o sete e bordar o oito, de cuspir e intimidar jornalistas. Generais prepotentes e inúteis, entre outros figurões de alto coturno, retornarão para o esgoto de onde saíram. Sei que vai chover canivetes sobre estas páginas, entretanto eu não retiro uma vírgula do que acabei de escrever.
Será bom vestir de novo a camisa da Seleção sem nos sentirmos zumbis dessa tropa teleguiada pelo Nosferatu. Penso na retomada de investimentos para a ciência e educação, no estímulo a professores, na defesa urgente e efetiva da nossa Amazônia, tão massacrada ao longo dos últimos três anos por causa da atual política de extermínio da fauna e flora brasileiras. Que aquele ministro contra o meio ambiente, contrabandista de madeira, também pague pelos seus crimes.
Após o 2 de outubro, enfim, entre outros desprazeres, não mais veremos a Besta por aí erguendo criancinhas nos braços, sem máscara, em plena pandemia, calamidade esta que já tirou a vida de tantos brasileiros. O número de mortos caminha para a triste marca dos setecentos mil óbitos. Brevemente, portanto, já tendo perdido a sua imunidade, o falso Messias verá o sol nascer quadrado.
Assim vai ser. Ache ruim quem quiser.
Marcos Ferreira é escritor