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domingo - 27/11/2022 - 13:04h

Maranhão – Capítulo XVI

Por Inácio Augusto de Almeida

– Senhor, escutai a minha prece. Por que tanto sofrimento, Senhor? Que tanto mal eu fiz?fé, oração, 2Lopez falava baixinho, sua voz era um bisbilho. Respirava sem muito ânimo. Quando um raio de sol, atravessando a palha, veio sobre a sua cabeça e tocou os seus olhos, deixando-o encandeado, ergueu a vista para olhar de frente aquela luz. E uma grande esperança começou a tomar conta de si. Começava a crescer nele a esperança. E continuou a rezar… a rezar… a…

 Acordou com uma linda índia a lhe oferecer, dentro de uma cuia, um líquido de uma cor estranha. Pelo gesto que ela fazia, entendeu que era para ele tomar. Ao provar, percebeu que o gosto era agradável. Bebia e olhava a bela índia a sorrir. Lembrou-se de que os canibais, antes de degustarem suas presas, tinham o costume de engordá-las. Deu um pulo e jogou o resto do líquido fora. A índia trocou o sorriso por uma cara fechada. Nos seus olhos, antes ternos, havia agora uma dureza sem brilho.

– Não quero mais, não quero mais.

Lopez falava e gesticulava. Sabia que a índia não entendia o que dizia, por isso se esforçava nos movimentos, principalmente nos das mãos e da cabeça. Ela apenas abaixou-se e pegando a cuia, tomou o resto que ficara, como querendo mostrar ao Lopez que a bebida era boa, que não iria lhe fazer nenhum mal.

Lopez respirou fundo. Era a primeira vez que conseguia algum tipo de comunicação. E bastou isto para o seu espírito irreverente aflorar.

“Se estes índios deixarem eu conseguir me fazer entender, se eu conseguir entendê-los..”

ACOMPANHE

Leia tambémMaranhão – Capítulo I;

Leia tambémMaranhão – Capítulo II;

Leia tambémMaranhão – Capítulo III;

Leia tambémMaranhão – Capítulo IV;

Leia tambémMaranhão – Capítulo V;

Leia tambémMaranhão – Capitulo VI;

Leia tambémMaranhão – Capítulo VII;

Leia também: Maranhão – Capítulo VIII;

Leia tambémMaranhão – Capítulo IX;

Leia tambémMaranhão – Capítulo X;

Leia tambémMaranhão – Capítulo XI;

Leia tambémMaranhão – Capítulo XII;

Leia tambémMaranhão – Capítulo XIII;

Leia tambémMaranhão – Capítulo XIV;

Leia também: Maranhão – XV.

Inácio Augusto de Almeida – Boêmio/Sonhador

(Continua no próximo domingo)

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Categoria(s): Conto/Romance

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