Por Inácio Augusto de Almeida
– Senhor, escutai a minha prece. Por que tanto sofrimento, Senhor? Que tanto mal eu fiz?Lopez falava baixinho, sua voz era um bisbilho. Respirava sem muito ânimo. Quando um raio de sol, atravessando a palha, veio sobre a sua cabeça e tocou os seus olhos, deixando-o encandeado, ergueu a vista para olhar de frente aquela luz. E uma grande esperança começou a tomar conta de si. Começava a crescer nele a esperança. E continuou a rezar… a rezar… a…
Acordou com uma linda índia a lhe oferecer, dentro de uma cuia, um líquido de uma cor estranha. Pelo gesto que ela fazia, entendeu que era para ele tomar. Ao provar, percebeu que o gosto era agradável. Bebia e olhava a bela índia a sorrir. Lembrou-se de que os canibais, antes de degustarem suas presas, tinham o costume de engordá-las. Deu um pulo e jogou o resto do líquido fora. A índia trocou o sorriso por uma cara fechada. Nos seus olhos, antes ternos, havia agora uma dureza sem brilho.
– Não quero mais, não quero mais.
Lopez falava e gesticulava. Sabia que a índia não entendia o que dizia, por isso se esforçava nos movimentos, principalmente nos das mãos e da cabeça. Ela apenas abaixou-se e pegando a cuia, tomou o resto que ficara, como querendo mostrar ao Lopez que a bebida era boa, que não iria lhe fazer nenhum mal.
Lopez respirou fundo. Era a primeira vez que conseguia algum tipo de comunicação. E bastou isto para o seu espírito irreverente aflorar.
“Se estes índios deixarem eu conseguir me fazer entender, se eu conseguir entendê-los..”
ACOMPANHE
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Inácio Augusto de Almeida – Boêmio/Sonhador
(Continua no próximo domingo)
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