• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 10/07/2011 - 12:54h
Passado que ensina

Rosalba Ciarlini pode sofrer com o “Efeito Orloff”

Governadora tem início de governo pior do que passagem de Geraldo Melo e um futuro incerto

A ressaca do poder, que parece onipotente e infindável, é terrível

Nunca antes na história político-administrativa do Rio Grande do Norte, um governante viveu um início de gestão tão confuso, sem rumo e gerando enorme desapontamento. Essa é uma síntese dos primeiros meses do governo Rosalba Ciarlini (DEM).

O comum, diante de um cenário tão castastrófico, é que ocorra comparação com algum antecessor. É o caso do ex-governador Geraldo Melo (PSDB), que administrou o Estado de 1987-1990. Existem algumas semelhanças, mas várias discrepâncias no encontro histórico entre os dois.

Rosalba, como Geraldo, chegou à Governadoria envolta em grande expectativa e crédito de confiança, movida por montanha de votos construídos numa retórica emocional e nenhum projeto concreto. Só blablabá.

Em relação à governadora, a conjuntura nacional e estadual é bem diferente da encontrada por Geraldo Melo no início de gestão em 1987. Ela, apesar de adversária do governo central, presidente Dilma Roussef (PT), não sofre nenhum tipo de boicote e chegou a receber visita de mais de oito ministros.

Rosalba precisa ter mais do que fé espiritual

Geraldo Melo, à ocasião, enfrentou o desmanche do “Plano Cruzado”, plataforma principal do seu discurso de campanha. O presidente José Sarney, que o apoiava, conseguiu eleger 22 dos 23 governadores, a grande maioria dos senadores e deputados federais/estaduais.

Foi uma avalanche baseada no ufanismo desse programa econômico, que logo após as eleições foi enterrado pelo próprio Sarney.

Hoje existe a estabilidade da moeda, o país em franco desenvolvimento econômico e controle inflacionário. Com Geraldo Melo era tudo inverso. Greves, especialmente na educação, passaram a fazer parte do cotidiano do RN a partir de 1988. Desde então o governo foi-se arrastando até o final.

Ele sequer conseguiu fazer o sucessor.  À ocasião, não existia o instituto da reeleição para governador e outros cargos executivos.

Rosalba desembarcou na Governadoria utilizando um velho e surrado discurso de “terra arrasada”, para começar a ganhar tempo. Só que sua estratégia foi rapidamente descontruída e hoje ela enfrenta uma onda de greves, a administração praticamente paralisada e nenhuma ação visível de governo.

As poucas notícias boas que vende, advêm justamente de realizações nascidas na era Wilma de Faria (PSB)-Iberê Ferreira (PSB) e do Governo Federal. Entretanto, esconde esse detalhe da opinião pública.

A crise que a governadora enfrenta, parece ser muito mais de mentalidade e método do que financeiro-administrativa. Revela traços de intolerância, arrogância e autosuficiência, além de frieza em relação a questões cruciais do serviço público.

Com Geraldo Melo, a “metástase” começou depois do primeiro ano de governo. Da mesma forma que fora beneficiado com fatores exôgenos (externos) à eleição, passou a pagar o preço pelo fim do Plano Cruzado. Em alguns momentos,  ele partiu pra litigância e bateu frontalmente com categorias de servidores que na campanha tinham lhe dado apoio decisivo.

Se com Rosalba o slogan de campanha era “para fazer acontecer”, em relação a Geraldo Melo um eficiente conjunto de marketing eleitoral prometia “Novos ventos, novos tempos” no Rio Grande do Norte. Levaria o povo ao desenvolvimento social e crescimento econômico. Nem uma coisa nem outra.

Populismo

Um traço comum à Rosalba e a Geraldo Melo é o discurso populista, ufanista e carregado de retória. Mas nesse ingrediente, ela perde de forma acachapante. O “Tamborete” (apelido ganho em campanha) era o rei da retórica. Prendia multidões diante do palanque.

Também conta a favor de Geraldo Melo, uma reconhecida inteligência diferenciada. Qualquer dúvida é só comparar sua passagem pelo Senado, com a presença da “Rosa”. Ele chegou à vice-presidência da Casa, com importantes intervenções e forte influência. Rosalba quase não foi notada.

Geraldo Melo construiu sua chegada ao Governo do Estado sob um bem-arquitetato plenajamento. Já fora vice-governador de Lavoisier Maia e coordenou a campanha vitoriosa do deputado estadual Garibaldi Filho (PMDB) à Prefeitura do Natal em 1985.

Entrou na campanha como azarão. A previsão do grupo Maia, que apoiava o deputado federal João Faustino ao governo, era de que seu candidato venceria com mais de 200 mil votos de vantagem. Com desempenho impressionante, Geraldo atingiu a vitória com pouco mais de 14 mil votos de dianteira.

Geraldo pós-governo: Pai nosso...

Fenômeno? Sim, mas em parte.

O ex-vice-governador foi parte de um fenômeno nacional e não um caso específico, da conjuntura estadual. O Plano Cruzado içou-o até um certo patamar. A partir daí, ele e seu partido (PMDB) fizeram o restante.

Com Rosalba, a conquista começou bem antes, ainda em 2006, ao vencer Fernando Bezerra (PTB) ao Senado, numa corrida muito disputada, com pouco mais de 11 mil votos de maioria. Desde então, a engenharia politica foi desenhando sua chegada à Governadoria, enfrentando adversários debilitados até fisicamente – caso do governador Iberê Ferreira (PSB), que teve câncer diagnosticado na pré-campanha.

O que parece deixar Rosalba e Geraldo à semelhança um do outro, é que nenhum se preparou para governar. O projeto elementar era de poder. Geraldo ainda se elegeu ao Senado uma vez, mas perdeu até a hegemonia em Ceará-mirim, sua base política.

Rosalba, com a erosão de imagem que enfrenta, deve olhar bem para Geraldo e ter cuidado com o “Efeito Orloff” (eu sou você amanhã).

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. pablo diz:

    POBRE RN.ESSA ROSALBA É UMA INCOMPETENTE…..

  2. Benilson Silva diz:

    O governo Dem do RN, supera todas as expectativa.
    É que boa parte do desmanche do RN já era aguardado, mas, não nas proporções em que ocorre. O governo Dem Desmontou e continua o desmanche de todos os serviços que o Estado de forma institucional deve prestar a população.
    O desmanche teve início logo na área social, com o fechamento do Meios, deixando mais de 1800 familias desempregadas em todos o estado, sem ao menos se fazer uma avaliação dos reflexos do que poderia ocorrer nesta área.
    Resultado disso: desemprego, aumento da violência, abandono de crianças (sem creches), idosos deprimidos, falta de assistência social, para grande parte de pessoas das áreas de vulnerabilidade (favelas), fechando cursos de qualificação, para jovens e adultos (pais, mães). Uma medida mesquinha, que em nada ajudou na economia do estado, como tentou se justificar, haja visto, os gastos com diárias, auxilio gravata entre tantos outros gastos, desnecessários, que numericamente superam e muito o convenio existente a mais de três décadas entre o Estado e a Ong. Por ai começou o descalabro do governo.
    E como se isso fosse pouco, o governo Dem apresenta um saco de maldades para grande maioria da população que o elegeu no RN.
    O governo Dem deu seqüência com perseguição aos já injustiçados e maus remunerados servidores públicos estaduais. O resultado disso não poderia ser outro. As pesquisas falam por si só. Então o primeiro ano do governo Dem foi perdido.
    Ainda há chance para esse governo?
    Sim há chance e tempo. Voltar a trás, e reconstruir tudo destruído em seis meses; situação nada fácil diante do quadro de calamidade criada pelo Dem neste primeiro semestre de 2011. Se é possível eu não sei, mas o Dem tem que tentar, a economia permite, essa justificativa de que não tem dinheiro, caiu por terra há muito tempo. Um bom começo seria:
    1 – se redimir com todos os seguimentos da sociedade norteriograndence, começando pelos mais pobres, no campo social.
    2 – respeitar os direitos adquiridos do servidor publico, que também sofrem humilhação,
    3 – Se desculpar com os poderes legislativo e judiciário, totalmente achincalhados pelo porta voz do governo, e,
    4 – por ultimo o setor empresarial, por ter sido o ultimo seguimento atingido pelo governo Dem. É preciso reconhecer o seu valor que a classe empresarial tem na economia do Estado.
    Em síntese, é só fazer o obvio. A sociedade do RN continua aguardando o inicio do governo, e que aconteça logo.
    Benilson Silva

  3. Hermiro Vieira Gurgel Filho diz:

    Carlos Santos,
    Espero viver uns 30 anos adiante, e chegando lá no céu, avistando esse individuo, se é que ele vá prá, imploraréi a Deus que expulsa o mesmo do nosso reíno.
    Vida de jornalsita é assim: As vezes deixa as pessoas raivosas.

  4. roberval diz:

    Caro Carlos Santos,

    Voce sabia que é a única voz no RN para falar a verdade sobre o governo rosa?
    Aqui em Natal, todos, eu disse todos, os orgãos de imprensa e jornalistas comem na mão do governo, em destaque o Novo Jornal, que na realidade é o diário oficial do governo. Mas que duvidade disso? quem não sabia que esse jornal foi criado exatamente para defender o govervno rosa, que, se Rosalba não tivesse ganho, o jornal já tinha fechado, mas a sobrevida será o tempo do governo rosa. Quem não sabia que a Art&C seria a agencia do governo? já começou a campanha publicitari:. “Agora é mãos a obra”

  5. Pedro Cardoso diz:

    Ainda confio que ela vai dar a volta por cima, na minha opinião não acontece nada de mais, os incompetentes são esses grevistas que querem desmontar o Rio Grande do Norte.

  6. AILA ALMEIDA diz:

    Genial seu texto!!! Pobre RN essa ROSA E UMA INCOMPETENTE ,,,,,

  7. José Ronaldo diz:

    Maioria aprova Dilma e desaprova Rosalba e Micarla – //t.co/zUk5CUE

  8. jose luiz diz:

    Pior que não tem mais BANDERN pra inventar desculpas! aguardemos as eleições d e2012, vai ser a primeira resposta!

  9. karly robson de Sousa Pereira diz:

    Se as gestões(Dilma,Rosalba e Micarla) fossem avaliadas comparando-as com voos,chegaríamos logo a seguinte conclusão:Dilma está sob um céu de brigadeiro;Rosalba está com as turbinas avariadas e precisa replanejar o voo.Micarla,já seria caso de se procurar a “caixa preta”e saber as causas do desastre.Lamentável para as duas últimas e Natal sofre duas vezes :Micarla na prefeitura e Rosalba no governo.

  10. Helena diz:

    Só tenho a dizer: São os adversários que passaram oito anos mamando e até agora não se conformaram com a perda da boquinha. Eles bem que deveriam fazer um mega movimento com o objetivo de repulsa a corrupção que já beira os mais de oito anos de governo federal. Isso sim….mas como é um grupinho….não dou valor.

    • Sebastião diz:

      Quer saber o que é corrupção? Visite a prefeitura de Mossoró onde Rosalba e sua família vem “mamando” há pelo menos uns 100 anos.

      Quanto ao governo federal, ainda bem que temos uma oposição séria e honesta para combater esses crimes cometidos… (pronto, agora pode parar de rir da piada). Os ladrões do “grupinho” agora estão sendo presos e processados. AGORA, porque há um tempo atrás isso era quase uma lenda.

      Sim, Rosalba está perdida no governo. Até porque todo mundo fala (sabe) que ela não manda mesmo, quem manda é o marido dela, Carlos Augusto. Viva à força e independência da mulher.

  11. José Bino de Oliveira diz:

    Caro JORNALISTA Carlos Santos,
    Roberval tem razão, em parte, ao dizer que você é a única voz a dizer verdades sobre o atual governo do RN.
    Já li artigos do PROFESSOR Honório de Medeiros, sobre como governar (nos tres níveis), que deveria ser leitura de cabeceira do casal que “governa” nosso querido Rio Grande do Norte.
    Enfim, Carlos, seu artigo é uma aula sobre a nossa política. Parabéns!

  12. Hugnelson Vieira diz:

    Muito bom texto!

    Era menino quando assisti (sem entender bem) a campanha a governo do Estado por Geraldo Melo.

    Seu texto foi reavivando lembranças há muito esquecidas.

    Minha família, em quase totalidade, se dedica a Pedagogia. Geraldo é considerado, até hoje, um traidor para a classe de Educadores do RN. E Rosalba é a herdeira dessa antipatia.

    Votei em Rosalba, mas estou arrependido de meu voto e Mossoró sente vergonha dela na Administração Estadual.

    É desse jeito.

  13. gilmar henrique diz:

    Ômi, me (sic) lembro! Foi minha primeira vez – ô, tamboretada. É que o ome tinha “boa” retórica e eu, marinheiro de primeira ressaca, caí na onda. Hoje, conheço uma ratoeira lingüística DE LONGE. Ratoeiras lingüísticas são terríveis. São iguais aquelas de lapada – os olhos estufam a uma polegada do queijim (do elogio).

    gilmar henrique

  14. Anchieta Maia diz:

    A diferença é que Geraldo Melo era novo na politica para muitos eleitores e apostaram numa mudança,
    que foi uma decepção para o RN. Que não é o caso de Rosalba já conhecida na politica do RN. que já
    administrou Mossoró por 12 anos e não tem o que mostrar de importante para o desenvolvimento da cidade
    então o eleitor do RN não tem como dizer que foi enganado, deixou ser enganado. Agora torço para que
    ela chegue o mais rápido possivel na situação politica que se encontra Geraldo Melo ou seja nada.

  15. Augusto diz:

    Só tá faltando ela bota os funcionários do estado na fila do Nogueirão, pra receber salário.

  16. JOÃO NETO diz:

    Excelente análise sobre o passado e o presente político no RN!
    O problema do governo Rosalba é que ela não tem equipe ou dirigentes com competência, para administrar as secretarias. As greves são sintomas dessa realidade! Poderia apontar como exceção dessa incompetência os secretários Manoel Pereira (que sentiu que a barca era furada e pediu prá sair, alegando doença) e Betinho Rosado que conhece, muito bem, a secretaria da agricultura e poderia fazer, quiçà, um bom trabalho (mas o seu futuro é voltar para a Câmara dos Deputados, por não ter voz e nem vez com a cunhada e irmão).
    A educação que deveria ser a vitrine do governo, logo no início, na verdade, é apenas um engôto de despreparo e arrogância, além de desprezo pelos servidores que não são ou sejam submissos ou capachos, das dirigentes que arrotam, diariamente, que estão num cargo que não é político e estão, simplesmente, representando (vergonhosamente) a Universidade Federal. Lá, não se admite idéias novas e nem que sejam discordantes das opiniões das poderosas (são três: secretária, sub-secretária e chefe de gabinete). A secretaria da Educação é o retrato de tristeza e desânimo geral, de todos os servidores estaduais.
    Mas, com certeza, a governadora não tem ciência do que ocorre em seu governo.
    Comentar sobre as outras secretarias seria um perda de tempo. Gestores que nada entendem de gestão pública. Pessoas escolhidas por acaso ou por amizades.
    Eis o dilema do governo Rosalba!!!!!!!

    O que mudou na educação do estado do RN? Qual é o plano educacional para os próximos anos? Nada e nenhum!

  17. Paulo diz:

    Ainda bem q 4 anos passa logo, ai a herdeira de Geraldo Melo, herdará tudo, inclusive as futuras derrotas políticas. se Deus quizer vou esta vivo para ver. Governo que não dá valor a educação não é governo é enrolação. enquanto não negociar não volto a trabalhar, não vou morrer de fome, vou vender banana, vou ganhar mais q professor, q vergonha.

  18. Camila Sousa diz:

    O grande problema de nossa política é a falta de transparência e o pior, a tentativa de “criar” avanços no Governo e publicá-los para os menos esclarecidos acreditarem que “o governo” é uma boa nova. Fazem isso utilizando-se de meios de comuicação facistas como o Novo Jornal em Natal, o Jornal de Fato e a RPC em Mossoró, órgãos que são subservientes aos governo e dão a mínima para as diversas vítimas do descaso governamental, pois seus “donos” andam de carrões, moram em mansões, vão as festas pomposas e contam com um rendimento anual invejável a quaisquer grandes empresários.
    Enquanto isso…Esperamos por Boas Novas!!!

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  1. […] AQUI reportagem especial sobre o assunto, para melhor entendimento dessa situação delicada. […]

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