• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 16/10/2011 - 20:03h
Paisagem humana

Ah, eu volto! Pode esperar, Carnaubais!

Passei horas agradabilíssimas no Vale do Açu. O centro de tudo: Carnaubais.

Oportunidade de rever amigos, conhecer outras pessoas, renovar minha paixão pelo interior, pelo jeito espontâneo do seu povo e o ritmo desacelerado de sua vida. O tempo é outro. Ele para. Dá passagem aos grandes gestos humanos, tão raros na cidade grande, feita de concreto, asfalto e indiferença.

Chance de descobrir o músico Chiquinho, um virtuoso ao violão: querido por todos. Unanimidade. Figuraça!

Bom demais conhecer a matriarca Neves Medeiros (e seus filhos)  fincada no seu chão. Feliz pela vida na casa grande onde nasceu; dona de um sorriso encantador, que só as mães possuem.

Fala dos seus bichos, da terra fértil e sobre as pessoas com os olhos da paixão. Tudo é patrimônio afetivo e não econômico. Ouvi-la, quase em silêncio, foi a forma que encontrei para reverenciá-la – agradecido.

Ah, os Lacerda! São tagarelas e festeiros, uma irmandade que não para de juntar agregados, como eu. Bem humorados, afeitos à prosa, não abrem mão da mesa farta e da manguaça! “Raça” que cativa a cada gesto; sempre avessa à dissimulação e a falsos pudores.

O ex-vereador e blogueiro (clique AQUI) Aluízio Lacerda puxou-me até o “Solar dos Lacerda” para uma festinha “comum”, no sábado (15): seu aniversário. Enorme, também no coração, ele interditou rua, juntou dezenas de pessoas e jactava-se de estar preparado para muito mais, enquanto zanzava entre as mesas em trajes sumários, como se fosse um deus grego.

A cozinha em ritmo industrial e o consumo aquém da enorme oferta, lhe davam razão de sobra. E que sobra.

À minha seguida “provocação”, madrugadinha, de que estaria “faltando carne”, ouvi dele o mesmo bordão a nos levar às gargalhadas: “Aqui, não! Só se for no mercado!”

Assim, a madrugada engoliu a noite e foi devorada pelos primeiros raios de sol do domingo. Os mais resistentes pegaram o astro-rei com a mão. Eu, bem antes, havia me rendido.

Ficou o gosto de quero mais, assinalo. Volto depois para demorar mais um pouquinho, comer menos e beber além da conta. Perambular, prosear, assuntar as novidades e acelerar a rede preguiçosa com o pé à parede do alpendre.

Ah, eu volto! Pode esperar!

Compartilhe:
Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Angela Lacerda diz:

    Ah eu queria estar lá…….
    Que saudades de tia Neves, vc a descreveu perfeitamente!
    Sinto uma “inveja saudavel” por vc, e sinto pena de mim pela vida ter-me privado do convívio da minha família e de oportunidades que jamais saberei…
    Bjus e na próxima quem sabe não estarei la.

Faça um Comentário

*


Current day month ye@r *

Home | Quem Somos | Regras | Opinião | Especial | Favoritos | Histórico | Fale Conosco
© Copyright 2011 - 2024. Todos os Direitos Reservados.