O deputado estadual Fábio Dantas (PHS) foi dormir ontem com uma certeza: seria escolhido pela Assembleia Legislativa para ser o mais novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Acordou hoje ainda mais convicto da escolha.
Para interlocutores próximos, Fábio debulhava um escore que lhe seria favorável com pelo menos 13 votos contra 9 de seu concorrente, deputado Poti Júnior (PMDB).
Contado os votos, ele perdeu de 11 x 12.
Foi vÃtima de uma queda de braço entre poderosos acima dele.
Foi rifado.
Por mérito próprio, isto é, capacidade técnica, nenhum dos dois porfiantes são dignos da indicação. Nem eles e tampouco outros, já ocupantes do cargo de conselheiro do TCE, aliás um tribunal expressamente polÃtico e, portanto, perfeitamente dispensável. Tão dispensável como é o nosso modelo bicameral de Congresso, que só serve para engordar as vacas de polÃticos corruptos. Tão dispensável como as Justiças Militar, Desportiva e do Trabalho. Tão dispensável como a rede cartorial e seus notários sanguessugas. Tão dispensável como a mentalidade de grande parte dos cidadãos brasileiros, ancestralmente espoliados por sua absoluta acomodação e conformismo.
Lembrei-me de uma frase de efeito, muitÃssimo proferida por minha saudosa avó paterna dona Nicinha Maia, quando manifestava seu pensamento acerca da tristeza de alguém que sofrera malogro: “Coitado! foi dormir molhado e acordou enferrujado”. Os cargos de Conselheiros dos Tribunais de Contas há muito tempo que deveriam ser preenchidos mediante provimento em concurso público. A metodologia atual nada mais é do que agraciar apadrinhados polÃticos, após vergonhosas manobras e conchavos de bastidores, com elos em dÃvidas de gratidão futuras, e pagamento em indicações para outros cargos com auferimento de largas remunerações. E assim a tal elite polÃtica do estado vai se perpetuando em pomposos cargos, objeto de indicações desvirtuadas da capacidade funcional. Tendo dito.
QUEM MANDOU ELE DORMIR?