Por Honório de Medeiros
No monumental “Musashi”, de Eijy Yoshikawa, o “santo da espada” diz:
“Ao mesmo tempo, um jovem tem o péssimo hábito de achar que não pode realizar seus sonhos no lugar onde está, e de sempre buscá-los por caminhos distantes. Grande parte dos preciosos dias da juventude se perde nessa insatisfação.”
Lembrei-me, então, de um trecho há muito tempo lido em Sêneca. Está no “Da Tranquilidade da Alma”:
“Uma coisa sucede a outra, e os espetáculos se transformam em outros espetáculos, Como disse Lucrécio: ‘Desse modo, cada um foge de si mesmo’. Mas em que isso é proveitoso, se, de fato, não se foge? Seguimos a nós mesmos e não conseguimos jamais nos desembaraçar de nossa própria companhia.
Ou seja, busquemos o permanente no impermanente.
“Em tempos de “vida líquida”, como a denomina Bauman, no qual o evanescente é a essência das coisas, buscar o permanente no impermanente pode parecer uma quimera arcaica.
Entretanto se não nos dedicamos a tal por intermédio do submergir em si mesmo, outra coisa não fazemos quando investimos no conhecimento que nos possa trazer o Grande Colisor de Hádrons (conheça AQUI).
Lá os cientistas buscam exatamente essa quimera arcaica ao fragmentar a tessitura da realidade. O que acontecerá quando tudo for compreendido?
Honório de Medeiros é escritor, professor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN
Quando tudo for compreendido perde a graça de ser.