• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 15/01/2012 - 03:20h
República de Mossoró

“Mossoroensização” e amadorismo marcam Governo ‘Rosa’

Em pouco mais de um ano, Rosalba Ciarlini não encontrou rumo e se agarra a seus nomes de Mossoró

Rosalba, em campanha, nos braços do povo; no governo, decretando distância

Uma situação que os próprios líderes do chamado “rosalbismo” temiam, acabou se materializando. O que também era – para muitos natalenses – uma premonição em tom de menosprezo, virou realidade: o Governo do Estado é uma “República de Mossoró”.

A “mossoroensização” do Governo Rosalba Ciarlini (DEM) é fato e a cada dia se enraiza mais, em meio a uma crise político-administrativa que não se via há décadas na gestão pública do Rio Grande do Norte. Essa característica paroquial, caseira, naturalmente ganha dimensão de pecha. Um escárnio.

O governo trópego, de Rosalba, reforça que a mossoroensização é um atraso, em vez de ganhar qualquer aura superior. É como se um fosse resultado do outro, aos olhos de quem o censura em tom preconceituoso.

A equipe de governo da ex-prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, aos poucos ganha o formato de uma sucursal da Prefeitura de Mossoró. A princípio, ela e seu marido, o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), voz ativa na administração, manifestavam para poucos interlocutores que não desejavam montar um governo com a cara de Mossoró.

Entretanto, um misto de amadorismo, desconhecimento da dimensão da máquina estadual e até autosuficiência, dá face provinciana ao governo. É isso que ele é: coronelista e capiau.

Os métodos e mentalidade empregados sempre deram certo na  Prefeitura de Mossoró ao longo de três gestões de Rosalba e agora em mais duas da sucessora dela, a enfermeira Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”. No Estado, é diferente. Muito diferente.

“Buracos”

Os “buracos” na administração indicam, ainda, o que era previsível para quem conhece a trajetória do grupo de Carlos e Rosalba. Centralizador, oligarca e ególatra, nunca priorizou a formação de quadros técnicos e políticos. Sempre valeu-se da crença de que podem tudo, priorizando a montagem de uma entourage de vassalos em vez de seguidores.

Poucos se salvam desse elenco de marionetes pink. Alguns que falam mais grosso, não costumam ser ouvidos.

Carlos, o 'governador', discute governo com Agripino

Como este Blog assevera há muitos meses, em tom de alerta, “O Estado não é a Prefeitura de Mossoró e o Rio Grande do Norte não é Mossoró”. Gradativamente, essas assertivas viram mantra da obviedade. E os donos do poder no Estado relutam em admitir que estão ‘pilotando’ um elefante de dimensão descomunal, em comparativo com a Prefeitura de Mossoró.

A autosuficiência, filha legítima da arrogância, começou logo no final do ano de 2010, após a vitória de Rosalba ao Governo do Estado. O casal, inebriado pelo êxito, passou vários dias em turismo pela Europa. Quem ficou, apenas aguardava ordens ou indicativos.

Faltando poucos dias à diplomação e posse é que os dois desceram de forma ‘celestial’. A partir daí abriram agenda para formar equipe com pelo menos 40 cargos diretos-indiretos, fora adjuntos etc., no primeiro e segundo escalões. A barbúrdia ficou tão explícita, que o secretário estadual da Saúde Pública – médico Domício Arruda – só foi acertado no dia 30 de dezembro, dois dias antes da posse da governadora.

Mas existem outras situações até caricatas.

O engenheiro mossoroense Yuri Tasso, que foi deslocado de uma gerência da Prefeitura de Mossoró para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), como se esse órgão fosse repartição do Estado, soube que iria presidir a Caern no aeroporto de Mossoró. Era o dia 27 de outubro do ano passado.

A governadora fez o anúncio no saguão do aeroporto. Yuri (ainda no TCE, onde estava a pedido de Carlos Augusto), não sabia da escolha. A imprensa, à ocasião, lhe cientificou da ‘nomeação’. Não tinha como recusar. A propósito, Yuri é marido da secretária da Infraestrutura do Estado, engenheira Kátia Pinto. Ambos, ex-secretários de Rosalba em Mossoró.

Só a pasta da Administração e Recursos Humanos vai pro seu quarto ocupante. A dança de nomes começou com Manoel Pereira, experiente executivo da cota do senador José Agripino (DEM). Aguentou pouco tempo a barafunda da gestão estadual e pediu o “boné”. Daí por diante a titularidade passou a ser tangida pela necessidade de não deixar vácuo. Álber Nóbrega, ex-auxiliar de Rosalba na Prefeitura de Mossoró, será empossado amanhã nessa pasta. É o quarto.

Loteamento

A mossoroensização, que virou um neologismo pejorativo, é resultado do que o próprio governo é: até aqui, nada. Sustenta-se em contumaz propaganda enganosa e “promessa de boca”. Por isso que ostenta quase 60% de reprovação somente em Natal, conforme recente pesquisa. No estado, essa gangrena na imagem da governadora parece se alastrar velozmente.

É visível que o grupo de Carlos e Rosalba chegou ao poder sem um plano mínimo de gestão, além de não possuir algo elementar para qualquer missão de tamanha grandiosidade: quadros qualificados. Raros são as peças de expressão. Prova suplementar dessa deficiência é que existem muitos cargos a serem preenchidos e outros tantos ainda possuem remanescentes dos governos Wilma de Faria (PSB)-Iberê Ferreira (PSB).

Se era difícil formar time de peso, antes, ainda sob a atmosfera idílica da vitória, com o passar dos primeiros 12 meses do governo ficou ainda mais complicado. Atrair gente qualificada, com biografia de referência e confiança, virou tarefa hercúlea. Quase impossível.

Uma das saídas do governo é buscar composição com adversários, cooptar partidos e gente acostumada ao piso luzidio da Governadoria. Mesmo assim, tendo que enfrentar a incômoda situação de fatiar a administração, loteamento que torna o casal mais dependente do humor desses novos aliados.

A válvula de escape, para não perder o comando de vista, é fechar a porta aos adesistas em setores estratégicos. Assim, a mossoensização se enraiza pelo signo do medo. No Gabinete Civil, Planejamento e Infraestrutura estão a chave dessa tentativa de não perder o governo de vista.

Às vezes, vale de novo o improviso e o remendo. Venhamos e convenhamos: parecem regras, não uma exceção político-administrativa.

No Gabinete Civil, que era comandado pelo jurista Paulo de Tarso Fernandes, ex-deputado estadual, intelectual que virou porta-voz e “alter ego” de Carlos Augusto, a mudança precisou ser rápida. A emenda, contudo, foi sofrível. Paulo saiu ‘atirando’ (veja AQUI) e o substituto só figurou com o nome até hoje.

Paulo deixou Gabinete sem rumo

Houve deslocamento de José Anselmo de Carvalho da Administração e Recursos Humanos para o Gabinete Civil de forma  ágil, para simplesmente evitar o vácuo completo. Meses depois, entretanto, esse ex-auxiliar de Rosalba na Prefeitura de Mossoró foi rebaixado – na prática – a adjunto dele mesmo. Uma anomalia administrativa e política.

Parte considerável das prerrogativas do Gabinete Civil passaram ao novo adjunto, Galbi Saldanha (outro mossoroense), que saiu do cargo Executivo dessa secretaria para ajdunto de Anselmo. É o “secretário de fato”. É quem manda, sempre ouvindo Carlos, que o empregou na Assembleia Legislativa nos anos 80.

O ‘titular’ virou estafeta (veja AQUI), no leva e traz de documentos para Carlos Augusto e Rosalba. O feito de maior notoriedade de Anselmo, até agora, foi ter redigido o decreto proibindo manifestações populares no âmbito da Centro Administrativo, em Natal, depois revogado devido a péssima repercussão pública.

O grupo rosalbista, derivação do clã Rosado, ou versão mais poderosa de sua própria essência, tem tempo para se encontrar e virar o jogo com outros método e mentalidade. Fará isso? Mesmo que a República de Mossoró não seja uma versão microscópica do que foi a “República de Alagoas” no desastroso governo do presidente Collor de Mello, ela não sinaliza como diferencial. Infelizmente.

Se o rosalbismo não conseguir sair dessa armadilha em que se socou, levando o Rio Grande do Norte na enxurrada, vai ouvir um sucesso musical se transformar em hino do norte-riograndense arrependido: “(…) Ai se eu te pego!”

VEJA AQUI parte dos componentes da República de Mossoró no Governo do Estado – José Anselmo, secretário-chefe do Gabinete Civil; Galbi Saldanha, adjunto do Gabinete Civil; Obery Júnior, secretário do Planejamento; Kátia Pinto, secretária da Infraestrutura; Betinho Rosado, secretário da Agricultura; Isaura Amélia Rosado, secretária Extraordinária da Cultura; Gilberto Jales, secretário de Recursos Hídricos; Pedro Alcântara Alves Lopes, Junta Comercial (JUCERN); Yuri Tasso Pinto, dirigente da Caern; Dorinha Burlamaqui, adjunta da Saúde Pública; Álber Nóbrega, Administração e Recursos Humanos. Vale lembrar que recentemente foi demitido Érico Ferreira do Detran.

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. pinto diz:

    e por estas e outras meu caro carlos santos, que a rosa não brota mais. ontem mesmo 14/01 que em pau dos ferros ela e seu bichinho de estimação o pref. leonardo rêgo (o leo das praças) levaram outra tremenda vaia do povo pauferrense, estas vaias mais foram muintas mesmo não deixaram eles falarem, servem pra mostrar que om povo não esta nada satisfeito.

  2. FERNANDO fF diz:

    Tá faltando gente.Quem é o adjunto de Obery?Quem é o diretor do IPE?

  3. carlos mataraca diz:

    Quem é o adjunto da SEARA? E o titular, que é primo de Paulo de Tarso. E o adjunto da SEJUC, que é Edmilson Andrade, irmão de criação de Paulo de Tarso. E o adjunto da SETHAS, aquele senhor envolvido naquele escândalo do concurso anulado da tributação, por indícios de fraude e onde teria botado para serem aprovadas sua ex-mulher e sua amante. Será que a rosa sabe disso?

    • João Santos diz:

      O adjunto da SEARA é Everardo Rebouças, irmão de Elviro Rebouças. Tem mais um mossoroense: João Henrique (esposo de Arlene Rosado), na diretoria administrativa/financeira do Detran.

  4. Pedro diz:

    Caro, os municípios vizinhos sabem da anestesia que é ter Mossoró agenciada há mais de 80 anos pelo grupo pink… se o resto do estado experimentar isso teremos uma nova confederação do equador…

  5. Toinho diz:

    Alem de um menino enroscado até a medula com a justiça,segundo os blogs e jornais do estado, ainda vem mais a madrinha para ver se se recupera de uma grande vaia que levou aproximadamente de 50 mil pessoas no dia 4-9-11 na finecap. Coitada:levou outra, e desta vêz parece que teve mais um companheiro.É o DEM,é a madrinha,é o menino.

  6. FERNANDO fF diz:

    Falta Sonali Rosado.

  7. jb diz:

    Segundo Stephen Kanitz, “O problema é que a maioria dos políticos não conhece um número suficiente de pessoas em quem realmente possa confiar. Ao contrário dos grandes executivos e profissionais que desenvolvem listas de colaboradores ao longo de suas carreiras, os políticos normalmente acumulam listas de pessoas em quem não se deve confiar, pelo menos politicamente. Poucos convivem, no dia a dia da batalha por votos, com administradores profissionais, orçamentistas empresariais, gerentes de RH e planejadores, profissionais necessários para um bom governo.Ainda Kanitz,”Cargo de confiança é simplesmente um conceito anacrônico, algo do passado pré-gerencial. Num mundo competitivo, todos os cargos, incluindo os do governo, precisam ser de total e irrestrita competência, e não de confiança.”

    O critério de nomeação deste governo é a família[Betinho Rosado,Isaura Amélia Rosado,Yuri Tasso e Kátia Pinto, Álber Nóbrega e Fátima Moreira] e a confiança; jamais a competência. E os resultados são que temos colhido até agora.

    • MANOEL diz:

      Não conheço, mas vc foi brilhante ao preconizar que estamos precisando de pessoas competentes, não de cargos para assumirem cargos de confiança.

  8. PAULAO diz:

    ESSA ROSALBA É A SEGUNDA MICARLA……..

  9. maria Lucia diz:

    O que você tem contra Mossoro? Se e em Mossoró que voce ganha seu pão de cada dia,você acha que os mossoroenses nâo tem competencia? voce esta alimentando o besterol dos Natalenses.Sempre voce uma pessoa inteligente

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