Durante a semana o assunto de Mossoró a Brasília foi a possibilidade do município ser dotado de um parque tecnológico. A Universidade do Semiárido está levantando a bandeira e, inicialmente, conta com um compromisso do deputado federal Girão (PSD) para a colocação de recursos no OGU 2022.
Tudo bem que o valor anunciado só seria suficiente para a contratação de uma empresa especializada para elaborar o projeto executivo das edificações do parque tecnológico, mas, já é alguma coisa nesses anos de escuridão no que diz respeito à recursos do MCT&I (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).
Não há qualquer possibilidade da bancada colocar uma Emenda de Bancada para o projeto do Parque Tecnológico do Semiárido (provável nome) sem que haja uma proposta clara e viável do que seria esse projeto. Por isso que a contratação dessa empresa com os recursos que serão alocados no OGU 2022 deverá ser o caminho mais curto para que a Universidade do Semiárido consiga iniciar a gestão política para a implementação do projeto.
Parcerias são fundamentais
A Universidade do Semiárido precisa compreender que somente contando com a parceria e a consultoria de universidades públicas que se tornaram referência nacional na gestão de parques tecnológicos, é que avançará nesse projeto. Nesse sentido, as universidades públicas de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e a nossa vizinha Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) são referência no país e podem facilitar e fazer com a Universidade do Semiárido avance com mais firmeza e acertos no projeto.
Um projeto dessa natureza não avança sem uma sintonia clara e coerente com a nossa competente UFRN. É necessário o envolvimento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do RN e o comprometimento político da Prefeitura Municipal de Mossoró.
Não conseguimos compreender como a Universidade do Semiárido quer instalar um parque tecnológico sem dialogar com a UFRN e com o seu projeto do Parque Tecnológico denominado de PAX que tem encontrado muitos gargalos. Se o RN tem um PAX que ainda não avançou, como os nossos representantes políticos em Brasília vão justificar junto ao MCT&I a instalação de um novo parque tecnológico se o primeiro ainda não consegue sequer dar os primeiros passos.
Plano de Desenvolvimento do Semiárido
Esse tema já foi abordado neste espaço no ano passado. Novamente é necessário voltar ao assunto. Durante a semana a Universidade do Semiárido anunciou no seu site que está passando para a condição de protagonista na implementação da gestão política do Plano de Desenvolvimento do Semiárido. A pergunta que não quer calar é: quem da nossa instituição assumirá a liderança para trabalhar o Plano de Desenvolvimento do Semiárido? Em primeiro lugar é importante que se diga que esse plano envolve praticamente as ações do Governo Federal na gestão política do Projeto de Integração do São Francisco (PISF).
Estamos tendo o cuidado de acompanhar, em detalhes, durante os últimos 15 anos toda a evolução da gestão política desse projeto e, até o momento, não conhecemos efetivamente a participação da Universidade do Semiárido nesse projeto de integração de bacias que oficialmente é denominado de PISF.
A missão da Universidade do Semiárido é árdua. Sem ter participado do PISF, está se candidatando para ser protagonista do Plano de Desenvolvimento do Semiárido.
Um exemplo para a Universidade do Semiárido
A nossa coirmã Universidade Federal do Espírito Santo, sem nenhuma tradição no ensino de Ciências Agrárias no país, conseguiu instalar um importante projeto de fruticultura voltada para a agricultura familiar.
Com foco na fruticultura, a iniciativa envolve a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Embrapa Mandioca e Fruticultura e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O objetivo é que a região seja capaz de produzir 1.250 toneladas de frutas ao ano a partir do segundo ano de implementação do novo projeto.
Com 70 hectares, a fazenda da universidade já produz banana, abacaxi, goiaba, graviola, acerola, citros e cajá. A ideia é que os produtores possam receber a capacitação com todas as variedades de frutas no campus.
É importante lembrar que a Fazenda Experimental da Universidade do Semiárido possui uma área de 419 hectares e se encontra no epicentro do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, o segundo mais importante do Semiárido. A Fazenda da Ufersa possui dois poços profundos o que facilitaria muito um projeto dessa natureza.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)
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