“Quando a justiça não consegue ser uma forma de memória, só a memória pode ser uma forma de justiça.”
Ana Blandiana
Jornalismo com Opinião
“Quando a justiça não consegue ser uma forma de memória, só a memória pode ser uma forma de justiça.”
Ana Blandiana
Os políticos se preparem ouvi a conversa de 2 senhores, hoje sedo os dois diziam:vamos dizer ao nosso chefe que votaremos no que acha que é o dono do R-N, mas não votaremos.Eu já disse,conversa de povo pra povo,é diferente de povo pra político.
Sobre “Memórias”, vai aqui uma muito forte, mas preciso contá-la, antes que ele seja eleito ou, mesmo, não.
O DIA EM QUE HENRIQUE ALVES SERIA …
Sempre tive muitas “tias”, algumas verdadeiras e outras, igualmente queridas, mas por serem amigas de minha mãe. Uma delas ocupava lugar especial: Tia Ivone, pessoa adorável.
Quando havia lanche no Centro da Cidade, se tia Ivone estivesse no Rio de Janeiro, ela exigia a minha presença e eu amava a oportunidade de lanches extraordinários na Colombo e em vários outros lugares.
Gostava muito de estar com ela. Não havia momento de silêncio. Nós conversávamos demais, como se eu fosse adulta. Além do amor que sentia, havia o fato de me sentir muito importante. Se eu não estivesse em casa, ela mandava me buscar onde fosse. E, assim, foi crescendo uma extraordinária ligação entre nós duas, cheia de afeto e saudades pois ela viajava muito.
Certa dia ela ligou para mãezinha, avisando que iria lá em casa, mas era necessário que eu estivesse lá. Necessário. Mãezinha, ficou , assim, meio sem entender o que seria e, mais ainda, a necessidade de minha presença. Sim, ela sempre me queria perto, mas dessa vez, a presença tinha uma conotação mais importante. Então, mãezinha me disse: “Minha filha, Ivone vem aqui e quer que você esteja em casa”. Ora, claro que nada seria mais importante para mim do que aquela visita amada.
Fez-se a tarde e minha tia Ivone chegou. Beijos para lá, beijos para cá, e nos sentamos. Não houve introdução, não houve o habitual está calor , ou está frio. Tia Ivone disse, imediatamente, a quê viera: “Naide, me dê Naidinha.”
O silêncio, a seguir, foi aquele que eu chamo de O Silêncio do Bosque. Posso descrever, exatamente, o que senti: uma surpresa, mas uma surpresa muito boa, embora soubesse que seria impossível aquela doação. Embora amando imensamente meus pais e irmãos, uma felicidade imensa invadiu minha alma pois, mesmo muito jovem, sabia entender a intensidade do amor de quem quer uma filha.
A felicidade que me possuiu não foi a mesma do ambiente. Mãezinha, imagino que após recuperar o fôlego, disse em sua ternura habitual, mais ou menos isso: “Ivone, não posso lhe dar minha filha, olhe, Dix-huit e eu também a amamos, bem como a seus irmãos…obrigada por querer tanto uma filha minha, mas esse pedido não posso lhe conceder.” Tia Ivone ainda disse algumas palavras sobre como cuidaria bem de mim… Não houve jeito. E, desse modo, terminada a conversa específica, tia Ivone despediu-se, ela e mãezinha com vestígios de lágrimas. O assunto era aquele a ser tratado e Tia Ivone não era pessoa de meandros, rodeios. Naquela tarde, ela levou um pedaço de meu coração. E, se eu já a queria tanto, mais ainda a quis. Dei-me conta de como afortunada era, pois há pessoas que não têm mães e em minha vida que já contava com Mãe Dininha, minha avó materna, a quem chamei durante toda a sua existência de ” Minha Mãe”, doce criatura dos céus, tinha a minha mãe de fato, Naide Medeiros Rosado, preciosa, e minha tia Ivone que , ao me pedir, deixou explodir o seu amor e o meu. Minha querida.
Portanto, Henrique Alves, por algumas vezes nos encontramos em aeroportos e fui até você para lhe dizer como amava sua mãe. Não dava tempo, Henrique, de dizer: quase fui sua irmã. Era uma história com raízes que não podia ser dita numa frase.
Agora, antes que você se eleja e soe estranha a minha história, ou mesmo que haja a hipótese de não ser eleito, conto-a para você e seus irmãos, da mesma forma que estou contando aos meus.
Um abraço fraternal, a você e irmãos, filhos de minha muito querida, amada, Tia Ivone.