Três cortes
Matraqueando sua amolada tesoura entre os fios de cabelo de um tradicional freguês, o político Diniz Câmara, o barbeiro Antônio Tércio toca serenamente seu trabalho.
À saída de Diniz da tradicional barbearia à Praça Vigário Antônio Joaquim, a “Praça da Catedral”, em Mossoró, alguém puxa conversa com Tércio – sobre seu cliente.
– É verdade que doutor Diniz dá trabalho para pagar?
Com ar insuspeito, querendo fazer valer a discrição como norma profissional, o barbeiro atalha:
– Menino, não vou dizer nada não, que isso é uma coisa particular; além do mais, doutor Diniz já tá me devendo três cortes…
* Extraído do livro “Só Rindo 2 – A política do bom humor do palanque aos bastidores”, de autoria do editor desta página.
Conheço bem…página 94…Não sei se o “matraqueando”…não sei se a “tradicional barbearia”…se “a Praça da Catedral”…se o ‘não vou dizer nada não…” Não sei. Só sei é que muitas vezes vi-me diante de situações, nesse livro, de descrições parecidas com as de Jorge Amado. Muito bom. Na verdade, ótimo, com permissão de Lispector.
NOTA DO BLOG – Obrigaduuuu!, Naide.