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domingo - 15/09/2019 - 07:54h

A intensa dor que o Setembro Amarelo nos alerta

Por Roncalli Guimarães

Em 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado MIKE, de classe média, inteligente, habilidoso e que tinha como hobby restaurar carros morreu de modo trágico e surpreendentemente. Iniciando um artigo com esse contexto, parece que vamos (vou) descrever um enredo de conto de fadas.

Mas esse jovem bonito, rico e talentoso que estava restaurando um Mustang amarelo tirou sua própria vida. A família e a sociedade custaram a entender e aceitar que esse jovem sofria de transtornos psicológicos e ninguém o compreendia.No dia do seu velório, como forma de homenageá-lo, foram confeccionadas fitas amarelas (talvez em alusão ao Mustang amarelo). Mas o fato é que essa trágica história serviu com estímulo para despertar uma das campanhas de Saúde Pública mais importantes do mundo: a prevenção ao suicídio.

A partir de 2015, o Brasil iniciou e adotou o mês de setembro como mês de prevenção ao suicídio.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 32 mortes por dia, sem contabilizar as tentativas. Trata-se da quarta causa de morte entre jovens, matando mais do que Aids e câncer.

O risco de suicídio é uma emergência médica, em que contamos com a informação como seu principal componente preventivo. Estudos mostram que 98% dos casos de suicídio são associados à doença mental, onde a principal é a depressão.

A campanha do Setembro Amarelo é de extrema importância em Saúde Pública e serve para alertar e diminuir os tabus que envolvem o suicídio. Ainda prevalece o medo de falar a alguém sobre o pensamento de tirar a própria vida, há o medo de que falar sobre isso gere estímulo para alguém cometer “suicídio”, o que é completamente equivocado.

Quem sente tamanha dor, como a dor da angústia, precisa ser ouvido, respeitado e diagnosticado.

Na medicina, nenhuma dor como sinal semiológico é tão intensa que seja necessário tirar a própria vida para evitá-la, enquanto a dor da alma (subjetiva). Invisível aos exames ou marcadores biológicos, necessitam de empatia e acolhimento para evitar uma morte.

Roncalli Guimarães é médico Psiquiatra do Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas CAPS AD II – Mossoró

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Q1Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Muito bem, Dr. Roncalli. Estamos em pleno setembro, mês da prevenção ao suicídio. A Psicose Maníaco Depressiva é ardilosa. Muitas vezes não a detectamos. Importante a vigilância da família quando há casos preexistentes. É, via de regra, mal familiar.
    Sim, a dor da alma é insuportável. Que haja sempre a presença amiga para entendê-la e diminuí-la.
    Parabéns!

  2. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Parabéns Dr. Roncalli, por mais um artigo que evidencia a necessidade da pratica da medicina, não só sob o signo da monetarização e da capitalização da vida das pessoas e dos pacientes, e sim do continuo processo de empatia que sempre e sempre deve estar aos dispor de formandos, formados e pacientes no eterno ciclo de mitigação das doenças de ordem física e mental.

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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