Por Gutemberg Dias
Hoje vamos continuar a série de artigos sobre os dados do PMAQ-AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)) com foco no município de Mossoró. No domingo passado (veja AQUI), começamos a desfiar aspectos relacionados a esse dispositivo e sua importância à saúde pública.
Saliento que os dados fornecidos pelo programa são de suma importância à gestão do SUS e devem ser o norteador das ações de melhoria do sistema.
No último artigo falamos sobre a infraestrutura, o apoio da gestão às equipes que desenvolvem a Atenção Básica e percepção do usuário em relação ao atendimento. Já hoje vamos tratar do acesso, acolhimento e agenda da equipe.
Para o acesso aos serviços da Atenção Básica, é fundamental que a população reconheça que as unidades básicas de saúde estão ali, próximas a seu domicílio, e podem resolver grande parte de suas necessidades em saúde. Essa percepção garante ao usuário a certeza de poder acessar a unidade com rapidez quando de sua necessidade.
Os dados colhidos no PMAQ-AB mostram que 63% dos usuários chegam a uma UBS em 10 min e que 94% chegam em 30 min, ou seja, o tempo de chegada é muito bom e mostra que os equipamentos estão bem distribuídos no âmbito do município, corrobora com essa informação a avaliação do tempo de chega a UBS onde 79% diz ser fácil ou muito fácil.
Atendimento falho
De outro lado a facilidade de chegada aos equipamentos da Atenção Básica não se refletem no tempo de atendimento. Após a chegada do usuário na UBS apenas 8% são atendimentos até 10 min, se aumentar o tempo de espera para 30 min apenas 9% conseguem ser atendido. Ampliando esse tempo para 60 min apenas 40% dos usuários são atendidos por um profissional para resolução do seu problema de saúde.
Em relação ao acolhimento é importante que a demanda espontânea ocorra durante todo o funcionamento da UBS. Em Mossoró os dados mostram que 65,5% dos equipamentos realizam acolhimento durante os cinco dias da semana, mas vale destacar que a média no estado é de 96,2%, ou seja, é preciso que a gestão tenha atenção quanto a esse ponto.
Ainda de acordo com os resultados do 2º ciclo do PMAQ, para melhor atender às necessidades dos usuários do município de , as UBS deveriam funcionar aos sábados (27,98%), domingos (13,3%), mais cedo pela manhã (15,6%) e no horário do almoço (13,76%).
Quanto à agenda da equipe (visita domiciliar, atividades de educação em saúde etc) os dados mostram que ela é bem cuidada e garante a amplitude dos serviços junto a população. Esse informação denota que a equipe é integrada ao sistema e que a manutenção da agenda é um dos desafios da gestão da Atenção Básica.
Já em relação a marcação de consulta que deveria ser de forma continuada apenas 23,6% da UBS’s realizam agendamento em qualquer dia da semana e em qualquer horário, no estado essa forma de marcação é de 48,4 e no Brasil 59,8%. Na contramão do que preconiza o Ministério da Saúde 76,4% realizam agendamento em horários ou dias específicos, dessa forma, restringindo o acesso do usuário aos serviços de consulta.
Pois bem, analisando as informações contidas no relatório observa-se que a rede de atendimento está bem distribuída, haja vista o fácil acesso e, também, o baixo tempo de chegada dos usuários aos equipamentos da Atenção Básica, sendo um ponto positivo que a gestão deve trabalhar junto aos usuários.
Um ponto negativo é o tempo de espera para ser atendido, ou seja, o usuário consegue chegar rápido ao equipamento, mas não consegue ser atendimento na mesma proporção. Essa deficiência causa sérios danos a imagem do sistema e, consequentemente, a gestão municipal. É preciso que seja repensada a estrutura de funcionamento interna das UBS’s.
Outro ponto negativo é com relação à marcação de consulta não ocorrer todos os dias da semana e a qualquer hora. O estabelecimento de horários e dias específicos para marcação de consulta restringe o acesso dos usuários a esse serviço, bem como, tende a gerar as famigeradas filas nas madrugadas nas portas das unidades.
Na semana que vem vamos falar sobre a resolutividade na Atenção Básica.
Gutemberg Dias é graduado em Geografia, mestre em Ciências Naturais e ex-Secretário de Planejamento de Mossoró
A VERDADE É QUE ESTES NÚMEROS ESTÃO MUITO DISTANTE DA REALIDADE, E QUANDO O ASSUNTO FOR RESOLUTIVIDADE A COISA PIORA.
Muito bem , Gutemberg Dias! Acompanhando o seu trabalho.
Obrigado pela leitura Naide. Espero estar podendo contribuir, mesmo não tendo nenhum alinhamento político com gestão, com ideias que possam ser aproveitadas. Antes de qualquer querela política vivo em Mossoró e quero o melhor para a cidade e seus habitantes, sejam quem for o prefeito da hora.