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quinta-feira - 01/08/2019 - 11:54h
Memória

Academias de gênero

Por François Silvestre

Quando na direção da atividade cultural do Estado, Fundação José Augusto (FJA), ocorreu um problema envolvendo a Academia Feminina de Letras (AFL). Foi o seguinte: A Academia não tinha sede própria, o que levou sua Presidente, Zelma Bezerra, a pleitear junto à Governadora Wilma de Faria o uso do Palácio Potengi (Palácio da Cultura), sede da Pinacoteca estadual, para a realização das reuniões da AFL/RN.

A Governadora concedeu e não entendeu ser necessário me comunicar. Quando eu soube, fui obrigado a contestar sua decisão.Alguns servidores da Pinacoteca me alertaram para o fato de que muitas vezes os visitantes daquele equipamento cultural encontravam copos plásticos, guardanapos e outros objetos espalhados pela grande mesa onde os governadores reuniam o secretariado, nos tempos em que o prédio era a sede do Governo do Estado. E era exatamente nessa mesa, hoje peça museológica, que as acadêmicas se reuniam.

A Governadora compreendeu, mas ficou preocupada com o desgaste. Eu a tranquilizei e disse que declararia ser minha a decisão. E que fundamentaria o decidido com base legal. Assim foi feito.

No dia seguinte a essa decisão, houve um encontro de instituições culturais na Assembleia Legislativa. Fui convidado para presidi-lo. Dentre as instituições estavam o Instituto Histórico e Geográfico do RN (IHGRN) e as duas Academias de Letras. Ficaram ao meu lado Enélio Petrovich e Diógenes da Cunha Lima. Nisso, uma das acadêmicas pede a palavra e me dá um sarrafo.

Os adjetivos mais suaves foram ditador e ignorante. Ficou um clima tenso. Eu peguei o microfone e serenei os ânimos. Disse que não responderia os desaforos e até os compreendia. Disse mais, que ela merecia uma explicação. Ela muito nervosa, quis sair.

Mas foi convencida e ficou. Zelma, do canto da mesa, me pedia desculpas. Expliquei que um equipamento museológico não pode ser usado regularmente por qualquer instituição, pública ou privada. Só em eventos esporádicos, com as cautelas pertinentes. Não como sede regular.

Ela acalmou-se. Conclui dizendo que se o Presidente da Academia Masculina, ali presente, precisasse fazer uma reforma na sua sede, eu não permitiria o uso do Palácio para sediar aquela Academia. Diógenes fechou a mão em concha, aproximou a boca do meu ouvido, e disse baixinho: “Academia masculina é a puta que pariu”.

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    É um exemplo da educação do brasileiro; começando com academicas.
    Eu sujo e as vassalas limpam!
    Ora pois, pois!

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