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domingo - 15/09/2019 - 11:24h
História

Busto de Hitler é guardado em segredo no Senado

Símbolo marcante do nazismo fez parte de ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial

Por Hugh Schofield (BBC News em Paris)

Escondido no porão, de paradeiro conhecido apenas por alguns poucos iniciados, está um busto de Adolf Hitler.

Nesta semana, a existência do busto foi revelada graças a uma investigação do jornal Le Monde. Também foram achados uma bandeira nazista de 3m x 2m e vários outros documentos e itens da época da Ocupação (período da Segunda Guerra em que a França foi ocupada pelas tropas alemãs).

O busto de Hitler foi exposto ao público durante a Ocupação em Paris (Foto: Getty Imagens)

O repórter Olivier Faye disse que ouviu de uma fonte a informação de que uma estatueta de Hitler havia sido mantida no Senado desde o final da Segunda Guerra Mundial, quando o palácio era a sede da Força Aérea da Alemanha Nazista (Luftwaffe).

Depois de muita resistência das autoridades, ele finalmente recebeu a confirmação do principal arquiteto do Senado, Damien Déchelette, que lhe perguntou: “Como você descobriu?”

Por que o busto ainda estava escondido?

A história exata de como o busto e a bandeira foram guardados nas entranhas de um edifício público tão importante permanece um mistério. Mas o resumo dos eventos provavelmente pode ser adivinhado com bastante precisão.

Em agosto de 1944, Paris estava tumultuada quando o exército alemão se rendeu às tropas do exército francês e da Resistência.

No palácio de Luxemburgo, funcionários da Luftwaffe em fuga deixaram para trás um cenário de caos, com paredes quebradas e móveis em pilhas. O mesmo acontecia no prédio vizinho, conhecido como Petit Luxembourg, então residência do comandante da Força Aérea alemã, marechal-de-campo Hugo Sperrle, e agora do presidente do Senado, Gérard Larcher.

Segundo o historiador Cécile Desprairies, para os franceses libertadores foi um momento de êxtase. “As bandeiras foram tomadas como troféus. Os prédios foram saqueados. Os libertadores levaram o que podiam. O mercado negro de mercadorias nazistas floresceu – e, de fato, ainda existe”.

O general Hugo Sperrle ocupou o escritório durante a ocupação na Segunda Guerra Mundial (Foto: Getty Imagens)

Em algum momento, na desordem, alguém no Palácio de Luxemburgo deve ter deixado de lado o busto de Hitler e a bandeira. Eles estavam encobertos e escondidos no porão, e o conhecimento de sua existência foi repassado ao longo dos anos entre um pequeno grupo de funcionários, depois que o prédio retomou suas funções como Senado.

Procurados pelo Le Monde, nenhum serviço ou ex-senador se disse ciente do tesouro nazista. Mas, como afirmou uma autoridade (pedindo anonimato) do Senado a Olivier Faye, “os senadores vêm e vão”. Eles não são os verdadeiros repositórios da tradição do edifício.

“Imagino que, de vez em quando, os conhecedores os vislumbrem, para se irritar um pouco”, diz Olivier Faye.

O que mais sobrou da Guerra?

Menos secreto – mas ainda pouco conhecido e certamente fora dos limites para os visitantes – é um bunker subterrâneo de concreto nos jardins do Petit Luxembourg. Foi construído antes da guerra como um abrigo antiaéreo para parlamentares e foi usado possivelmente como escritório ou para armazenamento pelos alemães.

Paris estava em caos quando a ocupação nazista terminou, em agosto de 1944 - nazismo, ocupação da França (Foto: Getty Imagens)

O bunker é, por si só, uma fascinante cápsula do tempo, contendo curiosidades como um “ciclomotor” para carregar baterias no caso de um blecaute, roupas de proteção de borracha para ataques de gás e um aparelho de rádio.

Há também duas relíquias militares alemãs: uma caixa contendo um aparelho de respiração e outra contendo uma lamparina a gás.

Em resposta às perguntas do Le Monde, o Senado finalmente produziu um inventário do que diz serem todos os itens alemães em sua posse. Estes também incluem um grande número de documentos e vários itens de mobiliário estampados com a águia do Terceiro Reich.

O que fazer com essa herança nazista complicada agora se tornou uma questão delicada.

O presidente do Senado, Gérard Larcher, ordenou uma investigação. Um destino provável é o novo Museu da Libertação de Paris, na Place Denfert-Rochereau, cuja peça central é o bunker de comando subterrâneo usado pelo chefe da Resistência Henri Rol-Tanguy.

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Categoria(s): Reportagem Especial

Comentários

  1. Q1Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Como é “bondoso” o semblante de Hugo Sperrle. A imagem do diabo. Quanto à Hitler, de doentia personalidade, desumano e cruel deveria ter o seu busto confinado aos porões do mundo para evitar emoções que provoquem admiração. A humanidade já tem farta documentação sobre ele. Há exemplos, como o dele e, mais recentemente, Bin Laden, que precisam ser execrados para evitar o culto à perversidade.

  2. François Silvestre diz:

    O busto pode ser até derretido, mas o ideário da brutalidade e da intolerãncia continuam alimentando a estupidez dos “autoproclamados” defensores da “ética”. De uns, a incapacidade da autocrítica; de outros, a crítica para promover o autoritarismo. Fazer o quê? Recolher-se ao sossego da indiferença, com nojo e distãncia higiênica.

  3. Q1Naide Maria Rosado de Souza diz:

    Ok, Eu. Obrigada. Ela.

  4. Amorim diz:

    Leiam na seção Mundo, G1; recomendo.
    Em tempo,lembrei-me agora da revista “Seleções do Reader’s Digest”, seção “Rir é o Melhor Remédio”.
    KKKKKKKKKKKKK!
    “Como os Britânicos usaram o humor para desafiar Hitler na Alemanha.”
    Desconhecido Ignorante.
    Ps. Ela; me sinto horando com Vosso retorno, ou com pedantismo; feed back!
    EU

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