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domingo - 16/06/2019 - 07:20h

Uma avó revolucionária…

Por François Silvestre

…e seus descendentes conservadores. Bárbara Pereira de Alencar era republicana e revolucionária. A primeira mulher presa política no Brasil. Presa e torturada.

Meu bisavô, João Antunes de Alencar, filho do Exu, PE, era sobrinho neto de Bárbara. Também nascido na Fazenda Caiçara, onde nascera Bárbara. O romancista José de Alencar era seu neto. Pois bem. João Antunes de Alencar era Juiz de Martins, RN, quando da Proclamação da República, tendo renunciado à magistratura em solidariedade ao Império caído.

Aqui ele ajustou o casamento da sua filha Guilhermina, minha avó Mãe Guilé, com um filho de Bisinha Suassuna.

João Antunes de Alencar, filhos, noras, genros e netos. Mãe Guilé está de luto, viúva, ao lado dele (Foto de família)

O escritor José de Alencar era monarquista, tendo exercido cargos no Império e sido eleito senador pelo Ceará duas vezes, sem que o imperador o nomeasse. Há quem o acuse de escravocrata, mas sua atuação contra o tráfico negreiro, quando ministro da justiça do Império, atenua sem negar essa condição.

O pai do escritor, filho de Bárbara, era padre. Juntou-se com uma prima menor de idade, com quem teve mais de dez filhos. Dentre eles, o autor de “Iracema”, que nasceu em Messejana, CE, quando o atual Bairro de Fortaleza era Município.

Veja parte de um texto na Wikipedia sobre Bárbara de Alencar:

“Bárbara Pereira de Alencar nasceu no dia 11 de fevereiro de 1760 em Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Exu, sertão de Pernambuco, na Fazenda Caiçara — pertencente ao patriarca da família Alencar, o português Leonel Alencar Rego, seu avô. Adolescente, Bárbara se mudou para a então vila do Crato, no Ceará, casando-se com o comerciante português José Gonçalves do Santos.[4][5]

A heroína republicana era mãe dos também revolucionários José Martiniano Pereira de AlencarTristão Gonçalves, e avó do escritor José de Alencar.[6][7]

No contexto da Revolução Pernambucana de 1817, foi presa e torturada numa das celas da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. É considerada, portanto, a primeira prisioneira política da História do Brasil.[8][9]

Morreu depois de várias peregrinações em fuga da perseguição política em 1832 na cidade piauiense de Fronteiras, mas foi sepultada em Campos Sales, no Ceará. Seu túmulo está em processo de tombamento”.

Esse texto é dedicado a Silvadabanca, na Praça D. José Gaspar, vizinhança da Biblioteca Mário de Andrade, Centro de São Paulo. (Foi do nome dessa fazenda, Caiçara, que tirei a denominação da fazenda de Isaurinha da Caiçara. Em A Pátria Não é Ninguém).

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Mestre, vejo, imagino Vosso conhecimento ; mas com a devida vênia, insisto; em andadanças pelo Brasi sempre procuro conhecer entre váriais peculiaridades da urber, a história.
    Barbara de Alencar foi a primeira Presidente Mulher do Brasi.
    Não consutei a Wiki.
    Com a devida estima e consideração,
    Desconhecido. Iguinorante.
    Ps. Desculpe a ousadia.

    • François Silvestre diz:

      Desculpas? Agradeço sua intervenção. É verdade, só não me referi a isso por conta do não reconhecimento “oficial” dessa investidura. Assim como a República de Princesa, PB, de Zé Pereira. Bárbara não orgulha apenas sua descendência. Ela colhe orgulho de uma geração, de uma região, de uma antropologia sertaneja.

  2. Amorim diz:

    Também sou tinhoso.
    “Mas seus ideais libertários incomodavam o governo. Perseguida política enfrentou a situação corajosamente acompanhada dos filhos. Nessa luta Bárbara proclamou a República do Crato e foi assim, a presidente do Brasil. A primeira. Mas seu governo durou apenas oito dias. Presa, aliás, a primeira presa política do País, viveu três anos numa cela subterrânea em Fortaleza. Morreu no Piauí em 1832.”
    Um grande abraço com estima e consideração.
    Ps. A invasão holandesa em Pernambuco, não foram holandeses, e sim Portuqueses; conversei pessoalmente com um historiador que passou 20 em pesquisas.

  3. Amorim diz:

    Bem que meu HOROSCOPO diz hoje. Vc está apto a receber elogios.
    Me sinto muito horando.
    Na verdade há uma peleja dos cratenses para que este fato seja reconhecido oficialmente.
    Grande abraço com, estima e admiração.

  4. Q1Naide Maria Rosado de Souza diz:

    François Silvestre nos brinda com excelente crônica. Beleza que informa. Amorim apresenta a primeira presidente do Brasil, embora não reconhecida pela história. Sensacional!

  5. François Silvestre diz:

    Alguém daí de Mossoró me perguntou, por este Blog, sobre Péricles de Alencar, médico que casou com uma mossoroense e com ela constituiu família. Péricles, irmão da minha avó, está nesta foto. É o de paletó ao lado do seu irmão fardado, capitão Pedro Antunes. Péricles era médico e clinicou na região oeste. Seu irmão Pedro, capitão do Exército, que nessa foto já estava na reserva, foi quem leu na praça principal de Martins, na presença do pai, o termo de Proclamação da República. O Juiz ouviu, calado, depois renunciou à magistratura. Essa foto é de 1916, ano em que Mãe-Guilé enviuvou. Entre as crianças estão o meu tio e pai de criação Pe. Alexandrino Suassuna, Joaquim Suassuna de Alencar, avô da médica Suelene Suassuna, que é mãe das mulecas Aurélia, Fernanda e Raíssa.

  6. Honório de Medeiros diz:

    Honorio de Medeiros
    Mas isso é uma maravilha. Arroche, homem de Tupã, escreva mais acerca dos tempos e viventes passados. Então as Tâmisas, que moram no meu coração, descendem de Bárbara de Alencar? Eu bem que desconfiava. Eu, que descendo do pessoal de Agostinho Pinto de Queiroz, depois Agostinho Fernandes de Queiroz, um dos revolucionários republicanos de 1817, fico aqui batendo palmas para essa história toda. Viva Bárbara, de tanta fibra, de tão belo nome! Ô mulher!

  7. François Silvestre diz:

    Honorífico, meu irmão, num sabes quanto tem de escondido neste baú que guardo nos cafundós e nele chafurdo vez ou outra. Num sabes…

  8. Arnobio xavier diz:

    Ando ultimamente lendo algo sobre meu antepassado Agostinho Pinto de Queiroz. Muito interessante a história de Bárbara. Onde acho mais histórias maravilhosas como essa?

  9. Elizângela diz:

    Boa tarde!
    Sou filha de Luiz Pereira de Alencar. Que nasceu em em Quixadá1922. Hoje estaria com 100 anos. O pai dele era major Olímpio Pereira de Alencar. Tinha uma fazenda chamada Riacho verde no ceará . Esse nome Olímpio Pereira de Alencar tem alguma ligação com a Barbara de Alencar? Os sobrenome é o mesmo e mesma região do país.

  10. Daiane diz:

    Olá François, tudo bem? Estou fazendo minha árvore geneologica, e ao buscar dados do meu bisavô materno, me deparei com a seus antepassados, seu pai biológico era irmão do meu bisavô. Gostaria de continuar, porém não tenho o nome dos pais do meu bisavô. Obrigada!!

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