• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
domingo - 28/10/2007 - 22:17h

A biblioteca do Santa Delmira

O Conjunto Santa Delmira tem, como poucos outros bairros em Mossoró, a sua biblioteca funcionando e servindo, principalmente, aos jovens da numerosa comunidade. Instalada no Centro Comunitário, nasceu do sonho de um jovem estudante de História, hoje professor, que sentiu a necessidade de socializar o conhecimento através do empréstimo de livros que obteve em doação. 

Charles Nascimento é o nome desse benemérito de pouco mais de vinte anos, cujo gesto engrandece a comunidade que se orgulha de tê-lo entre os seus, praticando a cidadania, num esforço consciente que conquista a simpatia de todos. Por isso, fez-se admirado e respeitado por toda a cidade. 

Honro-me de ser um dos colaboradores dessa biblioteca que homenageia o poeta Antonio Francisco, seu patrono e uma das glórias da poesia que é imortal e pobre.

Um espaço não estático, integrado à vida dos habitam Santa Delmira, que vai assim servindo de exemplo aos demais bairros de Mossoró, uma cidade festeira, enriquecida pelo petróleo, que vem passando por assustadoras transformações sociais, onde a renda é pessimamente distribuída. 

Sem ser mais a cidade tranqüila que conheci quando aqui vivi, pela primeira, há onze anos, Mossoró tem hoje um alto índice de criminalidade e uma máquina administrativa emperrada, apesar as obras de fachadas, feitas, por isso mesmo, para chamar a atenção dos incautos que vivem ou passam por aqui.

Obras, ressalte-se, que não representam desenvolvimento social, e, muito menos, desenvolvimento humano. A propósito, o centro odontológico mantido pela prefeitura está com o aparelho de raio-x quebrado há vários meses e sem perspectiva de solução.

A Biblioteca Poeta Antonio Francisco é a prova cabal de que nada é impossível quando há a vontade de fazer.

Sem verbas oficiais e dependendo apenas de doações, presta um inestimável serviço a um número crescente de usuários que buscam instruir-se e melhorar o seu nível cultural através da leitura. 

Empreendedor inato, Charles Nascimento é um cidadão plenamente cônscio de suas responsabilidades. Amante da História do Rio Grande do Norte, especialmente da História do seu município, quis ser professor, por vocação e gosto, apesar das dificuldades que toda pessoa que se dedica a lecionar enfrenta, mormente num estado em que a educação é considerada uma das piores de todo o país.

Em escala negativa, estamos quase no topo, nesse segmento que se encontra, sob esse governo, em péssimas mãos. 

Que a sua ação voluntária, em favor do progresso humano dos moradores do Conjunto Santa Delmira, possa servir de exemplo para outros norte-rio-grandenses, já representa um ganho para todos e não apenas para Mossoró. Uma cidade que tem uma tradição cultural digna de aplausos, laboriosamente construída por mossoroenses da estirpe de Charles Nascimento. 

Franklin Jorge é jornalista e escritor (franklinjorge@yahoo.com.br)
 

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Categoria(s): Nair Mesquita

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