• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
quinta-feira - 20/03/2008 - 17:12h

A culpa é do mordomo

No início da semana passada, a revista "Istoé" publicou reportagem que colocou no centro de um escândalo nacional, a família Rosado. A banda comandada pelo casal deputada federal Sandra Rosado (PSB) e ex-deputado federal Laíre Rosado (PSB) chegou a ser tratada como "quadrilha".

Na equiparação, o periódico recorreu até a um poema de Carlos Drummond de Andrade.

A reportagem ganhou repercussão instantânea no estado, a partir do Blog do Carlos Santos, que a reproduziu ainda na madrugada do domingo (9). Na segunda (10) foi a vez do jornal "Folha de São Paulo" sequenciar o tema, abordando aspectos do trabalho que começa a ganhar fôlego no Congresso Nacional.

A CPI das Organizações Não-governamentais(ONGs) investiga a utilização de entidades tidas como "sem fins lucrativos", no desvio de somas bilionárias. Mossoró está no centro do trabalho. Sandra e Laíre sob suspeição. Na verdade, assunto que este Blog e o "Jornal Página Certa" aborda há tempos.

A novidade é a inclusão da deputada no rol de investigados.

Apesar das muitas evidências, investigações e até processos em andamento envolvendo sobretudo o ex-deputado federal Laíre Rosado, Fundação Vingt Rosado e Associação de Proteção e Apoio à Maternidade e à Infância (APAMIM), a deputada e seu marido não fizeram desmentido enérgico. A Istoé apontou que emendas ao Orçamento Geral da União (OGU), colocadas por Laíre e mais recentemente Sandra, estariam servindo de base a supostos desvios de recursos. 

Laíre e Sandra insistem no uso de jogo de palavras, na construção do protótipo de vítimas e outros escapismos menos dignificantes. Em momento algum aceitam debater diretamente o núcleo das denúncias formais e acusações. Poderiam convocar uma entrevista coletiva, por exemplo.

APAMIM

Apesar de controlar as duas entidades sob investigação, Sandra respondeu na mesma reportagem da IstoÉ, que não poderia se pronunciar pela Apamim e a Vingt Rosado. "Eu não falo sobre eventuais problemas, que têm de ser respondidos pelas direções, embora eu tenha total confiança na honestidade das duas instituições", afirmou.

Qualquer pessoa razoavelmente bem-informada sobre a vida mossoroense contemporânea, sabe que a fundação e a Apamim são controladas pela deputada e seu ex-marido. Eles costumam aparecer como tal, sempre no bem-bom, quando o noticiário mostra alguma "benemerência" de ambas.

Mesmo tendo à mão um jornal (O mossoroense), uma rádio (FM 93) e uma TV aberta (TV Mossoró), em momento algum os dois resolveram utilizá-los à defesa pública. Ficaram restritos a atitudes protocolares.

Sandra fez um pronunciamento na tribuna da Câmara Federal, dizendo-se vítima de perseguição e maledicência da mídia. O passo seguinte da deputada foi mandar uma resposta à revista, mas não a reproduziu em suas empresas de comunicação, como seria normal. A velha "usina de boatos" tratou de manufaturar a versão inverossímil de que a reportagem seria "paga" por adversários. E o conteúdo?

Quem chegou mais próximo de conseguir um depoimento da deputada, também não prosperou no intento. Radicado em Brasília, o jornalista Luís Fausto, mossoroense ligado ao portal de notícias "Nominuto.com," resumiu a blindagem. "Tentar, eu tentei. Uma, duas, três, quatro vezes", relatou Luís em seu blog.

– Está cheia de compromissos – descartou a jornalista Katiana Azevedo, como disse Luís Fausto, se referindo à assessora direta da deputada. Ou seja, ela não iria conceder a entrevista.

NADA

Laíre Rosado, âncora assiduo do programa "Observador político", apresentado e veiculado simultaneamente pela "TV Mossoró" e "FM 93", sequer apareceu na segunda (10) no estúdio. Na coluna diária que assina no jornal "O mossoroense", na página 2, não mexeu no assunto. Nada, nadica de nada.

O que talvez torne o caso ainda mais embaraçoso para o casal, é o uso do complexo de transferência de culpa. A responsabilidade vai sendo jogada para trás, ou para baixo, nos escalões inferiores do seu grupo. Diretores e outros responsáveis plantados por ambos na Fundação Vingt Rosado e Apamim pagam o "pato".

Há poucos meses, em 2007, Laíre armou-se desse expediente quando foi procurado pelo "Jornal de Fato", para responder sobre a falta de uma UTI Neonatal na Apamim. Esquivou-se. Assinalou que seu subordinado, Fábio Ricarte, diretor da Casa de Saúde Dix-sept Rosado, uma espécie de lugar-tenente do grupo no hospital, é quem falaria. Ele não tinha como se imiscuir na problemática.

Interessante, é que há poucas semanas o mesmo Laíre Rosado apareceu na TV Mossoró, sob uma bata branca, em meio ao local que seria a UTI Neonatal, com voz triunfante, sorriso de orelha a orelha, dando detalhes sobre o equipamento. Era o próprio porta-voz do empreendimento. Hora do bem-bom.

Quando denúncias recaem sobre a Fundação Vingt Rosado, há outra transfusão de ônus. Cabe ao seu presidente, o comerciante Francisco Andrade, ex-genro de Sandra e Laíre, se pronunciar. Pega o peso-pesado de infinitas acusações.Porém se o vento sopra a favor, Sandra e Laíre aparecem na proa dos resultados. Indo mal, não assumem seu papel.

Os dois lembram os mestres do suspense como Agatha Christie e Alfred Hitchcok. Vira e mexe, a culpa é do mordomo. Sempre ele.

Hoje em dia, de tão surrada essa dedução, ninguém acredita mais que esse personagem secundário seja o perigo oculto. A suspeição recai sobre os patrões.

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Comentários

  1. alvaro neto diz:

    SÃO UNS BANDIDOS TRAVESTIDOS DE POLITICOS.

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