• Cachaça San Valle - Topo - Nilton Baresi
segunda-feira - 24/03/2008 - 13:11h

A derrota do bom senso

Despejaram em minhas caixas-postais, um anexo contendo troca de ofensas entre o filho do empresário Diran Amaral (falecido), Igor Rosado, e o escritor Marcos Ferreira. O primeiro entica o segundo, que cai na provocação ordinária.

Confesso que não li tudo. Nem podia.

Apesar de muitos pensarem que o são, não encontro ninguém com poderes para reivindicar a faculdade de tanger qualquer indivíduo, para fora dos limites de Mossoró. Mesmo desafetos pessoais ou familiares.

Há tempos que não via um debate tão inócuo e chinfrim, quando podia esperar algo mais asséptico e relevante de ambos, sobretudo do Marcos, que conheço mais de perto. Tem enormes valores, além de vários defeitos. É meu amigo assim, enquanto quiser. Até porque não possuo ex-amigos.

Com o Igor não tenho convivência. Vale-me em especial, pelo respeito que tenho ao pai. Carente de lideranças, Mossoró sente sua falta.

Só me reporto a essa pinimba, porque tive o nome citado respeitosamente por ambos. O que agradeço.

Como não é do meu feitio ficar calado, sobretudo diante de tamanho besteirol estéril, meto a colher. Sem profundidade, para também não contribuir mais ainda à propagação dessa catinga – regada à intolerância bilateral.

A discussão é própria de lavandeiras do beiço do rio e de meninas do serralho da beira do cais, com todo o respeito às trabalhadoras desses ambientes. Elas costumam ser mais equilibradas e dignas na exposição de suas diferenças.

Nauseante, baixo e ridículo tamanho desperdício de neurônios, tão raros à cidade. Mossoró espera mais dos senhores. De nós, ditos homens livres. Isso é chulo.

Numa terra onde imperam o senso comum e o consenso, inventaram "democracia sem disputa" e "capitalismo sem concorrência", até seria meritório o debate, desde que alicerçado em algo relevante e um pingo de respeito a outrem. Nesse episódio, há uma dialética pejorativa e sem vencedores.

Os duelistas estão derrotados pela cumplicidade da cólera com a burrice. Parecem combinados. Despencam abraçados.

Mossoró está submersa na desinteligência epidérmica, no servilimo torpe, na omissão coletiva e nesse tipo de bate-boca periférico. Com tantos temas para discutirmos e ajudarmos na construção de um coletivo crítico, não podemos nos prender a essa bizarrice.

Por isso é que insisto em minha tese: o único lugar onde há disputa honesta em solo mossoroense, é no Nogueirão. Nunca vi Potiguar e Baraúnas em arranjados ou simulações promíscuas.

De minha parte, todo e qualquer lengalenga desse porte, terá o destino que já dei aos e-mails sobre esse caso que exponho e outros tantos: o lixo. Não vou incentivar nem escolher lado, em qualquer discussão que reivente a catilinária do jornalista Canindé Queiroz, em sua fase final de produção. Chega.

Como se diz por aí: "Tô fora!"

Quem levanta a voz está errado. Quem baixa o nível desce com ele.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Janio Rego diz:

    carlos, também recebi essa pinimba duplamente ridícula mas preocupante; e como medida preventiva, visto ser há muitos anos cidadão potibaiano e ter algumas opiniões pouco elevadas acerca de Mossoró, peço-lhe que interfira junto aos dois donos da Cidade para que mantenham o meu passaporte mossoroense liberado (já que ainda não proclamamos a República Independente do Patamar da São Vicente…!) permitindo que eu continue a fazer minhas frequentes visitas a esta terra onde dei os primeiros passos e vi as primeiras mazelas e belezas desta Vida.
    com admiração,

  2. Igor Rosado diz:

    Caros Carlos e Janio Rego,

    Concordo em gênero, número e grau com vocês dois. Pagaria uma boa prenda para ter evitado isso. Confesso que o meu desabafo, através de e-mail destinado exclusivamente ao Marcos Ferreira, sem ninguém copiado, porque se tratava realmente de um desabafo, está saindo caro demais para mim. Em setembro me foi passada a informação de que a revista Papangu ia parar de circular. A informação me foi passada por um terceiro e não pelos diretores da revista. Fui procurar o Tulio Ratto para conversar sobre isso e me engajar no projeto para que ela não saísse de circulação. Não impus condição. Marcos Ferreira continuou mais dois meses na revista, até atrasar o material que deveria ter sido revisado e não foi, não me pergunte o porquê. A Papangu para mim é uma prazerosa atividade. Costumo brincar com os meus amigos “vaqueiros” que dizem que se “o esporte deles é vaquejada”, o meu é a Papangu. Já que tanto a vaquejada quanto a Papangu só trazem despesa para quem as pratica. Sou fã desde que a vi pela primeira vez. O Marcos Ferreira seguidamente tentou prejudicar a revista desde o dia em que eu entrei. Sem que eu tivesse tomado nenhuma medida contra ele. Quando li o artigo do Nei Leandro de Castro, fiquei chateado. Se houvesse no artigo o recurso de deixar o comentário, como há no blog, talvez eu tivesse feito. Mandar o e-mail foi uma provocação gratuita, mas também um grito. Pisaram no meu pé. A associação a Manaus, evidentemente, foi um recurso de retórica, me referindo ao fato de ele ser um premiado escritor por lá. Não tenho e nunca tive o perfil de herdeiro de oligarquia. Carlos, até me estranha essa figura que você faz de mim. No pouco contato que tivemos, você, astuto observador, já deve ter percebido que essa não é a minha veia. Acredite em mim quando digo. Não tenho rei na barriga. Sou profissional liberal, trabalho exclusivamente na iniciativa privada e tenho profundo respeito pelo espaço coletivo. Mas sou humano. A publicação deste fato foi feita pelo Marcos Ferreira. Como sou pouco conhecido, estou começando minhas atividades por aqui, não vou querer deixar que façam o juízo que Marcos Ferreira quiser que façam de mim. Desculpem, mas não vou mesmo. Caro Janio, se depender de mim, Mossoró está de braços abertos para você entrar e sair. E se quiser ficar, conte comigo para o que precisar, na área de Publicidade. Sou publicitário ou marqueteiro, como prefere o Marcos Ferreira. São conceitos diferentes, mas no pega pra capá, vem a dar no mesmo. Grande Abraço e obrigado.

  3. Francisco Rodriguies da Costa diz:

    Caríssimo Carlos Santos – “Menino dos Suspensórios”.
    Não seriam outras minhas palavras se eu as soubesse dizê-las.
    Parabens pela “Bandeira Branca” que, bem alta, você hasteou.

  4. Honório de Medeiros diz:

    Carlos,

    Embora ache que Marcos poderia ter sido mais elegante, e em o sendo, mais contundente, entendo sua resposta escrita com as vísceras. E lamento profundamente que a mediocridade na qual Mossoró está mergulhada tenha encostado, em um canto do ringue no qual se luta pela sobrevivência, alguém que, em outra situação, já teria ganho o País com seu talento. Entendam bem: a luta de Marcos Ferreira é para sobreviver. Literalmente. Ele, a esposa e suas duas filhas…

  5. Íris Maia diz:

    Título : A derrota do bom senso
    Comentário : Olá Carlos Santos. Achei este texto maravilhoso (mandei em anexo para seu e-mail) e vi algo parecido com você. Hoje ao ler seu blog, especialmente o artigo que você comenta de forma brilhante a troca de insulto entre Marcos Ferreira e Igor Amaral, sem envolvimento, mostrou seu profissionalismo. Conheço Marcos de muito tempo, é um grande escritor, possuidor de uma inteligência super e sinto muito pela sua forma de canalizar energias para algo que não leva a nada. Creio eu, não li detalhes. Igor não o conheço. Mas, creio que falta em Marcos o que percebo em você: é sentir-se feliz com a profissão, desta forma muitos fatos pequenos nem o atinge, não há nem tempo para percebê-los. Um abraço. Iris Maia.

  6. Mário Gerson diz:

    Vou fazer um comentário, mas poderia ficar na minha. Lá vai: diz o livro de Provérbios, na Bíblia protestante deste judeu, que a palavra branda desvia o furor, mas a dita fora de tempo suscita a ira.
    Cordialmente,
    Mário.

  7. Carlos Magno diz:

    Assim como Mossoró sente a falta de Diran Amaral, certamente deve sentir também o mesmo pelos empresários Porcino Costa e Charcenai. Ouvi falar que eram 3 homens de um coração de ouro. Super humanos. Ouvindo “Gengis Khan” (The Fevers) encerro o meu comentário.

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