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domingo - 21/02/2010 - 01:21h

Brasil e Banda Larga: Gargalo no Crescimento

O Brasil, em dez anos, será a quinta economia do mundo (Guido Mantega, O Estado de S. Paulo de 11.09.09, p. B7).

Será? Não há dúvida que a crise mundial conferiu ao Brasil um destaque incrível, em termos mundiais. O Brasil foi um dos poucos países (ao lado da China e da Índia) que saíram rapidamente da turbulência financeira.

Mostrou alguns fundamentos (economia interna forte, estabilidade bancária etc.) que não estavam presentes nem sequer nos Estados Unidos (ou na Europa). Se o Brasil crescer entre 5 e 6% por ano, nos próximos dez anos, sim, poderá ser uma das cinco economias mais prósperas do planeta.

Do que necessitamos para crescer 6% ao ano? Desde logo, infraestrutura e educação. Ambos os itens têm tudo a ver com a expansão e qualidade dos serviços de banda larga, que não é boa.

O Brasil está entre os piores países do mundo no item qualidade da internet banda larga (ou seja, internet rápida). O mundo está globalizado, logo, a quantidade de vídeos e textos lançados diariamente na internet é exorbitante. Mas o que adianta todas as informações estarem disponíveis se não conseguimos ter acesso a elas?

A web permite todas as conexões necessárias entre os múltiplos textos disponíveis na internet. Mas para ter acesso a tudo dependemos da banda larga (e bem larga, diga-se de passagem).

Um estudo recentemente divulgado (com 42 países) demonstrou que a internet brasileira ocupa posição risível. Só apresenta vantagem em relação a quatro países (dos pesquisados): Chipre, México, Índia e China. A pesquisa foi encomendada pela empresa Cisco e realizada pelas Universidades de Oxford (Reina Unido) e Oviedo (Espanha).

A internet no Brasil, de um modo geral, ainda se apresenta como totalmente inadequada para se ter acesso a vídeos ou mesmo baixar (donwloading) pequenos arquivos. Em outras palavras: ainda é um inferno navegar pelas nuvens da internet no Brasil.

A pesquisa mencionada, de acordo com o site tudoagora.com.br, "levou em conta a velocidade do acesso, os atrasos na rede e a perda de dados e, a partir desses dados, deu uma nota para o serviço de banda larga de cada país. "Nós estamos olhando para a qualidade, não para a penetração", afirmou, em nota, Fernando Gil de Bernabé, diretor da Cisco.

O estudo afirma, consoante o site citado, que a velocidade mínima adequada para baixar arquivos na internet é de 3,75 Mbps (megabits por segundo). No Brasil, pesquisa da própria Cisco considera banda larga a internet com velocidade de 128 kbps (muito inferior ao desejado).

O levantamento mais recente da empresa diz que existiam 10 milhões de conexões de alta velocidade no Brasil no final de junho de 2009, 48,3% mais que no mesmo período do ano anterior. O ideal será, dentro de até cinco anos, uma velocidade de download ainda maior, de pelo menos 11,25 Mbps, para que o usuário consiga ter boa qualidade ao assistir a vídeos de alta definição, por exemplo.

A matéria conclui: "As velocidades médias de download são adequadas [em 23 países] para navegar pela rede, trocar e-mails e para baixar e fazer "streaming" [transmissão direta pela internet] de vídeos básicos, mas estamos vendo cada vez mais aplicativos interativos, mais conteúdo gerado pelos usuários sendo colocado na rede e compartilhado, e uma quantidade crescente de serviços de vídeos de alta qualidade tornada disponível", afirmou Alastair Nicholson, pesquisador de Oxford.

Pela pesquisa citada somente o Japão – que tem o melhor serviço no momento – já tem uma internet com qualidade suficiente para atender as necessidades dos usuários daqui a cinco anos. Depois da internet japonesa, os melhores serviços são oferecidos por Suécia, Holanda e Estônia. Outro país báltico, a Lituânia, aparece na sétima colocação no levantamento.

Em meados de outubro de 2009 a Finlândia transformou o acesso à banda larga em direito do cidadão (VEJA de 21.10.09, p. 110). O significado dessa iniciativa legislativa é mais ou menos o seguinte: já não existe vida sem internet. Exageros à parte, estamos caminhando para isso.

A economia e a educação, sem internet, não experimentarão grandes progressos. Os direitos fundamentais do indivíduo costumam ser classificados como de primeira geração (direitos e liberdades civis básicas), de segunda geração (direitos sociais) e de terceira geração (direitos difusos, coletivos etc.).

O direito à banda larga, muito provavelmente, será inscrito na quarta geração (direitos inerentes ao mundo globalizado e informatizado). Um direito atrelado ao desenvolvimento econômico assim como è educação.

A banda larga tem tudo a ver com o PIB de cada país assim como com a evolução do conhecimento individual. Duas iniciativas no sentido de difundir a banda larga no Brasil já  foram tomadas (uma pelo governo do Estado de São Paulo e outra pelo governo federal).

Ambas são louváveis mas, convenhamos, estarão muito aquém do necessário. Os experts falam na necessidade 3,75 Mbps (megabits por segundo), para se ter uma internet rápida com qualidade. No Brasil estamos falando de 128 kbps ou mesmo 256 kbps.

O programa de São Paulo sinaliza com uma internet de 200 kbps a 1 Mbps. Na Finlândia, a partir de julho de 2010, todo cidadão tem direito a 1 Mbps. Em 2015 serão 100 Mbps (para cada cidadão).

Luiz Flávio Gomes é doutor em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri; Mestre em Direito Penal pela USP e Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). * Texto publicado na Editora Magister.

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Categoria(s): Fred Mercury

Comentários

  1. Abrahao Valencio diz:

    E o que é pior, além do Brasil ter uma das piores velocidades de acessos do mundo, nós aqui do RN nem se fala, veja, a nossa maior velocidade de conexão a internet domestica é através da velox, que diz ser de 1Mb mas na verdade quando se vai medir a sua velocidade nominal não chega a 700k, uma verdadeira enrrolação aos seus usuários, e em relação ao preço, ai é que a disparidade é grande, exemplo, entre no site da oi, selecione o estado de SP e olhe quanto eles pagam pela conexão de 1Mb depois veja o preço do RN, um verdadeiro absurdo, eu que sou usuário da “vivo 3G”( outra Mer…), não vou nem comentar.

  2. Paiva diz:

    Carlos, estou no Chile (Santiago). Precisa ver a rapidez da internet.Rapidissima que ate estranhamos.As palavras vao sem acentos, ja que o teclado em espanhol nao os tem.
    um abraco a todos do cafezal.

  3. JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA diz:

    Sinceramente, vejo como exagerada essa avaliação do tal especialista. Fossem verdadeiras as suas afirmações, a China não estaria se tornando em poucos meses a 2ª Economia do planeta, desbancando o Japão que há décadas reinava neste posto.
    No País de MAO, a internet além de não ser nenhuma excelência em termos de qualidade, enfrenta ainda, uma brutal censura – característica mais marcante -, daquela Ditadura Asiática.
    Evidentemente, a INTERNET no Brasil tem deficiências bastantes acentuadas; entretanto, pesa muito mais em relação ao nosso DESENVOLVIMENTO, outros “gargalos” como a precária infraestrutura: – estradas, portos, aeroportos, suprimento energético; além do mais gritante de todos os entraves: – A falta de uma EDUCAÇÃO DE EXCELENTE QUALIDADE. Lamentavelmente, esse déficit educacional não se resolverá em uma ou duas GERAÇÕES.
    A não ser que os Governantes copiem o invejável exemplo da FINLÂNDIA, que até meados da década de 1960, tinha como principal fonte de divisas a exportação de MADEIRA, posto que, 55% das suas exportações vinham da industria florestal. Além disso, o País só tinha a oferecer sua mão de-obra barata e de baixíssima qualificação; acarretando uma migração em massa para os ricos Países nórdicos, sendo o principal, a rica e desenvolvida SUÉCIA.
    Só com um excepcional investimento na EDUCAÇÃO, foi implantada uma reforma educacional em que a qualificação dos professores, foi entregue às UNIVERSIDADES, com duração de 05 anos.
    Com a Educação de qualidade, prosperou a mão-de-obra qualificada, sendo fundamental para a Economia FINLANDESA. Nesse novo contexto a ELETRÔNICA substituiu a madeira e o PAPEL, como principais produtos de exportação.
    Aquele País hoje lidera o ranking do PISA – a mais abrangente avaliação internacional de Educação efetuada pela ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO – OCDE.
    Em 2006, foi aplicado o último teste com 400.000 alunos de 57 Países. O Brasil infelizmente, disputa as últimas colocações com com TUNÍSIA E INDONÉSIA. Tem mais: o segredo do ótima nível educacional lá existente, não é proveniente da parafenália tecnológica, mas nas duas bases fundamentais de um sistema Educacional.
    A primeira é um currículo amplo, com o ensino de música, arte e pelo menos duas Línguas estrangeiras; A segunda como já foi afirmado, é a formação dos professores, em que o Título de Mestrado, é exigido até dos EDUCADORES do Ensino Básico. Eis portanto, um exemplo a seguir, o resto é iludir-se com situações simplistas e simplórias.
    Obs: A essência desse ponto de vista, foi extraída da Revista VEJA de 20/02/2008. (FAVARO, Thomaz).

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