Por Honório de Medeiros
O coronelismo e o cangaço, assim como o fanatismo (misticismo) tão caracterÃsticos de certo perÃodo histórico do Sertão nordestino brasileiro, são manifestações do fenômeno do Poder, de como ele é obtido, se instaura e é mantido em qualquer circunstância.
A forma como o Poder se instaura diz respeito a fatores circunstanciais, mas o conteúdo permanece o mesmo desde que o Homem surgiu na face da terra.
Exemplos que comprovam essa afirmação são quaisquer processos polÃticos que aconteceram ao longo da história, tais quais os descritos em farta literatura acerca de Atenas, Roma, a Inglaterra vitoriana, ou qualquer outro que seja. A forma se modifica ao longo do tempo em decorrência do avanço tecnológico, por exemplo.
Se antes o Homem combatia com arcos e flechas, hoje usa mÃsseis teleguiados.
Assim, o coronelismo, o cangaço e o fanatismo são “cases” do fenômeno do Poder próprios de uma determinada circunstância histórica. São semelhantes, em sua estrutura, ao feudalismo europeu e japonês.
As narrativas acerca do coronelismo, cangaço, e fanatismo devem ser estudadas levando-se em consideração o fator de “ocultamento” que é próprio da lógica de atuação dos que detêm o Poder. Nesse sentido, escrever, omitir, manipular, direcionar os textos, tudo isso e mais, cumprem o papel de impor a lógica dos que podem impor sua percepção das coisas e dos fenômenos.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, é difusa, porém persistente, a concepção de que os coronéis da polÃtica eram homens afastados da lide com o cangaço, bem como é persistente a concepção de que o cangaço, excetuando a invasão de Mossoró por Lampião, pouca relevância teve no Rio Grande do Norte.
São “esquecidos” José Brilhante, o Cabé; JesuÃno Brilhante; a invasão de Apodi por Massilon; a invasão de Mossoró por Lampião e Massilon; e a morte de Chico Pereira.
Não se estuda, como deveria ser estudado, a invasão de Apodi por Massilon e sua relação com a invasão de Mossoró por Lampião pouco mais de um mês depois. Bem como não se estuda a participação do coronelato da ParaÃba, Ceará e Rio Grande do Norte no evento.
E perdemos todos pois, na verdade, em essência, o que se deve estudar quando analisamos fatos históricos como esses, é o fenômeno do Poder, tão onipresente quanto a existência do Homem na face da terra.
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Governo do RN
Domingo com o pensamento do amigo e colega Honório. Existe um manancial de fatos superpostos no tempo no contezto do cangaço e do coronelismo na região Oeste potiguar. Com efeito, renderão muitos capÃtulos com a rubrica do ineditismo e do espanto.
Ratificando postagem anterior: Onde se lê Domingo leia-se COMUNGO. ..